Capítulo 6

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Você já parou pra pensar em como a vida seria maravilhosa se você comesse e não engordasse? Eu já, o tempo todo.

Pego o prato com bacon e torradas e levo até a mesa sete.

— Bom apetite. — Sorrio e me afasto para pegar o pedido da moça que mantem a mão levantada.

— Deseja mais alguma coisa?

Eu trabalho em uma lanchonete chamada Diners desde os meus 16 anos. Antes disso eu trabalhava em um pequeno brechó, que infelizmente fechou quando a Sra. Sissy morreu.

Eu não odeio o meu emprego, mas também não amo.

Meu salário, juntamente com as gorjetas, é o que coloca a comida na mesa, então não posso reclamar. Mas tenho que dizer, odeio esse uniforme.

Ele é todo de uma cor horrível, uma espécie de pêssego misturado com laranja e a saia termina alguns centímetros acima do joelho. Odeio mostrar minhas pernas.

Ouço o barulho da porta se abrindo enquanto a moça me pede mais uma xicara de café.

Afasto-me, dando as costas para a entrada e vou pegar o café que acabou de ficar pronto.

A quantidade de cafeína que é produzida aqui é irreal. A todo o momento um café fresquinho fica pronto.

Sirvo a bebida para a mulher tomando café da manhã sozinha e quando me viro meu coração pula uma batida.

Sentado (em uma das minhas mesas) vestido impecável como sempre, está Hardy Wolf.

Toda sua corpulência, seu terno caro e relógio de ouro parecem destoar nesse ambiente, mas mesmo assim sua postura mostra confiança e tranquilidade.

Hardy Wolf é o rei de qualquer lugar que ele vá.

Minha mesa, meu cliente. Droga!

Normalmente quem frequenta o Diners são as pessoas que moram na vizinhança e aqueles sem muito dinheiro, mas que querem comer uma boa comida. Pessoas como o Sr. Wolf não passam nem perto daqui, então não faço a mínima ideia do por que ele está sentado com a expressão de quem frequenta a lanchonete todas as manhãs.

Passo a mão pela testa, limpando o pouco suor que já se acumulou ali. A lanchonete possui ar-condicionado, mas o aparelho está tão velho que não ajuda muito.

Caminho até a mesa do Sr. Wolf, tentando respirar fundo e me manter calma.

— Bom dia! O que deseja? — Minha voz sai meio fraca, mas consigo manter o sorriso simpático que dou para todos que atendo aqui.

Wolf levanta o olhar, sua expressão não muda nem um centímetro ao me ver.

— Srta. Mercy. — Ele me cumprimenta.

Sua pele parece tão fresca, mesmo que ele esteja usando terno e esteja perto dos 28 graus lá fora. Seus cabelos negros estão arrumados perfeitamente e parecem tão macios. Como ele consegue deixa-los assim sem usar gel?

— Srta. Mercy?

— Hum? Sim? — Pergunto e percebo que ele disse alguma coisa enquanto eu estava pateticamente admirando a maciez dos seus cachos.

— Eu disse que gostaria de um pouco de café. — Ele diz, um pouco ríspido.

— Ah sim, claro. Mais alguma coisa?

— Por enquanto não.

Afasto-me e em seguida volto com o seu pedido.

— O que você me recomenda? — Ele pergunta, segurando o pedaço de papel emplastificado como se estivéssemos em um lugar onde o cardápio oferece mais do que cinco opções de café da manhã. Quase rio.

HARDEROnde histórias criam vida. Descubra agora