Com seus cabelos ruivos e com óculos de grau, Emerson sempre foi alvo de bullying. Chegou um momento em que não acreditava mais em reciprocidade, mas Deus apenas aguardava o momento exato para lhe presentear com o que tão sonhava... a liberdade e o...
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-Meu Deus! - deixo escapar um grito de desespero ao resbalar e prender meu pé, mais uma vez, em uma pilha de pedras pesadas.
-Mais uma vez, Emerson? - Thomás, que já estava acostumado com aquelas cenas, me pegou pelos braços e ajudou-me a me destrancar do peso das pedras.
Por incrível que pareça, André havia acertado bem no alvo. Aquela quinta-feira estava sendo de derreter do calor. Depois de uma tarde toda de gincanas ao redor do sobrado, das quais eu sempre perdia, todos fizeram uma votação e decidiram enfrentar uma trilha do outro lado do acampamento. Essa trilha, segundo Ellie, levava à uma cachoeira e uma piscina natural. Só que havia um "porém"...
-Nem vem reclamar, Tommy! Essa trilha está subindo e essas pedras são enormes, estou quase escalando.- Bufo pela décima vez e coloco uma mecha do cabelo atras da orelha. O rabo-de-cavalo já tinha desistido de ficar em linha reta e bonito. Agora pedia socorro por um chuveiro.
Todos encontravam-se animados. As meninas vestiam seus shorts e subiam facilmente cada desafio de pedras. Eu já vestia uma calça, na qual remangara até os joelhos, e agradecia por estar de tênis. Eu não tinha força para terminar de subir os pedregulhos e escorregava muitas das vezes, prendendo meus pés nos buracos entre uma pedra e outra.
Olho para Ellie no começo da trilha e o seu sorriso iluminado se abre para mim.
-Está tudo bem, Emerson? - vários olhares se voltam para mim, a última da filinha.
-Se eu disser que sim... - paro para recompor o ar, com as mãos apoiadas nos joelhos.
-Você estará mentindo, e isso é pecado. - André aparece atras de mim, no final da fila.
Foi planejado os dois ficarem nas pontas. Como Ellie conhecia bem o local, foi escalada para nos guiar. André adivinhando que alguns poderiam ter dificuldades para prosseguir, como eu, ficou para o fim. Ele estava tendo uma breve ajuda de Thomás que se prontificou para o trabalho.
-Nós estamos quase chegando, minha querida. - ela pisca para mim e continua sua trajetória.
Em todos os momentos eu evitava olhar para frente, para onde estava Ellie. Bernardo estava logo atras dela, e sempre se virava para me olhar, sem nem tentar ser discreto. Thomás havia dito que queria conversar comigo, por isso que pediu para trocar de lugar com ele. O que ocorreria se Bernardo estivesse agora no lugar de Thomás?
Provavelmente meu rosto iria partir do vermelho vivo, para um roxo desesperado.
-Pedi Harry em oração. - paro de subir a lamacenta terra e fito meu companheiro.
-Que bom, Thomás! - falo abrindo um sorriso. - Quando foi isso?
-Ontem. E...Eu fiquei confuso de como vocês começam um namoro por aqui. - tropeça em suas palavras, coçando a cabeça. - Mas as palavras brotaram da minha boca e...e eu estou orando muito por ela, Ême.
