O que fazer quando a respiração acaba? Tendo só um segundo para pensar em algo, em que gastá-lo?
Melissa teve seu fôlego interrompido, o que pensara que nunca aconteceria. O momento almejado nos últimos dias havia chegado? A verdade é que os cinco descobriram naquela noite o quão ruim é a pontaria de Juan. A bala que deveria acertar seja lá quem fosse, ficou encravada na parede mofada daquele cômodo frio e escuro.
Todos extasiados e paralisados de medo e adrenalina.
Anderson que estava com as mãos juntas das de Juan, conseguiu arrancar a arma de sua mão.
- Tá bom, já chega, a palhaçada acabou! Eduardo, seu idiota! Esse seu teatrinho foi longe demais! Você viu o que aconteceu aqui?
- Calma, Anderson - disse Daniel temendo por ele estar com as arma nas mãos.
-Não aconteceu nada, tá todo mundo bem - disse Edu.
- Bem? Você tem certeza que isso é estar bem?! Esse idiota quase mata um de vocês! Você é um imbecil mesmo! - disse colocando as duas mãos na cabeça e respirando fundo - Eu vou fazer o seguinte: todo mundo vai embora daqui. Eu vou levar a Melissa no hospital e vou à delegacia dar parte.
-Cê tá louco, imbecil?! A gente vai ser preso por cumplicidade!
-Foda-se, Daniel!
-Não cara! Pensa um pouco! A gente tá de cabeça quente... A gente tá errado, ok. Não sei onde a gente estava com a cabeça quando concordamos com essa idiotice, mas não sabíamos que chegaria tão longe. Respira, leva a Melissa pro hospital. Leva esse cara ai também.
Eu fico aqui com o Edu e quando você voltar a gente resolve o que vai fazer. Melissa, não inventa de abrir a boca. Você já viu no que pode dar.
Juan começou a rir. Todos olharam espantados para ele. Era nítido. Ele estava louco.
Anderson entregou a arma na mão do Daniel, que por sinal, mal sabia segurá-la. Abaixou-se, desamarrou Melissa e a segurou no colo. Saiu em silêncio da casa e a colocou no banco da frente do carro.
- Olha, está tudo muito confuso. Mas você precisa confiar em mim.
- Por que eu deveria?
- Por que só sobrou eu pra você confiar agora.
- ...
- Vai ficar tudo bem. Eu prometo.
De volta ao casebre:
- Daniel, vamos levar esse cara para a deleg... Cadê o Edu?
Daniel estava caído tentando se levantar do chão e com a mão no rosto.
- Ele me deu um soco! Ai... Ele me bateu e eu caí aqui. Ele pegou a arma da minha mão.
- Ah, Daniel! Como você pode ser tão..? Cadê ele?
- Eu não sei. Acho que ele saiu pelos fundos.
- Ah, você acha?- disse indignado- Vamos embora daqui. Rápido! Desamarra esse doido aí. Vê se faz alguma coisa de útil!
Ambos foram para o carro e saíram sem procurar por Edu. No caminho, todos em silêncio, exceto por Juan que ria sem motivos.
-Posso dar uma ideia? - disse Melissa - Já vi que eu sou a única em plenas faculdades mentais aqui.
Entendendo o silêncio coletivo como um sim, Melissa continuou:
- Vocês deixam a gente na delegacia. Vamos dizer que o Juan tentou me estuprar. Eles vão ver que ele ficou biruta. Vocês me deixam lá e vão embora. Eu sigo a minha vida e vocês seguem a de vocês.
- Como vamos fazer isso? - questionou Daniel - vamos chegar todos de carro na delegacia? E a gente?
- Você tem certeza que é improvisador? Nossa Senhora... Tá! Pára o carro antes da delegacia. Eu entro correndo e vocês vêm logo em seguida segurando esse Louco. Vamos dizer que vocês estavam passando na hora e viram tudo.
- Muito bem. Vamos fazer assim mesmo. Mas a senhora esqueceu que vocês não andam?! - interrompeu Andy - Vamos largar ele lá na porta da delegacia e você vai pro hospital cuidar desses ferimentos. E depois eu te deixo na casa da Bella.
- Nao! Lá não! Me deixa na sua casa.
-Você tem certeza?
-Só sobrou você para confiar agora.
Nota da Autora: Desculpem a demora para publicar. Sinto muito...
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Destino improvável
FanfictionMelissa não tem um bom relacionamento com seus pais desde que foram morar na Paraíba, quando tinha dez anos. Teve uma adolescência, digamos, conturbada. Vários fatores influenciaram a decisão de voltar para São Paulo. Melissa parte com vinte e doi...