Where I belong

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As vezes , um simples ato é capaz de mover montanhas, descongelar o mais frio coração. Há quem diga , que um singelo e simples sorriso possa trazer luz para qualquer alma escura. Eu sou prova disso, pois uma das pessoas que é capaz de levar minha alma para luz grita meu nome. Uma das vozes que transforma a fera em homem. Congelo, meu ser responde à ela. Minha doce Camélia, minha mãe. Minha Gennevivie. Não sou dona do meu corpo, nem dona de mim. Eu viro e a encaro, foi como ver parte da minha vida em pessoa. Meus passos se tornam largos e , sinto a necessidade extrema de acabar com a distância entre nós duas.Nos seus braços me sinto em paz, me sinto em casa. Meu lar. Eu a abraço tão forte quanto eu posso, assim como ela fazia comigo no passado. Ela beija cada centímetro do meu rosto, passa as mãos no meu cabelo e olha no fundo dos meus olhos. Ela é meu oceano pacífico. Senti como se tivesse finalmente acordada para a vida. Minha mãe é vida.

-Minha Katherine! Minha menininha!- Arfa. Mamãe não sabe se sorrir ou chora, totalmente feliz em me ter na segurança de seu abraço. Eu não poderia ter mãe melhor, juro que não poderia.

-Mãe...- Falo com adoração e todo o sentimento puro que há em mim.

-Kathie. Minha Kathie.- Sorrir docemente.- Minha menininha inconstante e instável. Minha assassina.

-Eu senti sua falta, mãe. Senti muito.-Tento conter o meu choro.- Eu te amo, Dona Camélia.

-Como é bom ouvir esse nome. Eu também te amo, querida.- Sorrir para mim. Enxuga suas lágrimas que banham seu rosto sorridente.- Tem alguém que está a sua espera.

A encaro um pouco confusa, sei que muita gente sentiu minha falta, mas não conseguia adivinhar quem.Mamãe pega minha mão e me puxa consigo. Não paro de olhá-la, nem por um segundo. Eu desvio o olhar para frente. Lá estava , minha outra definição de felicidade. Outra parte de mim. Meu pai. O cara que eu amei , aprendi a amar. Me ensinou que até as piores pessoas são capazes de amar. Eu o amei por seus defeitos , e por sua barba que me fazem cócegas. Com ele não precisa de muito, nem palavras ou declarações de afeto. O seu olhar basta para eu entender que o amor dele por mim é imensurável e infinito. É o suficiente para saber que ele me ama. Azul no azul. O encontro de dois oceanos agitados , que ao se encontrar , é a calmaria.Papai não me abraça de imediato. Fica me olhando, creio que esteja tendo sua melhor visão. Ele sempre diz isso. Estende a mão e toca de leve meu rosto, contornando cada traço meu. Fecho os olhos, apreciando melhor o ato.

-Não.- Fala em reprovação. Eu o encaro sem entender.- Não feche seus olhos. Estive sem eles por tempo demais....Sem meu céu particular.

-Não fecharei, papai.

-Katherine... Minha doce , Katherine.-Fala calmamente. Soa como uma oração, um chamado de amor. Papai chora, não algo que ele faça com frequencia. Enxugo as primeiras lágrimas que caem.

-Senti sua falta.

Sou puxada pra um abraço inesperado. Assim como me senti com a mamãe, me sinto com ele agora.

-Eu estive morto, incompleto sem você aqui.

-Não será tão fácil me tirar de vocês.

-Estou começando a acreditar nisso.-Sorrir.

-Katherine? - Mamãe me chama.- Tem mais gente aqui que quer matar a saudade.

Eu nem preciso perguntar. Olho para toda razão da minha existência. O ar que eu respiro. Eles são os meus batimentos cardíacos. Não consigo acreditar que são meus. Meus! Meu coração batendo fora do peito. Ando até eles, contando os passos, prendendo minha respiração. Sinto o ar quente, mesmo com o frio. Olhar para eles, sem poder conter minhas lágrimas é quase impossível. Paro. Encaro meu doce Alex. Meu menino , que agora é crescido. Eu sei o que meu pai sente quando olha em meus olhos, por que sinto o mesmo quando olho os olhos do Alex ou da Mackie. São inconfundiveis. Toco no seu rosto, repetindo o que meu pai fez comigo. Meu coração escurece, dói. Eu deixei uma criança e agora ele está...crescido. Malditos dez anos.

Reborn (RETIRADA 10/12)Onde histórias criam vida. Descubra agora