(Condessa Drakul) - Lembre-se de mim!

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"Brilhe como o Sol de Tabriz se erguendo no Oriente.

Brilhe como a estrela da vitória.

Brilhe como se todo o universo fosse seu!"

(Remember Me)

Rumi

...


(Por Vlad)

Romina não estava mais com os mesmos olhos que antes, havia uma névoa sobre eles que me deixavam inquieto, seria impressão minha ou a presença de Alexander mudou o seu humor?

Os dois saíram para Tirgoviste sem dar tempo de fazer minhas instruções, Alex era bem esperto mas ainda pecava em detalhes primordiais. Sua capacidade de encantar as pessoas era fascinante, porém era do mesmo modo encantado facilmente.

Falando um pouco mais sobre ele, Alexander nasceu Alexandre (Alecksandre se lê seu nome) na Itália, em Nápoles, no ano de 1857, durante uma ida minha para lá conheci esse garoto bonito e esperto nas vielas da noite napolitana durante uma briga, meu amigo tinha se envolvido com a mulher alheia e o marido enciumado o pegou para um duelo, assisti a briga que não passou de socos e xingamentos até o outro cavalheiro sacar de uma arma e atirar no peito de Alex, deixaram o corpo sangrando no chão e correram para longe, quando o peguei me dizia para entregar sua alma a igreja e queria morrer em paz, o que obviamente não aconteceu, precisava de um aliado e ele seria uma boa companhia, ofereci o preço e a condição, ele aceitou, selamos o pacto. Cuidei dele e o transformaria quando chegasse a hora.

Meses mais tarde já nos encontrávamos em Debrecen quando decidiu cursar economia e ao terminar passou a trabalhar comigo e ganhou seu passaporte dourado.

O bom napolitano também estudante de finanças, de classe média e de boa aparência agora era um doutor em economia de classe alta e elegante, não se envolvendo mais em brigas e aprendendo mais idiomas para o currículo. Alex era um concorrente bravo e eu sabia disso contudo não querendo admitir.

Fiquei do lado do telefone esperando que ligassem a qualquer hora, não ligaram, estariam se dando muito bem o que me causou um incômodo grande no peito, o coração estaria enciumado se não fosse por ter deixado de bater a mais séculos do que eu conto.

Essa sensação de perda iminente, o de andar na contramão, não fazia parte da minha conduta desde que assumi meu lado avesso ao da Condessa, sustentar um humano não era o que eu queria, mas, precisava dela e com isso teria que sustentar a situação por mais um tempo. Depois Alex a teria como combinado.

Romina não era uma mercadoria, que eu usaria e descartaria, não, entretanto, do meu lado a coisa era muito mais perigosa do que para ele. Por isso prefiro que ela fique com quem pode ser melhor.

Quando a noite já caía e nem sinal deles me peguei agoniado diante da lareira fria, andava de um lado a outro, bebia, olhava as paredes até me retirar para a biblioteca e me trancar com meus livros, fiz contas, liguei para as centrais mas a impaciência me corroía a passos largos e comecei a desesperar. Alex sabia muito bem que era perigoso, ainda mais onde estavam.

Peguei o telefone e disquei para minha assistente.

- Ligue para Alex e passe as seguintes informações...

...

(Por Alex)

Vlad não confiava muito em mim, isso eu sabia, mas toda aquela demora dele com relação a alguma atitude diante da nossa demora era uma novidade.

Romina falava muito sobre sua tese, sua vida e eu ouvia tudo sempre muito atento a qualquer detalhe que cheirasse a Vlad. Nada.

Passamos pela rua do endereço e ela ficou bastante quieta, num silêncio medonho que nos dava a impressão de poder cortar o ar com um gesto de dedo, meus sentidos batendo na cabeça e uma voz interior pedindo cautela.

- Viramos a esquerda.- disse ela, eu acatei.

Numa viela escurecida batemos a uma porta, a aldrava enferrujada caiu da mão dela no chão causando um barulho sinistro.

A porta abriu e diante de nós um dos muitos membros da Ordem nos deixou passar com um aceno.

Velas derretidas e manuscritos estavam sob uma mesa de carvalho, quem nos via passar olhava com curiosidade, Romina não falava nada mas sua cabeça era um emaranho de pensamento desconexos, um deles era Vlad...

- Senhores, vieram buscar o que o Lorde pediu?

- Sim.- respondeu ela.

- Pois muito bem.

O escriba devia ter uns cinqüenta anos, cabelos brancos e olhos acinzentados. Ao estender o papel da escritura a Romina segurou sua mão pude ver que seus olhos se encontraram.

Naquela hora saquei que ele era um Sondador.

Romina ficou pálida enquanto olhava profundamente nos olhos do escriba.

O ar pareceu parar a nossa volta, deduzi que voltavam no tempo.

O que acontecia não sei, mas me restava entender o que Vlad queria que eu soubesse com isso.

...

(Por Romina)

"Estava frio, e eu tinha chegado a uma construção antiga, já era crepúsculo e tirei meu capuz para olhar no horizonte. Não demorou algo subiu as paredes e pulou a minha frente, recuei assustada.

- Sou eu. Não tenha medo.

Abaixando o seu capuz me permitiu ver seu rosto, os olhos vermelhos e a boca sem cor...

A voz mais encorpada do que era antes.

- Preciso que me ajude, leve uma boa porção de soldados até o rio, diga para que eles me sigam para onde eu os levar, serão a isca que preciso, mas garanto a eles que nada os afetará.

- Vlad, sabe que isso é extremamente perigoso, a igreja já sabe o que...

- Não me importo. Preciso salvar esse reino do caos. Quero salvar vocês do caos.

- Eu não sei se posso.

- Por mim, Mina.

Ele se aproximou.

- Vlad.

- Sei que pensa que me tornei um monstro, todas as histórias de empalamento, sangue, raiva. Mas me conhece, não conhece? Você sabe que não sou ruim.

- Não justifica Vlad. Você mata, destrói e é cruel.

- Não vai me ajudar?

- Não sei, que garantias eu tenho de que vai mesmo proteger os soldados? Os turcos chegaram na Hungria.

- Me dê a sua mão.

Vlad pegou minha mão esquerda e retirou o anel de casamento que tinha me dado.

- Usarei isso como prova de que apesar de tudo, faço por um bem maior. O seu. Agora reúna os soldados, na floresta. Ao cair da noite.

Vindo para mim, me deixou um beijo na mão e pulou no escuro da noite que já caia.

Segurei minha cruz na mão e desejei que a ira que recaísse sobre mim fosse maior do que a que Vlad teria caso isso saísse errado.

O que nos pegou de surpresa foi um espião. 

A base de sete sacos de ouro que custou a minha vida e acabou de vez com a que Vlad achava que tinha.

Garota Besta-Fera & Outros Contos Adaptados (Sob Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora