CAPÍTULO8

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PAUSA PARA O JANTAR

Quando voltamos ao carro, tiro meus sapatos assim que assumo meu assento, massageio meu calcanhar e as solas de meus pés.

—Você pode me dizer mais uma vez o motivo de eu estar usando saltos? — questiono.

—Mais uma vez? Eu ainda não disse nenhuma vez — Miranda rebate sorridente enquanto da a partida.

O veículo entra em movimento, Miranda permanece em silêncio por alguns minutos, ela se concentra em sair da vaga apertada em que havia estacionado mais cedo, em seguida segue pela rua principal. Observo quando ela relaxa sua postura e olha no espelho retrovisor enquanto checa seu cabelo.

—Gosta de música? — ela me pergunta.

Miranda se inclina em direção ao sistema de som do carro e o liga, ela diminui levemente a velocidade enquanto pega seu celular e o conecta.

A melodia pesada enche o ambiente e rapidamente sou preenchida por uma sensação familiar. Miranda balança sua cabeça de um lado para o outro acompanhando o ritmo e começa a cantar a música.

Solto uma risada, uma genuína. Observo ela se soltar e vai acompanhar o clima épico da canção, Miranda parece jovem e despreocupada, seu rosto não é mais uma máscara fria e sem emoção, suas bochechas ficam rosadas a medida em que ela faz o seu melhor para dançar, cantar e dirigir.

Começo a cantar junto, a acompanho tamborilando os dedos de ambas as minhas mãos no painel, ela me lança um olhar surpreso quando percebe que conheço a música, o choque passa dando lugar a uma sonora gargalhada quando me mexo imitando seus movimentos de dança. Ela aumenta o som.

—Não pode ser, meu Deus — digo entre risadas quando Miranda se empolga com o ápice da música.

—O que? Qual o problema? — ela questiona fingindo estar ofendida.

—The Killers? Sério? — rebato sua pergunta. Miranda da de ombros. A música chega ao fim.

—Eu que deveria estar em choque — ela afirma levando uma de suas mãos até seus cabelos na intenção de endireitar os fios —Quer dizer, alguém como você conhecer música boa? Wow — completa revirando seus olhos.

Torço meu nariz para ela, Miranda lança seu celular em meu colo.

—Já que você conhece a melhor banda do século, pode escolher a próxima — ela fala sem desviar seus olhos da estrada.

Começo a passear por sua playlist e me surpreendo com todas as bandas de rock alternativo que haviam ali. Escolho e coloco a próxima música, Miranda volta a cantar imediatamente. Bem aqui e agora é quase como se nós fossemos amigas. Os sorrisos e gargalhadas, a dança e a música.

Eu nunca havia tido uma amiga com que pudesse me distrair e me divertir, com a vida que eu levava era impossível.

A única pessoa próxima a mim era Elizabeth mas eu nunca tinha tempo, nossa amizade havia sobrevivido ao teste do tempo pelo simples fato de nos amarmos, queríamos o melhor uma para outra e havíamos crescidos juntas. Penso em como eu gostaria que tivéssemos momentos assim, em como eu gostaria que fosse assim.

—Ok, é sua vez — digo quando a música que eu escolhi acaba.

—Me surpreenda — ela fala enquanto desvia seu olhar da estrada por um segundo e olha pra mim, recusando a tarefa.

A encaro e aceito o desafio, abro a aba de pesquisas e encontro uma música que não havia em sua playlist. O rap começa, Miranda olha em minha direção com os olhos arregalados e começa a mover sua cabeça ao ritmo da batida.

STOCOLMOOnde histórias criam vida. Descubra agora