Barreira

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Olhei para o relógio, 04:37, e lá estava eu, mais acordada impossível. Já tocara violão, mas os pensamentos dele tocando também me perturbavam. Lobo já tinha desistido de brincar comigo e dormia tranquilamente na almofada gigante que Adam dera.
Durante a madrugada, o bairro se encontrava mudo, apenas com algum choro de cachorro de horas em horas. Adam e Elinor tentaram abrir a porta do quarto, mas logo foram vencidos pelo cansaço e pela fechadura trancada.
Ainda o nervosismo circulava em minhas veias, bastava só fechar os olhos que dava de ouvir a voz rouca de Bernardo cantando aquela música para mim. Me deixara feliz, muito feliz por sinal. Meu coração estava pulando de alegria, mas o medo se sobressaía . Não sabia como reagia à esse sentimento, era uma coisa nova, principalmente quando alguém correspondia ele.

Queria poder contar para papai, ele de fato teria uma resposta que me confortaria.
Levo um susto quando vejo meu celular vibrando no chão ao meu lado.
- Aí meu Deus do céu! - balbucio lendo o nome de Bernardo no visor - Não acredito!
Ele também estava acordado aquelas horas, começo a pensar, e uma pontinha de culpa começa a crescer em mim. Será que fiz errado em sair de lá?

Claro!

- Droga!
Deslizo o dedo para atender.

- Já passou o horário de ir dormir, Emerson. - sua voz rouca do sono. - Eu sei que parece estranho ligar a esse horário, e também sei que você não vai falar nada. - uma mínima risada é produzida - Eu não consigo parar de pensar em você.
- Ber...
- Por favor, apenas me ouça. Estou sendo cobrado por mim mesmo, só quero que escute. - fecho os olhos e meneio a cabeça, afirmando, mesmo que ele não pudesse ver - Por mais que tente se afastar, eu sei que você vai fazer isso, não vai conseguir mudar o que falei naquela hora e estou falando nesse momento. Em um dia se tornou especial para mim, tão especial ao ponto de querer estar com você todas as horas.
- V...Você não sabe se é real! - as palavras saem dos meus lábios sem a minha permissão. Naquele momento o medo voltara a mim, o medo de apenas ser algo jogado para fora. Sem perceber, uma lágrima cai no meu joelho esquerdo.
- Posso afirmar que é real. Nunca senti por alguém o que estou sentindo por você.

Engulo em seco, meu coração pulsava na garganta, querendo sair correndo. Com as mãos tremendo, desligo o celular.
Rapidamente corro para a minha cama, me jogando e enrolando nas cobertas. A única coisa que eu queria no momento era esquecer aquele medo que pulsava incontrolavelmente.
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- Emerson, não vai sair de novo? - Adam para na porta do meu quarto. Eu estava jogada na cama, enrolada com Lobo em uma brincadeira que ele só mordia meus dedos.
- Não, Adam. - paro de irritar Lobo e olho séria para meu irmão.
- Já é quinta-feira! Você não saiu de casa a semana toda. - ele encruza os braços.
- Quero aproveitar o começo das férias - encolho os ombro.

Felizmente já estávamos em férias, por conta de algumas bobagens que ocorreu no evento, relacionando a turma da bagunça da minha sala, todos ficaram sem formatura. Todos ficaram frustados, porém, particularmente eu gostei. Meu objetivo era mofar dentro de casa, sem ver Bernardo.
- Você está sendo infantil.
- Poxa, Adam! - choramingo e passo por ele, descendo as escadas.
- Está evitando o Bernardo. - conclui já descendo comigo.
- Não, não estou. - me jogo no sofá.
- Ah claro. Me desculpe. - pega o celular do seu bolso traseiro e ergue de frente para mim - Só teve vinte e oito ligações e cinquenta mensagens dele, de Lueno a até uma ligação da Amber.
- O que você faz com o meu celular, Doutor sabe tudo? - me levanto e pego o meu celular da sua mão erguida.
- Eu queria entender o que tinha acontecido. - Adam revira os olhos e senta do meu lado. - Ême, me conte.
- Não tem nada. - desvinculo-me dos seus braços, me afastando.
- Emerson, eu sou seu irmão. Sei muito bem quando tem alguma coisa te incomodando ou te metendo medo.

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