Caio ainda estava do meu lado, dormindo, calmamente. Eu estava com dor ainda, mas o pior, não é a dor física, e sim a emocional, eu estava com nojo de mim. Eu passei a noite em claro, pensando em somente uma coisa
Não usamos camisinha
De certa forma forma estava com medo, mas sei que Deus não me daria um filho deste homem. Com dificuldade me levantei da cama, fui até o banheiro e me encarei no espelho, estou tão branca quanto antes, minhas clavículas estão saltadas e as olheiras debaixo dos meus olhos são evidentes. Estou exausta. Tirei minha roupa e pude ver que minha calcinha estava manchada de sangue, eu sabia que isso iria acontecer, na escola já havia aprendido que sangraria, também estava ciente de que iria doer, não tive nenhuma surpresa.
Entrei debaixo do chuveiro e fiquei, fiquei ali durante uns 10 minutos, precisava tirar toda aquela impureza dos toques dele em mim. Me sequei e me enrolei na toalha, quando voltei para o quarto Caio não estava mais na cama. Peguei uma roupa qualquer e me troquei, com mais dificuldade ainda me sentei, eu queria esquecer a noite passada.
-Bom dia loirinha- ele diz entrando no quarto- dormiu bem?- ele deposita um beijo molhado em minha bochecha
-Sim, e você?- perguntei
-muito bem, eu gostei muito de ontem, gostei de você ter confiado em mim- ele sorri- eu te machuquei?
-não- eu menti, mas eu sinceramente precisava daquilo
-que bom- ele vai até o guarda roupa e pega uma camisa e logo a veste- vou dar uma saída, volto mais tarde
-ta bom- eu disse e ele saiu do quarto me deixando novamente com meus pensamentos, que me dominavam cada vez mais
°°°
A noite já havia chegado, mas Caio não. Eu passei o dia deitada, levantar da cama se tornou algo horrível para mim, se quer comi hoje. Eu estava com uma ferida aberta, e querendo ou não, ela nunca iria cicatrizar.
-Livia?- ouço a voz dele me chamando- quer sair? Comer na pracinha
-Quero- rapidamente me levantei, eu adoraria sentir o ar fora desta casa
Saímos de casa, andando mesmo fomos até a pracinha que ficava na rua debaixo, lá havia muitos vendedores, inclusive um senhor que vendia cachorro quente prensado, eu adorava comer isso com o Pê, de quarta feira sempre vínhamos aqui
-quer quantos?- ele perguntou
-só um- falei me sentando em uma mesinha de plástico que havia ali
-ta, não sai daí- ele disse e eu balancei a cabeça concordado
Esse seria o momento, eu poderia sair correndo, mas ele provavelmente está armado, e seria fácil de atirar em mim. Havia alguns jovens ali, fumando maconha, e um deles se aproximou de mim
-Boa noite- ele disse sorrindo
-oi- respondi, talvez um pouco seca
-você é muito bonita- ele disse e eu sorri
-valeu- disse ainda sorrindo
-quer ficar ali- ele aponta para a rodinha de jovens- comigo e com meus amigos
-obrigada, mas eu não gosto do cheiro de maconha e...- antes de eu terminar de falar ele me interrompeu
-eu mando eles apagar o baseado- ele apaga o cigarro de maconha que havia em sua mão
-e, eu estou acompanhada- enfim falei
-poxa, fica pra próxima então- ele saiu andando
Por que todos os caras não são assim? É tão difícil respeitar as mulheres como ele fez? Ele respeitou o fato de eu não gostar de maconha e o fato de estar acompanhada, ele só, concordou e saiu.
-quem era?- Caio me tira de meus pensamentos
-não sei- peguei um dos cachorros quentes de sua mão
-ja falei que não gosto de você conversando com outros caras- ele disse emburrado
-calma bobinho- sorrio- ele só veio me oferecer, aquilo que ele estava fumando, maconha
-entendi- ele disse- que bom que não aceitou, é feio mulher que fuma, e bastante nojento- machista!
Eu apenas balancei a cabeça concordando e comecei a comer, ele também havia comprado coca. Não conversamos muito, o silêncio reinava entre nós dois.
-Liviaaaa- ouço a voz de Bruna
-oi- sorrio- tudo bem?
-tudo sim, e com vocês?- ela segurava o Bernardo e César carregava a bolsa do bebê
-estamos bem- Caio respondeu- onde vocês estavam?
- na casa da mãe dela- césar puxa uma cadeira e se senta com a gente
Conversamos bastante, e eu, toda boba como sempre, segurei o Bernardo, e acabei fazendo ele dormir, aquele menino era tão fofo, poderia roubar para mim. Fomos embora, pois já havia passado das 22h da noite. Caminhamos lentamente, até que tomei coragem e falei
-amanha, eu posso sair?- perguntei meio insegura
-pra onde?- olhando, para frente ele pergunta
-queria ver meu pai- meu coração estava prestes a explodir
-não- assim que ouvi sua resposta, fiquei relativamente triste, gostaria de voltar a minha casa, sei lá, pegar algumas coisas minhas, ver aquele velho
O restante do caminho foi em silêncio, ele segurou minha mão, eu ainda não estava confortável com ele me tocando, mas não queria recuar
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Amor De Traficante
Teen FictionAos 19 anos Lívia é submetida a sua pior experiência de vida, mas isso só deixou mais claro o quão forte ela é. Dada como uma forma de quitar uma dívida de seu pai, Lívia foi morar com um dos traficantes do Rio de janeiro. Um homem machista, agressi...