"Eu estarei com você no túmulo
Na noite que você deixar para trás
Sua família.
Quando você ouve minha voz suave
Ecoando em seu túmulo,
Você vai perceber
Que você nunca esteve escondido dos meus olhos.
Eu sou a consciência pura dentro de seu coração,
Com você durante alegria e celebração,
Sofrimento e desespero."
Poema; Lembre-se de mim,
(RUMI, sec. XIII)
...
"Tê-lo deixado naquela situação a mercê de sua loucura não era algo digno de uma esposa, muito menos uma princesa consorte escolhida dentre tantas para governar ao lado do marido na felicidade ou na adversidade, era como um casamento, com milhares de vida no consórcio.
Vlad não tinha um mau caráter, tinha a mesma sede de sangue que eu teria, não era insano, foi levado a insanidade. Fora colocado em uma escolha difícil, agiu como qualquer um de nós reagiria e se atormenta por ter agido como agiu. Ele se foi antes que eu pudesse dizer que o amava, eu sempre dizia, mas naquela noite não pude dizer, quando tive a oportunidade me calei. Vlad sempre soube que era temido, mas umas poucas que foi amado. Criado com um interesse de clã que necessitava de força para se manter no poder foi moldado a gosto e olhos da nobreza, ouviu ordens de ser levado a Adrianopla e viver entre os turcos onde não era seu lugar, imagino os horrores que deve ter visto acontecer aos seus, e quando seu pai e irmão foram mortos teve a certeza que sua cordialidade jamais seria atributo que vencesse uma guerra.
Era levantar uma espada e o brasão do Dragão, era impor sua ordem de extermínio aos que tiraram dele qualquer vestígio de humanidade, o jogaram a Caverna de Draco e selaram seu destino.
Vlad, que mesmo nascido em berço de ouro se fez um guerreiro da plebe? Riam-se os nobres mesquinhos, mas eu respondo sim, quem melhor que a mulher que dividiu com ele a cama para dizer de seus méritos? Defendeu seu povo, e com ele lutou até o fim.
Vlad, o cruel insano e demoníaco que assustou a todos os que batalharam com ele nunca apareceu diante de mim, fosse por respeito a mãe de seu filho, ou por amor a esta mulher. Um dos dois deveria de ser. O fato foi que nunca o vi fora de si, sempre via em seus olhos escuros como a noite o brilho das estrelas que os apaixonados contemplam, sob o seu sorriso o meu maior motivo de orações, o de ouvir a sua voz me chamar para ouvir seus poemas, diante de suas mãos me sentia reconfortada no inverno alto das montanhas.
Vlad foi para mim alguém com quem contei os dias, alguém a quem devotei o mesmo caráter cristão, construí o amor na felicidade e na temperança. Alguém a quem desejo as bênçãos do céu, e que a misericórdia divina regencie da forma correta e benigna como o vejo.
Que meu irmão na graça seja tão amado quanto é temido."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Garota Besta-Fera & Outros Contos Adaptados (Sob Revisão)
Short StoryUma nova versão dos grandes contos! E que tal começarmos com... "A Bela e A Fera?"