— É, parece que você está com febre — mamãe observou o termômetro e depois me olhou com certa desconfiança — apesar de parecer ótima — constatou.
— Isso porque você não pode sentir a minha dor pelo corpo inteiro — choraminguei para ela.
— Está bem, Clara — afagou meus cabelos de forma terna e se levantou, olhando seu relógio — Eu tenho que ir. Nash levará Dominic para o colégio e depois irá direto para a empresa, eu tenho alguns compromissos e só voltarei a noite. Lili e Robert estarão em casa, mas não os perturbe. Descase e qualquer problema me ligue.
— Está bem, mãe. Até o jantar.
— Até, querida. Amo você.
— Também te amo, mãe.
Da sacada do meu quarto observei os carros de papai e mamãe sumirem aos poucos e comemorei o sucesso do meu plano para ficar em casa. Alguns minutos encostada em uma bolsa de água quente e eu tive tudo o que precisava.
Eu não possuía coragem para voltar a escola. Não depois da humilhação que Connor me fez passar. Sabia como seria tratada, os olhares hostis que receberia, as piadas, as conversinhas que espalhariam uma versão muito pior do que realmente aconteceu. Uma verdadeira bola de neve da qual eu não tinha capacidade de enfrentar no momento. As consequências dos meus atos tinham chegado de forma muito rápida e intensa.
Dylan continuava a ignorar minhas mensagens. Era cruel ser ignorada pela pessoa a quem mais confio para confidenciar segredos e angústias. Dylan tinha a capacidade de me tranquilizar independente de qual fosse a situação, sempre escolhendo as palavras certas e as dizendo nos momentos que deveriam ser ditas. Nós ainda brigamos muito, tanto por causa de minha teimosia, quanto por sua grosseria gratuita. Mas isso não me impedia de confiar nele, em suas palavras e no fato de conhecer a mim mais do que eu mesma.
Eu tomava todo o cuidado ao circular pela casa, afinal, tia Lili e Robert não podiam desconfiar que eu estava mentindo. Ambos já haviam me acobertado mais do que deveriam, portanto, decidi não abusar da sorte. Por isso, passei a maior parte do tempo no meu quarto assistindo à programas de televisão. No almoço, eu, Dominic e minha tia provamos mais uma vez das receitas de Robert, enquanto eu tento arrancar de Lili possíveis nomes para as gêmeas.
— Eu gosto de Heather — Dominic disse, entusiasmado.
— É um lindo nome — Lili permanecia impassível, o resto sereno.
— E Dakota? — questiono em um tom sugestivo.
— Gosto de ambos — Robert sorri, complacente — O que acha, amor?
— Eu acho muito bonito também.
Resmunguei, frustrada.
— Isso é cruel, tia — acusei.
— Ou talvez você seja ansiosa demais — riu — Sempre foi.
Kion não apareceu no almoço e seu sumiço me deixava inquieta. Nós não tivemos contato após sua invasão em meu quarto, que durou apenas o quanto permaneci naquele abraço. O clima havia ficado estranho demais para que qualquer um tivesse a coragem de dizer algo. Então ele se retirou e eu continuei a me questionar sobre minhas decisões. E por isso, à medida que o tempo passava, eu me encontrava mais arrependida de ter aceitado suas desculpas.
— Ei, Clara — Dominic enfiou sua cabeça para dentro do meu quarto, me despertando de um quase sono — Estou indo para casa do Leon jogar futebol.
— Calma aí, mocinho... — bocejei — Com quem você vai?
— Alana vem me buscar.
— Avisou a mamãe?
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When you come back #2
Teen FictionEm A New Life a vida de Alice foi contada. A história de um recomeço após uma tragédia. Um amor a primeira vista entre ela e Nash Grier. Uma história perfeita. Agora, 22 anos depois, é Clara, a filha do casal perfeito, que vai descobrir o quanto o a...