Verdadeiro Fim

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- Edu?

- Oi Melissa. Me deixa entrar?

- Eu não estou louca... Você não pode estar louca Melissa... - dizia ela para si mesma - não tem ninguém aqui. Respira. Se acalma. Calma neném... Tá tudo bem..

- Melissa, sou eu mesmo. Me deixa entrar. Eu preciso falar com você.

- Mas como? Não me mata! SAI DAQUI! - ela já estava chorando - NÃO MATA O MEU FILHO!

- Filho... - disse ele olhando para a barriga.

Somente quando ele tocou na barriga de Melissa que ela entendeu que realmente ele estava ali em sua frente. Em carne e osso.

Ela paralisou. Ela sabia que iria morrer ali. Chegou a hora. Pagaria pelo mal que fez.

- Melissa. Eu preciso que você saiba de toda a verdade. Senta aqui. Não quero fazer mal pro... bebê.

Ela sentou. Estava angustiada. Permaneceu em silêncio e decidiu fazer tudo o que ele quisesse.

- Eu tenho pouco tempo. Vou ser bem direto. Desde a primeira vez que eu te vi eu já quis você pra minha vida. Você é uma mulher linda, sensual. Naquele dia na casa da Bella, você despertou em mim um desejo animal. Eu nunca senti aquilo antes. E até hoje é como algo que me consome. Eu precisava ter você.

- Edu...

- Espera - interrompeu ele - deixa eu terminar. Eu precisava ter você. Então naquele dia quando eu saí de lá, eu fui pra casa do Elídio e eu enchi a cara. Eu comecei a beber muito. No dia do sequestro eu havia bebido. Eu não quis te machucar, Issa - ele já estava emocionado - me perdoa - disse chorando - Eu obriguei os rapazes a me ajudar. Mas eu fiz isso porque eu sou louco! Eu sou louco por você!

- Eduardo! Se você está aqui, de quem era aquele corpo que foi encontrado?

- Era do Bruno Otávio. Ele trabalhava na produção do improvável. Ele morreu... - Edu estava disfarçando

- Você matou ele?! Monstro!

- Eu... Eu fiz isso por você! Eu não queria ir preso. Eu fiz algo muito pior... Me perdoa, Melissa!

- Eu não estou acreditando! - disse ela chorando - o que pode ser pior que matar uma pessoa?!

- Melissa! Me desculpa! - disse ele se ajoelhando e chorando nas pernas de Melissa - Me perdoa! Eu estava muito bêbado! Você estava linda com aquele vestido na festa do Anderson! Eu não resisti! Eu usei você aquela noite! Aaaaaaaaaaaah (choro) Eu me escondi e quando todos foram embora eu subi até o quarto.

Melissa não teve reação. Sentiu sua garganta inchar, sua cabeça doer. E seu bebê mexer. Então a ficha caiu.

- Então quer dizer que o meu filho...?

- Sim! Eu sou o pai dessa criança!

Ao ouvir isso Melissa teve uma queda de pressão e desmaiou. Edu, com medo, saiu correndo da casa. Desesperado e correndo muito cego de medo, ele atravessou uma avenida e o pior aconteceu. Um caminhão carregado lhe atingiu em cheio. Ali foi o fim. O verdadeiro fim.

Melissa ao se recuperar buscou ajuda e foi levada ao hospital. Foram muitas emoções em tão pouco tempo. Seu bebê nasceu prematuro, de oito meses.

Era um menino. E era lindo! Guilherme!

Melissa ligou para Sheila contando toda a situação e ela se prontificou a ajudá-la.

Passou-se o período do resguardo e Melissa tomou coragem para ir à delegacia. Convencida da inocência deles, ela retirou a queixa contra os rapazes. Tudo havia se esclarecido, porem antes da soltura dos meninos, Melissa tomou a decisão mais difícil da sua vida.

Ela arrumou o pequeno Gui, deu banho, vestiu a melhor roupinha.

Pegou o no colo, deu de mamar. Fotografou aquela imagem no mais profundo da sua alma. O rostinho daquele pequeno ser que dormia tranquilo e se parecia tanto com o pai. Ela chorou. Mas era preciso.

Pegou um papel qualquer e escreveu um bilhete. Sheila e Anderson seriam bons pais.

Naquele fim de tarde Melissa partiu. Deixando para trás seu bem mais precioso. Deixando uma história inacabada.

Porque por onde passa deixa caos. Que maldição será essa? Melissa não sabia responder. Caminhando pelas ruas de São Paulo, sem destino, sem rumo, com apenas um dinheiro, comprou um buquê de rosas para si mesma. E cantarolava a cada passo. Não queria chorar. Observava os pássaros ao longe, enquanto segurava sua mala pequena.

Ia caminhando pela grama até ir sumindo pelo horizonte. Como folha levada pelo vento...


Nota da Autora: Muito obrigada a todos vocês que leram!! Aos que me ajudaram em alguns capítulos e ao meu noivo, que me incentivou!  Até a próxima, pessoas!
- Destino Improvável,  senhoras e senhores!

Destino improvávelOnde histórias criam vida. Descubra agora