Ela deu um passo a frente. Seu corpo todo tremia de raiva; seus olhos, maiores e mais vermelhos, quase não piscavam. Nada disso me abalou. Atrás de nós, as pessoas estavam em silêncio.
— Você é louca! — ela avançou um passo — Como você pôde me expor desta maneira?
— Eu fui capaz de te expor do mesmo modo que você, novamente, foi capaz de querer destruir o relacionamento de Sally! Mas veja só, ninguém mais cai em suas mentiras, Lydia! — gritei.
Enquanto falava, eu descarregava todo o meu rancor acumulado, por todas as vezes que prejudicou Sally. Minha garganta estava seca, as batidas do meu coração aceleradas e, uma pequena parte de mim, incerta sobre as minhas atitudes. Murmúrios baixos começaram a se espalhar.
— Eu vou chamar a policia.
— Então vai! Vai e aproveita para contar que você tem um ralacionamento com o professor Trevor.
O que antes eram murmúrios, transformaram-se em um grande falatório. Todos estavam chocados. Tomada pela emoção, não fui capaz de medir as minhas palavras e, agora, era tarde demais. Arrependi-me no mesmo segundo. Eu queria expor Lydia, fazê-la se sentir traída e provar que eu era capaz de tudo para defender aqueles que amo, porém, citar seu relacionamento com Trevor não estava em meus planos. Eu sabia que aquela informação poderia trazes consequências enormes para as suas vidas. Mesmo que não quisesse admitir, eu havia passados dos limites, expondo seu corpo e sua vida particular.
Mas ela mereceu, ela mereceu, sim. Eu tentava me convencer, para amenizar a culpa que se instalava dentro de mim. Eu não era eu mesma, estava sendo a minha pior e mais cruel versão. Mas quanto a Sally... Eu não podia deixar Lydia impune mais uma vez. Do jeito mais sórdido, havia conseguido feri-la.
Os olhos de Lydia encheram-se de lágrimas; pude enxergar tristeza neles. Meu coração se apertou no peito. Comecei a me ver em seu lugar, entendendo o quão humilhante era aquela situação. O que eu havia feito?
— Você não pode me julgar. Ao fazer isso, está só provando que apesar de dizer que não, é igual a mim.
Foi então que fui capaz de me enxergar verdadeiramente. Eu estava tendo atitudes que tanto critiquei em Lydia. Apesar de tudo, sua voz estava calma. Tinha assumido uma postura de confiança, não parecia mais envergonhada pela exposição e muito menos afetada pelas minhas palavras. Me recusei a aceitar que éramos semelhantes.
— Nunca me compare a você.
Ela sorriu, girando o corpo para que todos pudessem ter a visão de 360 graus. Me lembrei do dia em que Kion chegou, da nossa conversa ao final do dia.
— Sabe porque eu fiz isso tantas vezes? — se inclinou para parto de mim, mas falando alto o suficiente para que todos pudessem ouvir — Porque sua prima é frágil, e apesar de amar todos os seus namorados, não sabe perdoar. É fácil acabar com qualquer coisa quando sabemos que não tem futuro.
— Eu vou te matar, sua cretina! — ouvi minha prima gritar atrás de nós.
Suas palavras me fizeram voltar atrás. Qualquer tipo de dúvidas que eu poderia ter tido em relação as minhas atitudes ficaram para trás. Ela merecia tudo que estava passando.
— Isso apenas impede que eu me arrependa de ter mostrado a todos a vadia que você é! — expus meus pensamentos.
— Oh, porque é tão perfeita! — debochou — Eu só quero saber uma coisa. Como é que você consegue falar de amor e ser tão decidida, aqui, na minha frente, se não consegue assumir que gosta do próprio primo? Como é que tem a coragem de armar esse show todo se não tem confiança para admitir que está apaixonada pelo italiano? Pelo menos eu tenho a coragem de me expor, de ser eu e de conquistar o que eu quero. Você é o que, Clara? Uma garota que finge não ligar, mas que na verdade é uma cachorrinha correndo atrás de Kion?
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When you come back #2
Novela JuvenilEm A New Life a vida de Alice foi contada. A história de um recomeço após uma tragédia. Um amor a primeira vista entre ela e Nash Grier. Uma história perfeita. Agora, 22 anos depois, é Clara, a filha do casal perfeito, que vai descobrir o quanto o a...