i'm so sorry

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Algo naquele momento parecia errado, apesar do meu corpo estar totalmente entregue à Kion e alerta com seus toques. A minha mente sabia que algo não estava se encaixado, ao ponto de eu acreditar estar ouvindo vozes, que foram se tornando cada vez mais reais até que eu pudesse me dar conta de que certamente eram de fato reais.

— Clara, Clara!

— Kion... t-tem alguém nos chamando.

Kion ignorou minhas palavras, segurando a alça da minha blusa, pronta para desliza-la para baixo e deixar meus seios à mostra.

— Você tem noção do quanto é linda? — seus olhos focaram nos meus por demorados segundos e então os desviou para minha boca — Eu tenho medo de te beijar... e nunca mais conseguir me desprender — confessou, me apertando contra seu corpo.

— Me beije logo — implorei, colando nossas testas. Nenhum outro som importava além dos nossos corações batendo apressados.

— Clara! Socorro!

— É o Dominic — sussurrei, aproximando-me de sua boca.

— Clara, onde você está? É a tia Lili, Clara! Socorro!

— Tia Lili? Oh meu deus!

Kion arregalou seus olhos. Apressei-me em sair de seu colo e egatinhei até a porta, descendo os degraus apressadamente, com Kion logo atrás. Dominic estava mais próximo da piscina, perto da casinha dos banheiros. Ele me viu e correu ofegante até mim.

— Tia Lili...

— O que tem ela? O que está havendo? — questionei enquanto corríamos para casa.

— Eu não sei... ela está com muita dor. Disse que tentou te procurar pela casa toda, te ligou... Robert saiu para fazer compras. Eu tive que voltar mais cedo porque Leon tem dentista e a encontrei... — fez uma pausa — estou com medo, Clara.

— Vai ficar tudo bem — eu dizia a ele, enquanto adentrava a casa, mas a verdade é que estava dizendo mais para mim — Vai ficar tudo bem.

Assim que cheguei na sala, vi tia Lili. Seu rosto estava pálido e molhado por conta das lágrimas. Ela parecia fraca e respirava com dificuldade. Os nós de suas mãos estavam brancos de tanto que apertava o tecido que cobria o sofá.

— Clara — ela ofegou — Onde você estava? Eu te p-procurei por toda... toda parte. Estou sentindo muita dor... Onde está Robert?

Meu estômago embrulhou e lágrimas começaram a derramar dos meus olhos. Aproximei-me dela, agachando-me no chão ao seu lado.

— Robert está chegando, tia, fique calma — disse Dominic. Ele parecia assustado.

— Me perdoe, tia. Eu não poderia imaginar... Me perdoe! — segurei sua mão e notei o quanto estava gelada — Kion... chame uma ambulância! Dominic, avise papai ou mamãe que estamos indo para o hospital.

Os olhos de Lili ficaram sem foco enquanto ela balbuciou coisas incompreensíveis, seus dedos fracos apertaram minha mão e então ela apagou.

***

— Clara, está me ouvindo?

— A culpa é minha.

Flashs da expressão de Lili, do meu desespero pelos minutos entre seu desmaio e a chegada dos paramédicos, da visão de Kion realizando massagem cardíaca e do choro ardente de Dominic permaneciam grudados na minha mente em uma espécie de ciclo que me impedia de imaginar outra coisa. Minha visão estava turva e meu estômago enjoado. Meu nervosismo aumentava a medida em que os minutos se passavam e ninguém aparecia para nós dizer que tia Lili e minhas primas ficariam bem.

When you come back #2Onde histórias criam vida. Descubra agora