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Talvez eu esteja sofrendo muito por pouco, talvez não seja tão ruim assim, ele me ama, devo começar a amar ele? Agora há uma criança envolvida. Um feto, um ser vivo, um bebê. A cada dia que se passa tudo se torna mais cansativo, e agora, isso. Abortar? Talvez esse fosse uma boa escolha, ou talvez não, não consigo pensar, esse foi o momento que eu sempre quis? Me casar, ter um filho, minha casa. Não, de certa forma odeio essa situação

-positivo?- Bruna esbanjava alegria- estou tão feliz, tenho certeza que Caio também vai ficar

-não, ele não vai ficar sabendo- olhava fixamente para frente, as ruas ficaram desertas de uma hora para a outra

-como assim? Uma hora ele vai acabar descobrindo amiga- ela falava, a voz dela me irritava, pra falar a verdade, tudo me irritava profundamente naquele momento

-não Bruna, não vai- respondi, parando na esquina de casa- por favor, não conte a ninguém

-tudo bem- ela cobriu a cabeça de Bernardo por conta do vento que estava forte

°°°

Ao chegar em casa, não encontrei Caio. Meu coração doía, muito, era como se um buraco tivesse se aberto dentro do meu peito e eu não sei o que fazer, estou com uma ferida aberta, e querendo ou não, ela nunca vai cicatrizar. Eu só quero chorar, me afogar em minhas próprias lágrimas.

-Oi lorinha- a voz dele me tira de meus pensamentos- como foi seu dia?

-foi normal- respondi

-eu provei o terno- ele se jogou no sofá e me encarou- amanhã vou ir buscar

-ok- dialogar era algo difícil pra mim naquele momento

-você tá bem? Tá de TPM?- ele deu risada

-só um pouco de dor de cabeça- respondi, e senti meus olhos marejados

-vai dormir loirinha, os dias daqui pra frente serão um pouco cansativos- ele liga a TV

-ainda está cedo- eram 18h da tarde- daqui a pouco vou

-de boa, vou tomar um banho- ele se levanta e vai andando até entrar no quarto

Não sei o que estou sentindo, são muitos sentimentos, nada que conforte meu coração, e eu odeio essa situação, não posso desejar morrer, pois há outra vida dentro de mim, me sinto estúpida e fraca, muito fraca, é como se meus ossos fossem de gelo, e a qualquer momento pudessem se quebrar, assim como o órgão que pulsa sangue para todo meu corpo. Maldito coração, sentimentos fúteis.

Amor De TraficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora