Capítulo 3 - 18/04/2016-15/05/2010 Um presente para sua mãe

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18/04/2016

Cléo deixava a água morna do chuveiro cair totalmente em cima de sua cabeça, enquanto ela chorava incessantemente, mas em silêncio para que Vicente não ouvisse o barulho de suas fungadas e ofegos. Ela tinha a certeza que sua sanidade mental estava lhe abandonado, pois ficava o dia inteiro sozinha em um local pequeno e abafado, onde não há nenhuma distração, e quando Vicente aparecia, sua presença lhe amedrontava. Sua mente não estava mais como era antes.

Vicente teve o plano de matar Cléo, não literalmente, mas matá-la para todos do lado de fora da porta de madeira, e para isso ele retirou as roupas que a moça estava usando e lhe fez um corte, manchando o tecido com o sangue de Cléo, caso alguma autópsia fosse feita na roupa, comprovando que o DNA era realmente dela. A menina se debatia enquanto tinha suas roupas retiradas a força, e gritou quando o estilete que ficava no bolso de trás da calça de Vicente lhe cortou a coxa, derramando sangue em cima de suas vestes. Mas isso havia sido há mais de uma semana.

Quando terminou seu banho, Cléo saiu enrolada em uma toalha azul marinho, e seus cabelos molhados impediam-a de se secar por completo. A garota foi para o único quarto que aquele local possuía e fechou a porta, para que Vicente, que estava na cozinha não a visse. Entretanto, ao vê-la passando rápido apenas de toalha, ele desligou o fogo e foi até o quarto onde dormiam, e encostou-se de lado o portal da porta, assistindo a moça que estava de costas esfregar com cuidado a toalha que outrora lhe enrolava, em seu corpo.

- Você tem um belo corpo, sabia? - Disse Vicente, sorrindo de lado, enquanto contemplava o corpo magro, porém com as nádegas avantajadas. Já esta, ao ouvir a voz tendenciosa do homem, voltou a se cobrir com a toalha, se protegendo de um possível ataque. Ela pegou as únicas peças que tinha para vestir, uma calcinha e um sutiã, já que Vicente havia levado suas roupas e ela usava apenas isso, o que de certa forma instigava o homem, e tentou levar para o banheiro, porém teve seus braços segurados pela mão branca e firme do rapaz.

- Me solta, por favor! - Pediu Cléo, com temor na voz.

- Eu não entendo, Cléo. - Ela bufou, pois sabia que viria mais um joguinho psicológico de Vicente.

- O que você não entende, hein? - Perguntou ela, firmando a voz dessa vez.

- Você não tinha todo esse pudor quando estava com o Rodrigo, toda essa vergonha de ser vista nua... - Nada era mais doloroso para Cléo que ouvir Vicente falando de Rodrigo, quem ela tanto amou e terminou sendo descartada como lixo tóxico. Nada doía mais que as coisas que Rodrigo fez com ela após o término dos dois.

- PARA! ME SOLTA! - Cléo gritou, o que irritou Vicente, que a segurou mais firme ainda, jogando-a na cama, para lhe transferir dois tapas fortes do rosto da menina, que desatou em lágrimas.

-Já te deixei claro que você não tem o direito de aumentar essa voz pra mim! - Disse ele, com a voz calma no pé do ouvido da garota. Ele pegou o queixo pequeno de Cléo e levantou o rosto dela, a fim de ficar na altura do seu -Você mereceu tudo o que ele fez com você, porque você foi uma vadia!

- Não me chama de vadia...- Cléo sussurrou, deixando as lágrimas molharem os dedos de Vicente.

- Também não importa mais, você só precisa provar quem você é pra mim, porque a única pessoa que vai manter contato com você durante um bom tempo, adivinha só? Sou eu.


Mônica terminava de comer seu miojo de carne, junto com a amiga Vitória, quando seu telefone residencial começou a tocar. As amigas de entreolharam, afinal, cada toque daquele aparelho era uma esperança de reencontro da filha desaparecida de Mônica, então esta não perdeu tempo em levantar da mesa da cozinha e ir até a sala atender a ligação. Vitória, que seguiu a amiga, sentou-se no sofá, enquanto escutava atenta o que Mônica dizia, até que a mãe de Cléo sentou-se ao lado de Vitória no sofá, ainda com o aparelho no ouvido, e deixou as lágrimas rolarem pelo seu rosto pardo, enquanto um soluço ansioso saiu de sua garganta, abafando suas falas.

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