Melissa se esforçava para abrir os olhos, mas eles não obedeciam a seu comando. Entre devaneios e realidade, conseguia apenas ouvir vozes distantes que se aproximavam gradativamente e depois sumiam
- (...) diminuindo o sedativo e ela vai acordar.
Um bipe constante e um cheiro que acompanhava as vozes fez com que ela entendesse que estava em um hospital.
Enquanto estava desacordada, sua mente lhe levava de volta ao passado em cenas curtas da infância e adolescência. Eram lembranças que iam e vinham e se revezavam com momentos de lucidez.
Numa dessas memórias, Melissa revivia uma cena marcante de sua vida. Sua mente estava cheia de imagens rolando como um filme em seu subconsciente. Seu corpo sentia cada toque "daquela" noite. Suas lembranças eram quase reais.
"Estavam aos abraços, suas mãos se passavam por seus corpos, e ela podia sentir a intensidade que aquilo tinha. Quando se viu, não sabia como, mas estava entrelaçada em seus beijos, encostada numa cama.
Com medo e temor do que aconteceria, se arrepiava, mas suas caricias eram tudo o que a fazia sentir mais confortável e aconchegada em seus braços. Suas mãos suaves e leves passavam por dentro da sua blusa acariciando seu corpo, enquanto retirava lentamente cada peça em que ela estava vestida. Não estava mais confusa, e nem com medo, se sentia amada. Sentia tudo por aquele homem, e não mais se importava de estar completamente nua em sua frente, ou vê-lo completamente nu prestes a tê-la como sua naquele momento. Mordiscava partes do seu peitoral, enquanto, acompanhado por beijos, fazia com que ela se arrepiasse imediatamente. Não havia mais roupas, somente caricias e seus sexos ali, se encostando sutilmente, o que a fazia pensar que ele era pelo menos uma parcela, seu. Seus corpos pareciam estar cada vez mais quentes ao se aproximar um do outro. Seu coração batia mais forte quando ele chegava a tocar em cada parte sua, e logo após seus lábios estavam encostando-se aos dela, selando ali um beijo. Estavam impregnados de prazer e sedução. Cada momento que se passava, era um desejo maior de senti-lo dentro de si. Até que então esse momento chegou. Com medo de possíveis dores, o abraçou sentindo todo conforto que ele trazia em seu abraço. Seus beijos a levavam a um mundo no qual ela esquecia tudo que pudesse acontecer naquele instante. Ele entrou dentro dela, e ela o sentiu completamente seu. Cada entocada era um desejo maior de tê-lo cada vez mais. Ele a deitou enquanto passava suas mãos por seu corpo lhe beijando incansavelmente, entocando um pouco mais rápido nesse momento. Fracamente, ela arranhou suas costas lhe deu uma leve mordida no pescoço. Ele a olhou com aqueles olhos de desejo e sorriso lindo, os quais ela não cansava de olhar. Foram tomados por desejo e por amor. Ele respirava ofegantemente perto de seu pescoço enquanto entocava cada vez mais rápido. Ela precisava dele naquele momento, precisava dele todos os dias. Quando ele chegou ao seu ápice percebeu em sua feição que ele estava feliz. Chegaram ao ápice juntos. Beijaram-se e logo ele se deitou ao lado dela. Não precisava de nenhum momento a não ser aquele. Seu olhar se encontrava ao dele e ela precisava dele ali. Passou um de seus braços por cima da sua barriga fechando os olhos lentamente. O beijou com olhos fechados, deixando a cabeça perto de seu pescoço para sentir seu perfume. Saber que ele estava ali, que naquele momento havia sido seu, era a melhor coisa e sensação que tivera na vida."
Assim se esvai a lembrança de sua primeira vez e com o fim, retorna à escuridão, mas que dessa vez deixa um pequeno rastro colorido de felicidade, na imensidão de preto que perturba sua mente.
De volta a um instante próximo à lucidez, Melissa conseguiu ouvir uma voz conhecida se aproximando gradativamente, conforme sua memória se esvaía.
- (...) e por isso sua mãe não veio. Eu vim assim que seu namorado me ligou. Sinto muito minha filha. Eu queria muito passar mais tempo com você, mas comprei uma passagem mais barata e o voo sai hoje. Vim me despedir. Que Deus te abençoe. Eu gostaria que você pudesse me ouvir. Se você estiver me ouvindo, filha me perdoe. Eu sei que fui um péssimo pai. Nunca dei ouvidos ao que você queria, aos seus sonhos. Tornei a sua vida um inferno. Eu não queria que tudo acabasse dessa maneira. Se eu soubesse, não teria deixado você embarcar naquele avião...
O pai de Melissa foi interrompido por alguém abrindo a porta
– Senhor Jorge, o senhor precisa sair agora.
- Tudo bem, vou só me despedir. Filha, eu sei que você gosta de receber flores, então te trouxe essas– ele coloca um vaso de vidro com flores azuis ao lado da cama – Tem alguém especial que está vindo te ver. Espero que você melhore. Tchau.
O pai de Melissa lhe deu um beijo na testa e saiu.
Esse acontecimento remoeu no coração de Melissa. Nunca havia recebido uma demonstração de carinho de seu pai. Nunca. Ela não entendia o que estava acontecendo, mas entendeu ser algo muito sério, a ponto de seu pai ter viajado de tão longe e lhe tratado desta maneira.
O corpo não obedecia ao cérebro de Melissa, tampouco suas emoções faziam sentido. Antes que ela conseguisse reagir e organizar algum pensamento, já estava em outro devaneio.
NOTA DA AUTORA: Esse capítulo foi escrito com a ajuda da Isabelly Amado, autora de "Ao Apagar Das Luzes"
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Destino improvável
FanfictionMelissa não tem um bom relacionamento com seus pais desde que foram morar na Paraíba, quando tinha dez anos. Teve uma adolescência, digamos, conturbada. Vários fatores influenciaram a decisão de voltar para São Paulo. Melissa parte com vinte e doi...