Capítulo 2- 05-09/04/2010 Repetindo atos indevidos.

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05/04/2010

Cléo acordou sentindo uma dor de cabeça que não lhe deixava pensar bem. A luminosidade do quarto lhe ardia os olhos, mas era um grande paradoxo estar entre a extrema escuridão quando a luz era apagada por ela ou estar em imensa claridade.

Ela não tinha noção de qual dia da semana estava, mas se lembrava que Vicente havia ido lá três noites atrás, e que depois dela gritar por socorro, ele lhe transferiu um tapa agressivo no rosto que fez seu nariz sangrar. Entretanto, Vicente correu até o banheiro, pegou uma maleta de primeiros socorros e começou a tentar estancar aquele sangue que descia torrido do nariz da menina. Pôs um band-aid em uma fissura no rosto dela e depois guardou as coisas de novo no banheiro, saindo em seguida para não voltar até então.

A moça levantou e caminhou até a cozinha, abrindo o armário para pegar os restos dos alimentos que haviam sido estocados. Como ela chorava muito e comia pouco, seu emocional e físico estavam começando a ficar abalados, e isso refletia em seu bem-estar. Já não conseguia ficar muito tempo sem chorar e quando comia se sentia enjoada e ia vomitar.

Pegou então a caixa de cereal e a útima garrafa de leite e despejou em um dos pratos de plástico que Vicente havia deixado ali. Abriu a gaveta e retirou uma colher, também de plástico, e mexeu o conteúdo, sentando-se à mesa depois para tomar seu café da manhã, ou almoço, ou jantar, nem ela sabia ao certo. Contava os dias pelas horas de sono dormidas, e tudo se intercalava entre dormir, acordar, chorar, tomar banho e vestir a mesma roupa, comer, e voltar a chorar, dormindo em seguida.

Por mais que estivesse com medo e decepcionada, esperava sempre a volta de Vicente, com a esperança de que ela receberia alguma resposta ou ele a tiraria de lá dizendo: Eu quis de dar um susto, vamos embora. E por isso ela toparia o que fosse proposto por ele, desde que sua vida voltasse ao normal.

Vicente terminou de tomar seu café da manhã, e caminhou até a pia para colocar as louças lá. Sua irmã Vitória ainda terminava de tomar seu achocolatado, quando começou a observar as ações de seu irmão. Era muito esquisito para ela não vê-lo ao menos preocupado com o desaparecimento de sua amiga.

- Não precisa lavar, você vai acabar molhando a sua blusa. - Comentou Vitória, mordendo um biscoito cream cracker.

- Eu me acho um pouco inútil aqui, e você dizendo isso só me faz sentir culpa. - Ele virou-se de frente à irmã e deu um sorriso de lado, apoiando as costas na pia.

- Culpa de quê? Só sente culpa quem comente alguma coisa. - Vicente franziu o cenho e cruzou os braços, desfazendo seu sorriso.

- Você ainda tá achando que eu tenho alguma coisa a ver com esse sumiço da Cléo? Francamente, Vitória... - Ele saiu da cozinha e a mulher o seguiu.

- É você quem tá vestindo da carapuça, Vice. Eu não falei nada demais.

- Ei, vocês não acham que já estão velhos demais para discussões? - Falou Rosana, aparecendo na sala, local onde os dois estavam nutrindo a discussão iniciada na cozinha.

- Ela fica me acusando de ter algo a ver com o sumiço da Cléo. Eu nem tava mais falando com ela quando essa garota sumiu. Meça suas palavras antes me acusar, Vitória! - Disse Vicente pegando suas coisas em cima da mesa, e abrindo a porta da sala com raiva, antes de sair.

O homem entrou em seu carro que ficava estacionado na calçada devido a falta de uma garagem e respirou fundo. Ele precisava pensar em estratégias.

Pegou então no porta luvas um maço de cigarro e seu isqueiro e começou a fumar, e quando ia dar partida no seu carro, ouviu duas batidinhas no vidro e viu que era Mônica, a mãe de Cléo quem ali batia.

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