Duas semanas depois...
É estranho como você acha que certas coisas nunca irão acontecer com você, apenas com os outros, e quando elas de fato acontecem parece que você está dentro de um sonho surreal.
Parece que é a vida de outra pessoa, parece que são as lágrimas de outros olhos, você se sente um estranho em sua própria pele, um forasteiro em sua própria vida.
Olho tristemente para as flores em minha mão e então me ajoelho, colocando-as no túmulo de papai.
Hardy me ajudou muito nas últimas duas semanas. Ele cuidou de todo o funeral e do enterro, fez questão de comprar o caixão mais bonito e a lápide mais cara, o que eu acho uma besteira, já que ninguém vai ver o caixão embaixo da terra mesmo. Mas não disse isso a ele, é claro.
Hardy está tão acostumado a excessos que nunca fizeram parte da minha vida, é um mundo completamente novo para mim, o mundo dele.
Caminho para fora do cemitério e vou para o ponto de ônibus, consigo um lugar sentada e fico observando as pessoas na calçada no lado de fora.
Elas não fazem ideia que minha vida mudou completamente. Nem elas nem as pessoas nesse ônibus. Ninguém sabe, elas simplesmente continuam com suas vidas ignorantes ao fato de que eu não tenho mais família.
Quando desço do ônibus vou caminhando do ponto até minha casa, vou tão distraidamente que só percebo o carro de Hardy quando estou passando por sua traseira.
Ele está apoiado na frente com os braços cruzados e quando me vê se afasta do carro e descruza os braços.
— Oi, estava te esperando. — Ele diz e me dá um selinho nos lábios.
— Fui levar flores para o túmulo dele.
— Como você está, amor? — Ele pergunta e acaricia meu braço.
— Acho que estou melhor, o choque está passando.
— Entendo.
— Quer entrar? — Pergunto.
— Claro.
Assim que abro a porta e entro em casa, Hardy repara nas caixas de papelão empilhadas perto da porta da sala.
— Nossa, já arrumou as coisas do seu pai? Quanta rapidez!
— Jasper me ajudou. — Respondo sem emoção.
— Engraçado. — Hardy para e dá uma risadinha cínica.
— O que é engraçado?
— Que eu perguntei se você queria ajuda para arrumar as coisas do seu pai e você me disse que queria fazer isso sozinha, no entanto, você aceitou a ajuda do seu amiguinho.
— Eu queria fazer isso sozinha, mas ele passou aqui em casa para ver como eu estava, nós começamos a lembrar velhas histórias do passado e ele acabou me ajudando. Não é grande coisa, Hardy.
— Nossa, como o Jasper é prestativo, não é?
— Não seja cínico, odeio quando você faz isso. E não fale assim do Jasper, ele é meu amigo.
— Grande amigo que ele é, ficou cinco anos sem te procurar. — Ele diz de uma forma que me irrita profundamente.
— Uma amizade verdadeira sobrevive ao tempo. — Respondo. — Você não tem ideia do que o Jasper já fez por mim. Você sabia que ele apanhou várias vezes daqueles garotos que você bateu na lanchonete? Ele apanhava porque me defendia quando eles me chamavam de gorda, de baleia. Se não fosse por ele, eu teria ficado completamente sozinha e desprotegida.

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HARDER
RomancePROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS! Bônus do livro Reaching You, contando a estória do casal Hardy e Laura.