Capítulo 28

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|| CHILLS ||

Eric havia me dito que estava tudo bem, mas eu podia sentir a tensão entre nós. Mesmo quando falei que queria conversar, um silêncio desconfortável se instalou entre nós durante todo o caminho de volta para casa. E sim, eu ainda queria a conversa... eu preciso da conversa, mas sei que talvez não seja uma boa ideia julgando pelas expressões frias e maxilar travado de meu futuro marido.

Nós voltamos para casa, Libbie estava nos esperando e depois de discutir sobre o que seria o jantar acabamos pedindo pizza. Enquanto comíamos eu pude fingir que estava tudo bem, Eric foi gentil e manteve um bate-papo animado com Libbie do qual eu não fiz parte. A ansiedade que estava em meu estômago não me permitiu ter fome e eu resolvi me levantar para ficar no quarto. O apartamento já não parece um lugar vazio e impessoal, todas as peças de mobília haviam chegado e sido instaladas, agora tínhamos tv a cabo e internet. E o lugar já parecia habitável, a não ser pelo cheiro de novo e a pilha de caixas de papelão, plástico bolha e isopor que havia no canto da sala.

Eu tiro as minhas roupas sentindo o peso do estresse, tento me preparar mentalmente para o que quer que fosse acontecer nas próximas horas.

Tento me convencer de que vai ficar tudo bem, afinal, não conseguia tirar da minha mente a voz de Eric dizendo que estava preocupado comigo. Nem ao menos tento controlar a deliciosa onda de ilusão fantasiosa que me envolve, apenas entro para o chuveiro deixando que o vapor da água quente relaxe meus músculos enquanto eu fecho meus olhos me visualizando em uma praia de areia branca com os braços de Eric ao meu redor. Sou o tipo de pessoa que Jenna odiava, as pessoas que esperaram pelo melhor.

Abro meus olhos de súbito, me lembrando de Jenna. Mordo meu lábio quando sinto um misto de curiosidade e preocupação me alcançarem, já não era a primeira vez que ela estava em meus pensamentos nos últimos dias. Me sinto idiota por ainda estar preocupada com ela, mas um pequeno desconforto dentro de mim insistia em me dizer que ela ainda era minha irmã, não importa o que aconteceu ou que vai acontecer, ela sempre será minha irmã. Reviro os olhos, voltando a me sentir tensa. Respiro fundo, puxando o máximo de ar que consigo e mantendo-o em meus pulmões pelo tempo que consigo antes de expirar.

— Você está bem? — a voz de Eric enche o banheiro e me faz pular de susto. O vapor que se espalha dentro do box não me deixou ver quando ele entrou.

— O que? — mal consigo dizer por causa da surpresa, coloco a mão entre meus seios para sentir meu coração acelerado.

Alguns segundos de silêncio se passam e a sensação da água quente é meu único conforto.

— Você quase não comeu, ficou em silêncio durante todo o caminho e também durante o jantar... o que é no mínimo alarmante — sua voz carregada de sarcasmo me faz morder meus lábios.

Fecho o registro o que faz a água parar de fluir, ainda há muito vapor e os vidros que nos separam estão embaçados. Agora sem o som do chuveiro, respiro fundo tentando sem sucesso controlar meu tom de voz.

— O que quer dizer com "alarmante"? — questiono atrevida, o instigando.

— O que eu quero dizer é que você não consegue ficar de boca fechada nem quando tenta — ele responde um segundo depois, me fazendo sentir uma pequena pontada de indignação.

Quer dizer que ele acha que eu falo de mais? Que absurdo.

— Não é como se você fosse a pessoa mais receptiva do mundo não é? Ou você estava tagarelando e eu perdi essa parte? — provoco, e posso ouvir quando ele ri.

STOCOLMOOnde histórias criam vida. Descubra agora