O voo para São Paulo

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─ Finalmente! Depois de dois anos juntando dinheiro, consegui! ─ era o que Melissa pensava enquanto embarcava no avião.

Acomodou-se na poltrona, que encontrou com dificuldade, afinal, era a primeira vez que viajava sozinha de avião. Isso a deixou um pouco sentida, pois se lembrara de doze anos atrás quando viera de São Paulo com seus pais e sua irmã, na época com dois anos. Pensar que eles nem quiseram a acompanhar ao aeroporto, por um segundo trouxe uma angústia muito forte à Melissa, que por pouco deixa escorrer uma lágrima. Mas isso deve ficar pra trás! Deve deixar aqui tudo o que passou nos últimos dez anos. Todo o sofrimento que maltratou tanto sua adolescência, ficaria ali naquele aeroporto. Dali pra frente seria uma nova história. Melissa decidiu recordar tudo como sendo apenas um sonho.

O avião decola e só então Melissa percebe seus vizinhos de poltrona. Ao seu lado um homem maduro, cerca de 30 anos. Muito bem vistoso. Ao lado dele uma mulher com pouco menos idade que o homem.

-Tudo bem? - perguntou Melissa, se dirigindo ao homem.

-Tudo e você?- respondeu a mulher.

Melissa fez uma pausa, observou o casal e perguntou:

-Vocês são casados?

-Somos irmãos - respondeu o homem.

-Ah sim!

Melissa pensou e tentou puxar assunto para se distrair durante o voo, mas debalde. Minutos bem longos se passaram e então o homem quebrou o silêncio:

- É a primeira vez que vai à São Paulo?

-Não. Na verdade eu sou de lá. Vim com meus pais há 12 anos.

-Hum... E eles? - ele pergunta sem querer saber na verdade, mas com a intenção de sustentar uma conversa.

Melissa hesitou um pouco antes de responder.

-Digamos que não nos damos muito bem. Estou indo à São Paulo tentar uma vida nova.

A mulher entrou na conversa um tanto que preocupada.

-Isso é meio perigoso, não acha? Você já tem onde ficar?

-Não exatamente. Mas eu me viro.

-Nossa, se quiser podemos te hospedar na casa de uma amiga nossa até você achar um lugar pra ficar. Ela tem um quarto de hospedes, então acredito que não vá se importar.

-Puxa - disse surpresa - é sério? Eu ficaria muito grata.

Melissa não entendia o porquê de tanta generosidade, apesar de parecerem confiáveis.

- Ah, desculpem minha falta de educação! Me chamo Melissa. Tenho vinte e dois anos.

- Prazer Melissa. Eu sou o (...)


Destino improvávelOnde histórias criam vida. Descubra agora