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Dias Atuais
Caribe

Os meus olhos pareciam pesados demais para serem abertos. Diferente da minha boca, que estava sendo usada para sugar o ar que iam para os pulmões. Os gemidos de Harry no pé do meu ouvido enquanto ele ainda estava dentro de mim.

A sensação de prazer logo chegou e eu fiquei encarando o teto por algum tempo.

– Eu já disse que estou amando essa viagem? –Harry disse enquanto eu abraçava ele.

–Queria ficar aqui por um mês, talvez um ano. –sussurrei tão baixo que apenas nós pudéssemos ouvir mesmo que estivéssemos sozinhos naquele quarto.

–Eu vou fazer um chá e já volto okay? –falou e eu assenti deixando um beijo rápido em seus lábios ainda vermelhos.

Sabe aqueles momentos no meio da noite que você se pega olhando para o teto do quarto ou para a janela e seus pensamentos estão longe. Você se pergunta se está feliz e faz planejamentos para a semana seguinte. Pensa no que aconteceu no dia anterior. Às vezes bate aquele saudade de alguém que esta longe e você simplesmente quer ter essa pessoa por perto.

Eu estava passando por esse momento. Enquanto Harry buscava o chá, eu estava deitando com a cabeça apoiada em minhas mãos olhando para a noite estrelada do lado de fora. Peguei o telefone e disquei o número da minha melhor amiga.

- Alô?

– Oi mãe. –falei baixinho.

– Querido, por que você está ligando tão tarde? Aconteceu alguma coisa? –ela disse e eu sorri.

– Não, só queria ouvir sua voz. – falei e ela suspirou do outro lado da linha, se acalmando. - Faz tempo que eu não ligo, como vão as crianças?

– Você me assustou. Estão todas bem, graças à Deus. – Jay bocejou.

– Desculpa. – falei me ligando que eram 3 da manhã lá. – Só queria agradecer por tudo que você fez por mim, por todo o amor que me deu minha vida toda e eu não estaria aqui se não fosse por você. Você é a minha maior inspiração, mamãe. E eu te amo mais do que qualquer coisa.

A mulher ficou quieta por alguns segundos e eu podia jurar que ouvi ela fungando.

– Lou, amor, eu também amo você. Eu sinto tanto orgulho de você, meu filho. Nunca se esqueça disso.

Nesse momento, Harry abriu a porta com uma bandeja e duas xícaras em cima.

– Bom, mãe, eu preciso ir agora. -falei trocando o celular de orelha. – Falo com você depois, até logo.

– Aconteceu alguma coisa? – Harry perguntou preocupado e eu neguei com a cabeça. – Cuidado que está quente.

Estamos no início de dezembro então estava frio. Coloquei um suéter azul bebê e uma calça de moletom enquanto Harry usava seus casacos de pele. Nós já estávamos planejando como faríamos para juntar as duas famílias para passar o natal juntos mas que o ano novo seria apenas nós e os meninos.

– Falando nisso. – Harry me interrompeu – Seu aniversário está chegando também.

Nem dava para acreditar que um ano inteiro havia passado e cá estava eu fazendo 25 anos. Isso é um quarto de cem, ou seja, é muita coisa.

– Eu vou ao mercado aqui da esquina, já volto ok? –Harry me deu alguns selinhos e levantou.

– Volta rápido. –falei me espreguiçando na cama e empinando minha bunda para ele que riu.

Havia passado apenas quinze minutos e eu já estava morrendo de tédio. Peguei meu celular e mexi em alguns aplicativos mas não tinha nada de interessante.

Vinte, vinte cinco, trinta minutos e nada do Harry voltar. Comecei a ficar preocupado que ele não voltava. Levantei, coloquei um casaco, peguei as chaves e fui em direção ao mercado.

Estava realmente frio, frio o suficiente para sair aquela fumaça quando você respira. Enquanto eu estava distraído olhando para o céu imaginando quando iria nevar eu ouvi uns gemidos.

Olhei para frente e um garoto estava encolhido na sarjeta enquanto uns caras saiam rindo. Corri até ele para ajudá-lo a se levantar. Era Harry. Meu Harry.

– Ai meu Deus! –falei assim que vi que ele estava todo machucado. – O que fizeram com você, babe.

Harry não disse nada.

– Haz? –tirei alguns fios de cabelo de seu rosto e seus olhos estavam fechados enquanto algumas lágrimas insistiam em sair. –Vamos, vou te levar ao hospital.

Depois de uma grande dificuldade para levanta-lo, chamei um taxi e pedi para que nos levasse ao hospital mais próximo. Harry continuava sem dizer nada apenas gemia dolorido.

Não sei se foi devido ao estado dele ou porque alguém o reconheceu mas os médicos o atenderam rapidamente.

Um tempo depois, uma médica me chamou na sala de espera.

– Styles? –ela perguntou e eu corri em sua direção. –Prazer eu sou a Dra. Torres, pode me acompanhar?

Assenti e segui a morena até o quarto que ele deveria estar. Enquanto andávamos ela me contava quais são eram seus ferimentos.

– Seu namorado sofreu uma concussão e alguns ferimentos leves pelo corpo. Não vai ser necessário cirurgia mas gostaríamos de mantê-lo aqui esta noite para supervisão.

Assim que entrei no quarto a médica nos deixou sozinhos. Harry estava com alguns fios nos braços e a cabeça enfaixada. Eu não conseguia respirar direito.

Caminhei até a cama e segurei sua mão o mais forte que pude. Eu estava fazendo todo o esforço para não chorar mas estava sendo extremamente difícil. Nesse mesmo instante Harry abriu os olhos devagar.

– Oi Lou. –sua voz estava fraca mas ele tentou sorrir.

– O que aconteceu, amor? –perguntei me sentando no cantinho da cama e passando a mão pelo seu rosto.

– Eu sabia que isto... isto iria acontecer uma hora. –falou mais pausadamente que o normal. – Consequências de... alguém famoso se assumir.

Eu não podia acreditar que fizeram isso por causa de Harry ser gay. A tristeza que antes me consumia se transformou em raiva e nojo. Como podia existir pessoas assim em pleno século vinte um.

Me levantei e comecei a andar pelo quarto passando a mão pelo cabelo. Eu tinha que fazer alguma coisa. Aqueles filhos da puta não iam fazer isso e sair ilesos.

– Vou ligar pra policia. –falei puxando meu telefone do bolso.

– Lou, não. –Harry tentou gritar mas não conseguiu.

–Você não quer que eles sofram as consequências? –perguntei indignado. –Eles tem que saber que o que fizeram é errado e...

– Por favor, fica comigo. –Harry disse fechando os olhos e estendendo uma das mãos para mim. –Depois você...

Larguei meu celular no mesmo momento e, com muito cuidado, me deitei do lado de Harry. Meu namorado precisava de mim e, naquele instante, era tudo o que importava.

Toilet  Boy » l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora