Chegando a casa anunciada de Vlad, Romina constatou que realmente se tratava de uma casa de campo retirada bem no meio da floresta, ali dava para se ouvir os grilos e as corujas.
Vlad já tinha mostrado assim seu esconderijo a uma completa estranha que pretendia ser sua salvação, o que lhe surpreendeu foi seu senso de humor sem modéstia.
- Uma casa de campo mesmo? - ela arregalou os olhos.
- Sim, o que esperava?
- Talvez um cemitério, uma tumba, caixão ou uma caverna, nunca uma luxuosa casa de campo ao estilo vitoriano rústico.
- Você é bem engraçada.
- Não gosta?
- Gosto, mas pode ficar muito tênue entre a provocação e o deboche.- ele saiu do carro encarando a porta da casa.
- E o que acontece, Vlad quando você é provocado, me diga? - Romina saiu do carro e os dois se encontraram na frente do veiculo.
Ela se aproximou dele, agora ele sentia a pulsação da sua veia como se fosse a dele...
O cheiro de flores frescas que há meses o deixava em estado de êxtase...
Uma droga tão potente quanto o efeito do sangue no seu corpo amaldiçoado, como ouvir o canto das harpas angelicais mesmo estando no mundo subterrâneo.
Vlad recuou, ela entendeu aquilo como um recado e tirou os olhos dos dele, mas era inevitável o fascínio que ela deixava transparecer que existia da parte dela com relação a ele durante a viagem, curta para tanto mas intensa de poderes.
Vlad sabia que aquele fascínio silencioso era ocasionado como parte da sua sentença, atrair e conseqüentemente...
... Matar.
Tudo o que atraía sempre acaba morto aos seus pés.
Era inevitável.
Mirena tinha ido por culpa dele, perder algo valioso...
Não era perder seu trono. Era perder a pessoa que mais amava de forma trágica a piorar ainda mais a situação.
...
Fazia uma semana que tinham chegado a casa, os dois treinaram durante aqueles dias que se passaram lutas em espadas para fortalecer o reflexo dela, a garota tinha que saber com o que lidava.
- Uau, prata pura e pesada. Posso te machucar com isso?- Romina avaliava uma espada antiga que brilhava a luz das velas.
- Não mais do que eu possa aguentar, vamos apenas treinar, mas nada impede que o faça se quiser.
O cheiro dela ia ficando cada vez mais forte, o sangue correndo rápido, o coração acelerado...
Romina tinha saído da casa da velha com uma sensação estranha no peito, aquele nem de perto parecia com o Vlad que povoou seus sonhos...
Mas se tinha diante de si um exemplar vivo dos imortais teria que aproveitar o máximo que pudesse das informações preciosas do decorrer dos séculos. E se fosse tão mal quanto o original, por que não a tinha matado ainda? Por que precisava dela viva...
Uma doce perdição pensava Vlad e nela descontou toda sua raiva por ter que dividir aquele momento com ela, mas nunca a mesma vida...
Nunca a mesma condição.
Quando terminaram Romina estava em bicas de suor, respirava ofegante enquanto ele nem tinha sentido nada, o que era pura mentira, se iludia debochando da condição humana dela, mas a queria, a ela e tudo o mais que fosse.
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Garota Besta-Fera & Outros Contos Adaptados (Sob Revisão)
Short StoryUma nova versão dos grandes contos! E que tal começarmos com... "A Bela e A Fera?"