— Como nós vamos fazer? — O menor perguntou, encarando o marido a sua frente.
— Temos que falar com o alfa. — Disse sério.
Mas e se ele matar ele? — Perguntou preocupado.
O casal se entreolhou e o maior suspirou, ver a face de preocupação do esposo o deixava sem saber o que fazer. Olhou para baixo, vendo o motivo de sua atual preocupação, um humano. Lá estava ele, desacordado, suando frio e morrendo. Além da ferida que sangrava e até agora não tinham conseguido estancar. O cheiro de sangue logo atrairia outros lobos que provavelmente não iriam gostar de ver um humano ali, tirando alguns poucos que já sabiam.
— Etore, o alfa... — Um pequeno garoto surgiu a porta do cômodo, falando meio receoso. — Ele está aqui. O que eu faço?
O casal se olhou e engoliu em seco. Não poderiam mais tentar resolver aquilo sozinhos, ou esconder, não tinham escolha, teriam que tentar explicar a ele a situação e ver se conseguiriam convence-lo a pelo menos deixar o humano vivo e em algum lugar onde pudesse ser tratado. Ir contra o alfa não era uma opção, lobos sem alcateia morrem e aquilo com certeza aconteceria com eles e com os filhotes que o menor esperava em seu ventre.
— Traga-o até aqui. — Pediu, se levantando de onde estava e indo se sentar ao lado do esposo.
O lobo de cabelos prateados amarrados em uma trança e olhos vermelhos surgiu a porta antes mesmo que o garoto pudesse ir chama-lo. Era alto, como a maioria dos alfas costumava ser, carregava uma feição séria e consideravelmente brava, além dos braços cruzados frente ao peitoral nu. Ele observou o casal e em seguida olhou para baixo, vendo o humano.
Tinha a pele clara, quase como neve, feições delicadas que se contorciam em dor, um corpo pequeno e magro, além dos cabelos compridos e escuros. Podia observar o curativo grande feito às pressas em seu abdômen, era dali que vinha o cheiro de sangue que tinha sentido, além do que estava impregnado em sua roupa. Tinha mais alguns ferimentos pelo corpo, mas nenhum tão grande quanto aquele.
— Expliquem-se. – Ordenou, se sentando na frente dos dois, com o corpo do humano no meio deles.
O menor olhou para o marido, esperando para ver como ele iria explicar. Normalmente nestes casos o ômega não fala, apenas ouve e se pronuncia quando extremamente necessário. Etore tomou folego e encarou o líder de sua alcateia.
— Lider, estava caçando como sempre fazemos, junto do grupo que foi designado inclusive. Aeni tinha ido buscar frutas quando um urso apareceu. Estávamos, por sorte, perto, mas não o suficiente. Eu achei que ele fosse morrer. — Levou a mão ao do esposo, a segurando firmemente. — Quando esse humano apareceu do nada, ele jogou uma pedra no urso e chamou a atenção dele.
O alfa ergueu uma sobrancelha, encarando o humano e depois um dos betas de sua alcateia.
— Ele fez o que? — Questionou confuso.
Por que um humano faria aquilo?
— Depois que ele chamou a atenção do urso, ele o atacou. E como ele tinha salvo Aeni, o mínimo que eu podia fazer era salvá-lo. Os outros me ajudaram, mas ele ficou muito ferido, chegou a falar algo como "está tudo bem", eu não entendi direito, e desmaiou pouco depois. Acabamos trazendo ele, pelo menos para ajudar ele o suficiente para poder se recuperar. — Finalizou, observando seu líder.
O alfa Etton ouviu atentamente, olhou para baixo, observando o humano. Não tinha como salvá-lo, não com ele sendo humano, as feridas eram grandes e ele tinha perdido muito sangue. O único jeito era transformá-lo em um deles, transformá-lo num lobo. Algo que só ele poderia permitir ou não ser feito naquela alcateia.
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Wëllef
WerewolfO mundo sempre foi diferente aos olhos de John, ele nunca entendeu bem como as pessoas agiam ou deixavam de agir, como se aquele mundo não fosse dele. Após um ato de bravura e loucura sua, ele acabou descobrindo que aquele realmente não era seu mund...