Zootopia : como é grande o meu amor por você

Capítulo 8 : Caindo a ficha

Durante a música, rolou um forte clima entre os dois. Nessa hora seus olhares se encontraram e cada um olhou no fundo dos olhos do outro, enxergando os seus corações. Os dois ainda tinham medo um do outro, quando o assunto era namoro, e recusavam aceitar que um gostava do outro, mas aquela música, naquele momento fez que os corações dos dois batessem no mesmo ritmo. Começaram a se entregar à esse sentimento estranho e logo estavam suspirando de amor. Ignoraram a comida, o restaurante, as pessoas... o que realmente importava era apenas a música e os olhos brilhantes dos dois que não se separavam.
Ficaram assim, em silêncio absoluto até a música acabar, como se estivessem hipnotizados.
Apenas um toque de focinho, mais nada, selou aquele momento que ficaria pra sempre, não nas suas memórias, mas em seus corações.
Terminado esse momento mágico, os dois voltaram a jantar e logo que terminaram de comer foram até a portaria para pagar a conta.
Nick foi gentil e pagou a conta de Judy, ele parecia estar meio fora do ar, mas a coelha desconfiou que fosse mais uma de suas brincadeiras sem graça.
Foram para o carro de mãos dadas e andando devagar, sentiam que estavam caminhando por cima de nuvens.

-Coelha...
Disse Nick logo que entrou no carro e concluiu:
-Precisamos conversar.

Judy ficou meio assustada e perguntou à raposa o que tinha acontecido. Nick, por sua vez, não sabia como dizer o que estava sentindo por dentro mas, fazendo força para não repudiar esse sentimento, disse segurando a coelha pelos ombros, fechando os braços de Judy e, volta e meia, chacoalhando o corpo da coelhinha, como se estivesse à ameaçando:

-Não sei se você vai me entender. Mas mesmo assim... eu realmente senti algo por você aquela hora, à alguns minutos atrás. Não sei se foi a canção ou qualquer outra coisa, mas o que eu senti no meu peito aquela hora....só sei dizer que a única pessoa que existia no mundo, pra mim, era você. Que a coisa mais bela desse mundo era seus olhos liláses e que o lugar onde eu mais queria estar era com você naquela hora.

Judy ficou sem graça afastou as mãos de Nick de seus ombros, olhou para baixo, mirando o nada e respondeu desapontada:

-Olha, Nick. Essa foi uma bela declaração de amor, ou sei lá, pode ter sido uma brincadeira sem graça mas... quero que entenda que eu te amo muito também mas que eu ainda não estou pronta pra namorar.

Nick apenas franziu a testa desconcertado e respondeu com raiva, voltando a ser frio como antes:

-Te disse que senti alguma coisa por você, Judy, e falei sério.
Mas não te cantei para começar-mos um namoro. Tira isso da sua cabeça, coelhinha. E de uma vez por todas, por mais que eu goste, cuide de você e te trate bem, eu definitivamente não te amo.

Judy ficou triste, não esperava que aquela noite maravilhosa fosse acabar dessa maneira.
Simplesmente ligou o carro e foram pra casa. Um silêncio pertubador tomou conta dos dois e o sentimento de raiva de Nick fazia o carro ficar com um clima pesado, fazendo com que Judy nem olhasse para a raposa, de tão magoada que ela estava.
Chegando na porta da casa de Nick ela destrancou a porta do carro mas antes da raposa sair ela disse:

-Nick, espere.

Nick empinou as orelhas, surpreso, e voltou-se para Judy, que desabafou:

-Precisamos conversar. Queria dizer que também senti algo por você aquela hora, aliás durante todo o dia. Desde a conversa que tivemos ontem, um sentimento de amor, de... sei lá o que, tomou conta do meu pequeno coração de coelha. Não sei como vai receber isso, mas antes de mais nada, não quero te namorar ainda porque tenho muito medo da minha família. E antes que você venha encher o meus ouvidos com bobagens, que o amor não existe e que não sei o que mais, como você fez a cinco minutos atrás, eu quero dizer que amor existe sim, quer você aceite isso ou não, e é isso que eu sinto por você, mas que eu esperava que você fosse menos ingrato. Hoje naquela casa, morri de medo ao descobrir que o bandido se tratava de um fanático por Bellwheter, morri de medo de te perder, Nick. Eu só segui em frente por que acreditei que do mesmo jeito que eu sentia algo por você, você sentia algo por mim, e por isso ia se cuidar. Você me decepcionou, Nick. Confesso também que naquela casa, a cada passo que eu dava eu repetia: é pelo amor. E você me retribui assim? Eu não te chamei para sair porque quero te namorar. Eu te chamei para sair para comemorar o simples fato de você estar vivo agora.
Você me magoou muito essa noite, que até então estava sendo a noite perfeita. Bem, Nicholas, você pode pagar quantos restaurantes você quiser, quantas vezes você quiser, mas enquanto você não parar de olhar para si mesmo e se importar pelos sentimentos dos outros... Você jamais terá alguem do seu lado.
Agora, antes que fale qualquer coisa, qualquer besteira, desce do carro e vai dormir. Reflita bem suas ações durante essa noite e fale o que você quiser amanhã. Mas pense bem, porque essa conversa de amanhã pode ser a nossa última conversa para sempre.

Nick se assustou com Judy e respondeu, já magoado:

-Nossa, Judy. E-eu não sabia que era assim. Desculpe por magoar seus sentimentos, mas por favor não me abandone!!! Se não fosse por você eu não estaria aqui, agora. Me desculpe de verdade. Prometo que vou cuidar melhor de você. E eu te disse também que senti algo por você esta noite. Eu admito, pode ser que eu esteja apaixonado por você, mas por favor, coelhinha, me perdoa?
Judy olhou no fundo dos olhos verdes de Nick, ele assustado, e começou a chorar profundamente, sem barulho mas com muitas lágrimas e muitos soluços, ela abraçou Nick,desejou boa noite e disse:

-Eu te amo.

Nick arregalou os olhos e beijou Judy na cabeça e respondeu:

-Vai ficar tudo bem. Eu prometo.

Dizendo isso saiu do carro, sem olhar para trás, e entrou em casa devagar, sua conciência pesava uma tonelada. Decidiu sentar-se um pouco em sua cama e refletir, mas ao mesmo tempo, tentar esqueçer a imagem da coelha chorando. Uma pequena lágrima começou a surgir nos seus olhos mas ele se recusou a chorar e disse:

-Preciso mesmo é de um banho quente. Nem vou esperar a banheira encher. Vou no chuveiro mesmo.

Nick trancou a casa toda ,pegou a toalha, uma bucha e seu sabonete e entrou no banheiro. Urinou, entrou no box, tirou a roupa, entrou na banheira vazia, já nú, regulou o chuveiro para ''quente'' e respirou fundo. Virou-se de costas para o chuveiro e o ligou.
Derrepente, antes mesmo da primeira gota de água cair em seu pelo, uma forte pontada atingiu seu peito, logo se apoiou na parede e ficou ofegante e a medida que a água caía a dor foi se espalhando para as costelas e depois para a ponta dos dedos das mãos e dos pés. Logo ele nâo aguentou e caiu de joelhos dentro da banheira vazia, fazendo com que a água molhasse todo seu corpo.
Ele se contraía se dor e não sabia o que estava acontecendo, ficou desesperado e tentou gritar por socorro... mas sua voz... ele não tinha forças sequer para gritar. Uma fortíssima dor de cabeça fez com que ele ficasse cada vez mais fraco a ponto de ficar de quatro e depois de bruços, sustentado apenas pelos braços, arrastando as pernas. Junto com essa dor de cabeça veio as lembranças de todos os momentos que esteve com Judy. Desde o momento em que se viram pela primeira vez, até a figura do rosto da coelha desfigurado de tristeza e chorando. As gotas de água quente, pareciam ser de uma cachoeira congelada pelo que sentia.
Ele disse consigo mesmo em seus pensamentos: ''o que foi que eu fiz?'' E se lembrou de toda e cada palavra de amor que Judy disse para ele.
As palavras de Judy ecoavam na sua mente, entraram pelos ouvidos de Nick e correram por todas as suas veias fazêndo-o virar um bolinha de pelos de tanto que ficou arrepiado. Nesse momento seu coração egoísta e frio descongelou e começou a pulsar em um ritmo forte que Nick nunca tinha sentido, seus olhos arregalaram de tal forma que brilhavam como um cristal e disse:

-Não me deixe, cenourinha. Não me deixe. Eu preciso de você... Eu te amo!!!! EU TE AMO!!!! EU TE AMO!!!! Gritava a pobre raposa em desespero que começou a chorar como uma criança.
Pouco a pouco a dor foi sumindo e a água foi ''esquentando'' mas as lágrimas de Nick não paravam.
Ele conseguiu se levantar e fechar o chuveiro. Saiu da banheira correndo, se enxugou e foi dormir chorando, pelado mesmo, pegou uma coberta para não sentir muito frio durante a noite e chorou sózinho madrugada a dentro lamentando pelo amor que recebia todo dia mas que ignorava.

[Tentei anexar uma música mas infelizmente não consegui. Então eu peço que, quando puderem, escutem a música ''Aprender a amar'' de Sandy e Junior e composição de Ricardo Feghali e Nando (integrantes da banda Roupa Nova) e imaginem a cena em que Nick lamenta pelo que fez com Judy e chora.]