When you come back #2

first day

Seis horas o despertador tocou. Meu corpo reclamou, implorando por mais algumas horas de sono. Havia dormido muito tarde, apenas quando meus primos foram embora de madrugada. Era nosso costume ficar até tarde conversando. Eu tinha exatamente trinta minutos para me arrumar. Não tomei banho. Joguei uma água no rosto e escovei os dentes. Peguei a única calça que estava dobrada no meu guarda roupa e vesti, continuando com a camiseta que eu havia dormido. Estava limpinha, cheirosa e nem mesmo tinha amassado. Na hora de calçar o tênis, custei achar um par de meias iguais.

Desci as escadas e fui até a cozinha. Mamãe já estava completamente bela e arrumada para ir trabalhar, assim como Dominic. Apenas eu e papai estávamos desleixados, como sempre. Ele só tinha levantado para levar e eu meu irmão à escola. Meu carro estava temporariamente confiscado, portanto eu dependia dele. Comi torradas e tomei bastante café. Só assim para conseguir aguentar seis aulas. Eu nem havia estudado para prova, mas pelo menos meu trabalho estava bem feito.

— De maneira nenhuma! — mamãe falava ao telefone enquanto preparava o lanche de Dominic — A casa é grande e eu vou me sentir mais segura se ficarem aqui. Claro Robert, não vai ser incomodo nenhum. Está bem então. Nash irá recebe-los. Até mais.

— O que aconteceu, mãe? — questionei assim que ela finalizou a ligação.

— O médico não liberou Lilian para viajar de avião. Ela terá que ficar aqui para ter o bebê.

— Ah, mãe, é uma pena. Se bem que eu vou adorar conhecer minhas novas primas tão rápido.

Saímos os três de casa, meu pai, eu e meu irmão. Minha mãe ainda demoraria mais uma hora para sair.

— Não precisa vir me buscar. Vou para casa de Dylan direto daqui, pai — disse eu. Desatei o cinto e abri a porta do carro — Tchau pirralho— sorri para meu irmão.

— Ok, apenas não chegue tão tarde em casa.

Desci do carro e parti para a entrada da escola. Os alunos estavam aglomerados no estacionamento e provavelmente meus amigos também, mas estava cansada demais para ir lá e conversar animadamente como fazia todos os dias. Adentrei a escola arrastando os pés. Minha primeira aula era de álgebra. Passei no armário para pegar o livro, pois se não levaria outra anotação do professor McCurty.

A sala de aula estava quase vazia quando adentrei. Tomei meu lugar de costume, na penúltima carteira da segunda fileira e baixei a cabeça para dormir. Logo Fayne, Sally e Josh chegariam e eu não conseguiria mais dormir com eles tagarelando. Para nós, faltava apenas um ano para a formatura, enquanto Jensen, Aindan, Noah e Caleb estavam vivendo seus últimos momentos no colégio. Ema cursava arquitetura na faculdade de Los Angeles e Dylan não havia encontrado sua vocação.

— Você estudou para a prova? — Fayne apareceu, jogando seu material na carteira ao lado.

Ela bufou, irritada, odiando o fato de ter esquecido até aquele momento que teria uma prova para fazer. Mas eu não esquentava com isso, nossas horários eram praticamente iguais, então a gente sempre dava um jeito de colar. Ergui minha cabeça e revirei os olhos.

— Novidade, né.

— Você não pode me culpar por ser distraída. Olhe só para o seu quarto!

— Até quando todo mundo vai me jogar isso na cara? — foi a minha vez de bufar.

— Aí está você — meu primo se encaminhou para onde estávamos. Estalou um beijo em minha bochecha e de Fayne — Formam está te procurando para pagar a aposta que fizeram.

— Eu não acredito. Quantos mais caras estão te devendo? — Fayne parecia incrédula.

Havia me esquecido desta aposta. Formam tinha me desafiado a conseguir fazer o diretor rever sua situação. Ele estava prestes a ser expulso por suas notas estarem abaixo da média. Coisa que, no meu colégio, é proibido. Aqui, ou você tem um bom rendimento escolar ou é convidado a se retirar. Como eu disse, a persuasão estava no modo como
eu conduzia a conversa. Usar as minhas boas notas e a popularidade que me era dada na escola foi de grande ajuda. O diretor Kilson tinha grande consideração por mim e por toda a minha família, conhecia meus pais e, sobretudo, apreciava o fato de que metade do time de futebol era composto pelos meus primos. E nós ganhamos a última temporada. Não foi tão difícil convencê-lo a dar mais uma chance para Forman e Sally me ajudou com isso. É claro que, para ela, aquilo não tinha nenhuma relação com a nossa aposta.