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Acordei com muita cólica, dor era a única coisa que eu sentia. Me levantei e fui até o banheiro, tomei banho e me vesti. Sai do banheiro e voltei a me deitar, não tinha forças nas pernas para continuar de pé.

-Bom dia- Caio entra no quarto

-Oi- respondo

-Ta bem?- ele perguntou, agora ele finge que se importa

-To com dor- abraço os travesseiros

-Onde?- ele se deita em minha frente

-cólica- encaro ele

-Ta com fome?- ele puxa um dos travesseiros

-To- puxo meu travesseiro de volta.

-O que quer comer?- dou de ombros, qualquer coisa iria me satisfazer

-Tanto faz- respondi

-Ta- ele se levanta- eu já volto

Ele sai do quarto e eu continuo lá deitada, sentindo as contrações do meu útero. Era como vários socos, um seguido do outro.

°°°

-Voltei loirinha- a voz de Caio faz eco pela sala- trouxe algumas coisas pra você

-tipo?- me ajeito no sofá

-Tem remédio, absorvente, eu não sabia qual comprar, foi mal- ele esfrega os olhos- e tem comida- ele coloca as sacolas sob a mesa da cozinha

-ta com sono?- pergunto indo até ele

-um pouco, não tô dormindo bem nesse sofá aí não, preciso de um novo- ele fala tirando as coisas das sacolas

-quer dormir na cama?- ele me olha- só agora, enquanto estou aqui na sala, depois você volta pra cá

-valeu- ele sorri- se é assim, eu vou tomar banho e deitar um pouco, não vou enrolar muito não

-beleza- começo a tirar as coisas da sacola e ele sai em direção ao quarto

Ele havia me trazido três tipos de remédios para cólica, uns 5 pacotes de absorvente e alguns salgadinhos, bolacha, iogurte, doces, e algumas compras pra casa, como arroz, óleo, carnes.

°°°

Depois de ter guardado as coisas da cozinha fui até o banheiro guardar as outras coisas. Guardei e voltei para a sala e me sentei e comecei a assistir a novela que passava na rede Globo, ouvi o barulho da chuva e senti o frio percorrer sob meus braços, me levantei e fui até o quarto onde ele estava dormindo, calmamente, como uma criança todo espalhado na cama, nem parece que colocou uma arma na minha cabeça na intenção de fazer eu comer. Ele não havia me dado blusas de frio, então peguei uma camisa xadrez de mangas longas que provavelmente era dele.

Voltei pra sala e meu estômago roncava de fome, olhei o que tinha na cozinha e decidi fazer Strogonoff. Cortei o frango e o joguei na panela, temperei com sal, alho, azeite, cheiro verde, tomates e cebola, após alguns minutos o frango já estava frito e eu joguei as duas caixinhas de creme de leite, uma colher de mostarda, e meio saquinho de molho de tomate. Fiz o arroz e e minha janta estava pronta.

-o cheiro está muito bom- a voz dele me assusta

-eu sei- falo e coloco minha comida do prato

-você nem é convencida- ele fala pegando um prato e colocando a sua comida também, logo se sentou na mesa

-eu só afirmei o que você havia dito- dei os talheres e o copo para ele- quer batata palha?

-não, valeu- ele fala e eu coloco o refrigerante no copo para mim e para ele

Me sento e começo a comer, modéstia parte a minha comida estava muito boa. Não trocamos uma palavra, mas sentia seu olhar sob mim, e isso não me incomodava mais como antes

-tomou o remédio?- ele pergunta

-sim, obrigado por ir comprar- falo sem olhar para ele

-por que você nunca olha para mim?- meu coração acelera- eu te dou medo?

-nenhum pouco- encaro ele- mas minha mãe me ensinou a não encarar as pessoas, pois é um gesto feio- volto meu olhar ao prato

-e onde está sua mãe?- ele insiste em manter uma intimidade entre nós

-morta- falo seca

-sinto muito- seu tom de voz muda

-é, eu também- me levanto e levo meu prato a pia, saio da cozinha e vou até o banheiro

Tomo banho e escovo os dentes, tomo mais uma vez o remédio pois a dor já havia voltado. Me visto e deito na cama, meu coração está apertado, não gosto de tocar no assunto de minha mãe, gosto de deixá-la descansar em paz

°°°

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