Amizades

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- Então você tem um sonho de ir para o Brasil? - estávamos deitadas na grama embaixo do aglomerado de árvores cheias de flores. Cada vento que batia nelas, caíam pétalas em cima de nós. Lueno havia me contado que veio do Brasil junto com a sua família.
- Tenho - sorrio envergonhada. - mas é uma língua bem difícil.
- Você um dia poderia ir pra lá acompanhada com um guia. Uma pessoa que saiba. - ela ri um pouco - Um dia podíamos ir.
Nesse pouco tempo juntas, percebi que Lueno tentava facilitar as coisas, quando elas eram praticamente quase impossíveis.
- Percebi que você conhece bastante músicas evangélicas - a olho com atenção - você é...
- Cristã? Sim, eu sou. - seu sorriso se abre e com os olhos fechados diz: - Desde pequena sou, sempre acreditei em Deus, mesmo quando eu era restrita de ir ao cultos perto de casa. Agora que já tenho uma idade boa, vou sozinha, sem pedir carona pra ninguém.
- Seus pais são contra?
- Meu pai é um pouco mais rígido, minha mãe lê a Bíblia e acredita, mas não vai na igreja. E você?
- Cristã desde pequena, mas eu não vou na igreja. - Lueno me olha perplexa.
- Como assim?
- Calma, eu sempre estou, de alguma forma, conectada em Deus. Só que desde pequena eu tenho uma atenção à mais das pessoas, por conta do meu cabelo. E isso me deixa um pouco encabulada, então eu vou em raros momentos para lá.
- Entendo - ela fica mais tranquila e olha para o céu.

O tempo passa e ambas nos despedimos e passamos os números. Sim, parece que eu ganhei uma amiga! A primeira amiga!

- Gente, cheguei. - falo ao adentrar pela porta. E já vejo minha mãe comendo um sanduíche e olhando para a tela do computador.
- Boa noite. Adam tá lá em cima.

Deixo o violão na minha cama e entro no quarto de Adam.
- Irmão!- grito já sentando na sua cama.
- Pode chegar aí, estou tomando banho.

O quarto do meu irmão era parecido com o meu, com a mesma tonalidade de branco e com os móveis no mesmo canto. Uma diferença era que continha coisas mais masculinas e sem contar no perfume que tomava o quarto.
- Mamãe está no computador ainda?- ele surge no quarto com uma calça de moletom e a toalha jogada na cabeça.
- Sim, ela não olhe nem para mim. - digo um pouco triste.
- Normal.
Ele senta do meu lado e me olha.
- Você parece mais feliz. - diz indicando os meus olhos.
- Adam! - o abraço apertado. - Parece que eu fiz uma amiga! - dou um grito e pulo em cima dele.
Adam começa a rir descontroladamente.
- Qual o nome dela?
- Lueno.
- Acho que conheço.

Contei tudo para ele. E Adam ficou feliz por mim, mas logo se desculpou e disse que tinha que ir na casa de um amigo.

Sozinha de novo.
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Os dias se passaram, tudo a mesma coisa. Brincadeiras sem graça na sala de aula, mas ninguém se atrevia encostar em mim já que o Bernardo sempre estava do meu lado. Eu e Bernardo nos tornamos um pouco mais próximos, mas não tanto, pode-se dizer que de uma maneira razoável. Estávamos próximos da formatura e de vez foi permitido fazer o tal festival de talentos. Todas as turmas irão participar, e vale tudo. Ainda o diretor Berry não estipulou prêmio, o que deixou os meus colegas intrigados.

- Então turma, nesse final de semana tem um vestibular para fazer. Quem se inscreveu fique de olho no horário e não se atrasem! - Srta Belly tenta dizer no meio das conversas e do sinal que soava.
- Emerson, quero falar com você. - olho para Bernardo, que faz uma cara e sussurra um "Tá ferrada". Me dá um beijo na testa e sai, nos deixando sozinhas.
- Pois não. - chego na mesa dela.
- Estava dando uma olhadinha nas suas notas e nossa... - ela sorri abertamente - Elas são maravilhosas. Você sabe que com essas notas tem uma incrível entrada em uma faculdade ótima longe daqui. É uma bela oportunidade.
- Obrigada, professora. Eu ainda estou perdida nessas coisas, mas não me vejo muito longe da minha família. - e de Bernardo.

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