Capítulo 1

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— Como nós vamos fazer? — O menor perguntou, encarando o marido a sua frente.

— Temos que falar com o alfa. — Disse sério.

Mas e se ele matar ele? — Perguntou preocupado.

O casal se entreolhou e o maior suspirou, ver a face de preocupação do esposo o deixava sem saber o que fazer. Olhou para baixo, vendo o motivo de sua atual preocupação, um humano. Lá estava ele, desacordado, suando frio e morrendo. Além da ferida que sangrava e até agora não tinham conseguido estancar. O cheiro de sangue logo atrairia outros lobos que provavelmente não iriam gostar de ver um humano ali, tirando alguns poucos que já sabiam.

— Etore, o alfa... — Um pequeno garoto surgiu a porta do cômodo, falando meio receoso. — Ele está aqui. O que eu faço?

O casal se olhou e engoliu em seco. Não poderiam mais tentar resolver aquilo sozinhos, ou esconder, não tinham escolha, teriam que tentar explicar a ele a situação e ver se conseguiriam convence-lo a pelo menos deixar o humano vivo e em algum lugar onde pudesse ser tratado. Ir contra o alfa não era uma opção, lobos sem alcateia morrem e aquilo com certeza aconteceria com eles e com os filhotes que o menor esperava em seu ventre.

— Traga-o até aqui. — Pediu, se levantando de onde estava e indo se sentar ao lado do esposo.

O lobo de cabelos prateados amarrados em uma trança e olhos vermelhos surgiu a porta antes mesmo que o garoto pudesse ir chama-lo. Era alto, como a maioria dos alfas costumava ser, carregava uma feição séria e consideravelmente brava, além dos braços cruzados frente ao peitoral nu. Ele observou o casal e em seguida olhou para baixo, vendo o humano.

Tinha a pele clara, quase como neve, feições delicadas que se contorciam em dor, um corpo pequeno e magro, além dos cabelos compridos e escuros. Podia observar o curativo grande feito às pressas em seu abdômen, era dali que vinha o cheiro de sangue que tinha sentido, além do que estava impregnado em sua roupa. Tinha mais alguns ferimentos pelo corpo, mas nenhum tão grande quanto aquele.

— Expliquem-se. – Ordenou, se sentando na frente dos dois, com o corpo do humano no meio deles.

O menor olhou para o marido, esperando para ver como ele iria explicar. Normalmente nestes casos o ômega não fala, apenas ouve e se pronuncia quando extremamente necessário. Etore tomou folego e encarou o líder de sua alcateia.

— Lider, estava caçando como sempre fazemos, junto do grupo que foi designado inclusive. Aeni tinha ido buscar frutas quando um urso apareceu. Estávamos, por sorte, perto, mas não o suficiente. Eu achei que ele fosse morrer. — Levou a mão ao do esposo, a segurando firmemente. — Quando esse humano apareceu do nada, ele jogou uma pedra no urso e chamou a atenção dele.

O alfa ergueu uma sobrancelha, encarando o humano e depois um dos betas de sua alcateia.

— Ele fez o que? — Questionou confuso.

Por que um humano faria aquilo?

— Depois que ele chamou a atenção do urso, ele o atacou. E como ele tinha salvo Aeni, o mínimo que eu podia fazer era salvá-lo. Os outros me ajudaram, mas ele ficou muito ferido, chegou a falar algo como "está tudo bem", eu não entendi direito, e desmaiou pouco depois. Acabamos trazendo ele, pelo menos para ajudar ele o suficiente para poder se recuperar. — Finalizou, observando seu líder.

O alfa Etton ouviu atentamente, olhou para baixo, observando o humano. Não tinha como salvá-lo, não com ele sendo humano, as feridas eram grandes e ele tinha perdido muito sangue. O único jeito era transformá-lo em um deles, transformá-lo num lobo. Algo que só ele poderia permitir ou não ser feito naquela alcateia.

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