Garota Besta-Fera & Outros Contos Adaptados (Sob Revisão)

(Garota Besta-Fera) - O Amor é uma aliança?

Quando você chega a um ponto em que caminhos se cruzam é hora de apelar para sua inteligência, emocional ou racional, precisa fazer uma escolha de qualquer jeito e eu fiz a minha. Não vou dizer que achei fácil, mas entre o fácil e o digno fiz o digno, pelo menos uma vez na vida.

Pela primeira vez senti que seria constantemente colocada a prova em situações assim, já que aquilo seria recorrente e eu teria que me adaptar,pois, meu pai não fazia parte desse mundo, minha cidade não faria parte desse mundo e a Bella também nunca faria.

Isso foi o que conclui pouco antes do fim da nossa ceia.

- Você precisa de um novo nome, e uma mudança. O que vamos fazer por aqui não será bem visto, depois de encerrado batemos em retirada para longe.- dizia Fera, transformado em homem, Clauss, depois de recolher os talheres da mesa. - Clark está perdido agora. Precisa deixá-lo ir agora.

- Eu sei, não queria ter que acreditar muito nisso mas, é o único jeito.- suspirei.

Deixei um garfo escorregar quando ele pegou minha mão abruptamente.

- Bella, você sabe que a minha vida não foi fácil, defender a minha liberdade e também indiretamente a sua, me fez perder muito do que eu tinha. Por favor, não deixe que isso deixe você medrosa, você precisa encarar isso por tudo o que já passou. E por mim também.

- Você me jogou nessa.

- Já estava fadada a isso Bella. Sua avó previu.

- E se estivesse errada?

- Uma bruxa mediadora jamais está, Bella.

- Mas tenho o sangue dela, herdei seus poderes, não posso decidir por mim mesma?

- Pode. Mas não vai adiantar mudar a profecia.

- Profecia?

- Quando selamos com sangue, o pacto se tornou uma profecia, ia acontecer, fosse você ou não, caso eu falhasse, preferi arriscar que fosse, pra acabar logo com isso.

Puxei minha mão de volta e vi seus olhos incandescentes me olhando.

- Você não podia fugir Bella, tudo o que você fez desde o começo, seu pai sempre foi bom, mas preferiu ignorar a atitude dele e ser como sua mãe. Você escreveu isso. Entenda e aceite, vai ser melhor pra sua cabecinha.

Fiquei com ódio pelas suas palavras mas ele estava certo. Hora de engolir a velha Bella e aceitar que eu a tinha feito um monstro, bem antes de ser uma Besta.

Passei o resto da noite revirando na cama pensando em Clark, de vez enquanto me surgia Tray na mente mas desaparecia tão rápido quanto surgia.

O que me deixava assim era pensar no amor... Eu o tinha experimentado? O que eu tinha sentido por ele era amor?

Deitamos cedo naquela noite, na manhã seguinte tínhamos que executar um plano bastante delicado e Clauss queria todos bem descansados. Fácil pra ele que não tinha uma mente cheia de preocupação.

Meu sono foi turbulento quando chegou, sonhei com Clark o tempo todo, ele havia se tornado um vamp e eu não podia mata-lo porque ainda era humana, no fim Clauss se sacrificou por mim e me lembro de ter visto uma tatuagem de rosa nas suas costas fechar quando o virei para ver a ferida e um uivo sinistro ecoar na mesma hora em que ele morria.

Acordei antes de amanhecer e procurei imediatamente por Clauss.

Sua porta estava entreaberta, bati e ele me pediu para entrar.

- Tive um sonho ruim. - disse a ele que permanecia na janela.

- Eu vi.

- Como?

- Aquilo não era um sonho, Bella, era uma projeção do que eu passei a noite pensando. Tenho medo de que o Clark machuque você. - ele disse de uma vez. - Não queria admitir que eu tinha ciúme dele.

- Ciúme pelo quê?

- Ele teve a mulher que amou e eu não.

- O Clark nunca me amou, era paixão.

- Fosse o que fosse, Bella, ele esta pra fazer, isso se já não fez, o que eu fiz de muito errado nessa vida, absolutamente tudo. Ela já deu o primeiro passo e isso que você viu é uma previsão do futuro. Assim que a pessoa faz a sua escolha... Sela tudo que vem depois.

Clauss saiu da janela escura e veio para perto da luz, vi seus olhos cinzentos brilhando como faíscas pela primeira vez, havia nele uma bondade perdida, coisas que eu não via em mim. Não mais.

- Bella. - ele começou.

- Clauss, não fala nada não. Eu acredito em você.

- E o Fera?

- Nele eu penso depois.- sorri pra ele que sorriu de volta.

- Eu não queria ter invadido sua vida assim, mas eu não tinha tempo ou muito jeito com a coisa. Desculpe o temperamento impulsivo. Acho que o Clauss é melhor que o Fera, mas como eu precisava do Fera, não deu pra neutralizar a natureza lupina.

- Tudo bem, sem estresse. Vamos fazer o que agora?

- Quer escutar algumas historias minhas? - ele apontou para uma cadeira.

- Adoraria.

- Então me faça companhia até o sol chegar.

Clauss começou a falar sobre como foram seus primeiros anos de lobo, antes de ser conhecido como Fera. Conforme eu o ouvia ficava pensando em como o sentimento que eu começava a sentir por ele era bem diferente do que sentia pelo Clark. Para ele que fora um homem antigo, o amor é uma espécie de aliança, não uma mercadoria de troca como nós vemos nos anos modernos, e isso irritava profundamente a ele, ainda mais confundir sexo com amor e paixonites com um sentimento sublime e integral que se realiza quando os dois estão na mesma sintonia e querem continuar nessa mesma sintonia. Independente de qualquer coisa.

Fera pode ter sido um vilão, maldito e um escória. Mas já Clauss, era um homem perdido, sem esperança e até solitário. Acho que comecei a acreditar na bondade depois que o ouvi falar de si mesmo, o que era chocante? Descobrir que o amor é uma aliança através de um fugitivo de quase quinhentos anos.