CAPÍTULO5

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O ACORDO

Deixo que meus olhos se fechem enquanto Eric me carrega para onde quer que fosse, deixo que a inconsciência me envolva e adormeço.

Não sei ao certo quanto tempo se passa, quando abro meus olhos me deparo com um dossel, as cortinas transparentes caem como cascatas da estrutura da cama, me viro para o lado e percebo o colchão macio debaixo de mim. Vejo a porta do banheiro aberta, Eric surge através dela com um saco plástico preto em suas mãos.

Ele não diz uma só palavra enquanto vem em minha direção, suas mãos envolvem meus braços delicadamente e me ajudam a me sentar. Ainda estou com as mesmas roupas, a terra seca que está em meu vestido mancha o lençol branco. Não ofereço resistência alguma quando Eric passa seus braços ao meu redor e me pega no colo, minha cabeça pulsa com a mudança de altitude, gemo involuntariamente. Ele me leva para o banheiro e me põe de pé.

Sinto frio quando meus pés descalços tocam o chão, ele me vira de costas e desce o que sobrou das alças meu vestido, a peça desliza por meus ombros e escorrega por meu corpo e forma uma pequena poça ao redor de meus pés. Saio de dentro do vestido e observo enquanto Eric tira minhas roupas íntimas.

Abraço meu corpo por vergonha.

Sinto quando Eric se afasta de mim e ouço quando a água começa a cair na banheira, o ambiente é enevoado de vapor e o ar é carregado com um aroma que eu nunca havia sentido antes.

—Vem até aqui — ele comanda.

Começo a me mover devagar, como se minhas pernas ainda estivessem aprendendo a sustentar meu peso, me viro fazendo o meu melhor para me esconder dos olhos do homem a minha frente. Foco meu olhar em Eric pela primeira vez, seu rosto indecifrável como uma máscara. Ele segura minha mão e me ajuda a entrar na banheira, a água quente me envolve fazendo meus músculos tensos relaxarem. Respiro fundo. Engulo seco me lembrando o quanto preciso de um copo de água.

—Sinto muito pelo o que houve com você — Eric se pronuncia, observo pelo canto de meus olhos enquanto ele se move dentro do grande banheiro em busca de algo, mantenho meu olhar na espuma, a água ganha tons leves de marrom pela terra que está colada ao meu corpo.

Eric se abaixa ao lado da banheira e arregaça as mangas de sua blusa branca.

—Por ter passado por todas essas coisas — continua, ele afunda a esponja que está em sua mão na banheira e a puxa de volta, a aperta se livrando do excesso de água e a aproxima de meu rosto.

A aproximação me assusta, me movo rapidamente dentro da banheira, a água treme e ondula ao meu redor. Eric segura meu braço e me puxa de volta para minha posição inicial, meu coração gela pelo medo.

—Não vou te machucar — me tranquiliza —Só estou tentando me redimir.

A esponja é delicadamente passada por minha bochecha machucada, ele desliza a esponja por meu pescoço e ombro repetidas vezes. Me viro quando ele pede e deixo que faça o mesmo do outro lado de meu corpo. Quando termina, Eric se levanta e sai do banheiro, meu corpo tenso se alivia por alguns segundos. Sei que não devo confiar nele, mas neste momento não me restam outras alternativas.

Quando retorna ao banheiro, Eric traz consigo um copo, eu salivaria se fosse possível, a água esbranquiçada me enche os olhos e quero tanto prova-lá que minha garganta dói.

STOCOLMOOnde histórias criam vida. Descubra agora