XXV

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Theo olhava pela janela, mais uma vez.

Lyra saiu tão rápido que mal teve tempo de se despedir dele. Só trocaram um abraço e um beijo leve enquanto Lílian buscava as armas.

Ele não costumava acreditar nessas coisas, mas tinha a impressão de que algo ruim aconteceria. E Lyra tão longe dele, e ele sem poder fazer nada, preso ali, inútil, fitando a escuridão e os homens fardados montando guarda aqui e lá.

— Ei, ei. Não se preocupe, Theo. – Lílian apertou seu ombro. O toque era firme e acolhedor. – Lyra é forte, vai dar conta disso.

— Não sei se você entenderia, Lílian…

— Entendo sim. Eu fico assim quando Daniel vai a qualquer incursão.

— Daniel?

— Meu namorado. – Lílian sorriu.

— Você nunca fala dele. – Theo a olhou, curioso.

— Ah. É que… evito pensar nele e no que ele está sentindo agora. Ele e meu pai devem estar apostando quem chora mais. – ela riu.

— Não ria, isso é sério. – Theo a cortou.

— Sim. Mas tenho certeza de que os dois viraram amigos íntimos, e reviraram Ethernia de cabeça pra baixo atrás de mim. – ela suspirou.

— Seu pai sabia… que vocês estavam juntos?

— Sabia, mas fingia que não. Eu contei pra ele, sabe? Só que ele resolveu fingir que nada estava acontecendo até o dia que Daniel fosse pedir minha mão. Tudo ia super bem. Mãe ama ele, e Ian não pode vê-lo no castelo que corre atrás feito um doido. Mas o cavaleiro certinho – suspirou – jurou que só ia pedir minha mão quando virasse primeiro-general e tivesse total confiança de meu pai.

Theo riu.

— Homens assim são raros. – ele disse. – veja só, eu não sou assim.

— Tio Raz não é chato. Só você o fazer rir um ou duas vezes e pronto.

— Creio que eu não vá conhecer seu tio Raz. – ele tentou disfarçar o tom.

— Até onde eu conheço Lady Lyra… – ela parou.

— Lady Lyra…? – Theo a olhou, e viu que ela olhava fixamente para um ponto.

Olhou na mesma direção que ela, e não viu nada.

— Um, dois. Três e quatro. Infernos.

Theo nunca ouviu aquele tom na voz de Lílian, e quando pensou em falar algo, ela havia desaparecido.

— Arch! – Theo chamou, e ele andou até a janela.

— Tem alguma coisa estranha por aqui? Lílian viu algo e desapareceu.

Archie forçou a visão em todo o perímetro e não viu nada de mais. Só os homens, andando, pra lá e pra cá, e pra lá…

— Ali. Tem um cara caído. – apontou. – E mais um. Mais outro…

— É uma invasão, Arch. – Theo o encarou, sério.

— Por que viriam aqui? Não há nada, a não ser que eles queiram levar o Chris… – Archie olhou de soslaio para onde o professor conversava com Liv e Chris.

— Porque o cilindro original está aqui. – Lílian disse, e Theo se virou imediatamente.

Ela estava com o arco nas mãos, e o baú de armas nos pés.

— Defendam-se. Eu sou uma só. E quando eu digo para se defenderem, não é para vocês saírem correndo atrás dos autômatos. – o tom dela foi sério, frio.

O Orbe de Reidhas - Legend of Raython, spin-off #1Onde histórias criam vida. Descubra agora