Papai

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Tenha uma boa leitura! 😄


🌻🌻🌻

O carro estava em um silêncio mortal. Ninguém ousava levantar o olhar para encarar o outro. Minhas mãos tremiam ainda pelo choque, pela tristeza, e principalmente, da decepção que os olhos de Bernardo haviam se carregado quando me viram sair do acampamento. 

Chorava baixinho, queria poder chegar em Lueno e ver seu sorriso, abraçar Bernardo apertado, como ele fazia quando eu tinha medo. 

Mas minha maior preocupação era a minha mãe. Não sabia o que fizera Adam vir logo com Jeremy me buscar, devia ser algo muito grave. Algo que mude completamente tudo. Isso fazia meu estômago embrulhar a pequena quantidade de comida que eu digerira. 

Pelo canto do olho, vejo Adam me observar de cima à baixo, percebia seu maxilar trincado quando sua visão para em minhas mãos machucadas e com algumas queimaduras. Eu sabia. Minha aparência estava deplorável. 

O que mamãe iria fazer?

- Para de me olhar. - choramingo e me encolho mais para o canto do assento.   

- Me explica como que eu vou fazer isso, Emerson? - fala exasperado. - Minha irmã quase foi morta! - sua voz sai alta.

- Adam! - Jeremy se revela no banco de trás. - Sabe que isso não vai dar em nada. Ela está apavorada, dá para parar? - fala irritado. Sua mão se inclina para frente e massageia um lado do meu ombro.

Eu sabia que Jeremy também estava se contento. Tudo isso para me proteger da sua própria indignação por Elizabeth. Eu contara toda a história dela, esclarecendo os seus feitios e a sua vinda surpresa para o acampamento. 

- O...O que aconteceu lá em casa? - pergunto receosa. 

- Tudo o que não era para acontecer, meu Anjo. - ele bufa atrás do meu banco. - Sua mãe é difícil de lidar. 

- Você conhece bem ela? - me viro para olhar seu rosto. - Não sabia. - digo surpresa.

- Conheço sim, mas isso depois te conto. Precisamos nos preocupar com...

- Chegamos. - Adam corta a fala de Jeremy, lançando-lhe um gélido olhar para o mesmo pelo retrovisor. 

Minhas pernas bambeiam assim que me coloco de pé na minha reconhecida calçada. Tudo se mantinha no mesmo lugar, mas algo me fazia sentir que estava diferente. Não ao redor, mas dentro da minha própria casa. Começo a sentir o peso sobre mim, parecia que as coisas aconteciam em modo lento. 

- Vamos? - Jeremy pigarreia. 

Respiro fundo e adentro com os dois pela porta principal da varanda, me dando conta de uns estranhos objetos ao lado do sofá da entrada. Eram malas. 

- O que é aquilo? - faço a pergunta mais óbvia para mim. Mas todos entenderam que eu estava completamente confusa das malas estarem jogadas de mal jeito no chão. Como se fossem alvo de um momento de raiva de alguém. 

- São malas, filha. - sobressalto ao ver a figura da minha mãe, apoiada na bancada da cozinha,  com os olhos vermelhos. 

- Mas qual o motivo de estarem aqui? - minha voz vacila. - É demais para ser de apenas uma pessoa. - falo constatando que aquela noite eu não iria dormir na minha cama que tanto estava com saudade. 

- São de todos. - encruza os braços. 

Passo os braços ao meu redor, fazendo as mãos agarrarem ambas os cotovelos, meu corpo tremia e eu fazia de tudo para não aparentar isso para eles. 

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