(Condessa Drakul) - O Conde

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"Não pense separadamente nesta e na próxima vida, pois uma dá para a outra a partida"

Rumi



Amanheceu um dia lindo, assim que puxei a cortina inundei o quarto com o sol, peguei a mochila pronta para minha viagem a Transilvânia como era o itinerário do tour e parti para o café.

Uma ajuda do site de busca para esclarecer...

A região da Transilvânia é conhecida pela beleza cênica de sua paisagem dos Cárpatos e sua rica história. Nos países que falam a língua inglesa têm sido fortemente associada com vampiros,principalmente devido à influência do romance Drácula de Bram Stoker, bem como suas adaptações cinematográficas posteriores e extensões.

A cidade se localiza no vale do rio Someşul Mic, e também é a capital da província histórica da Transilvânia.

Cluj-Napoca me parecia uma Praga diminuída, menos turística e mais longe do que qualquer coisa, foram penosas 5 horas de viagem. Mas me rendeu uma boa espiada no que era o cenário do mundo vampi...

Depois de mais 5 horas de viagem voltamos para Bucareste. O sol já estava se retirando longe e a noite cairia por completo.

Entrei tomar um banho quando jurei que ouvi o trinco da porta se mexer...

Fechei o registro e fiquei na expectativa de ser apenas uma falsa impressão... 

Houve apenas o silencio...

No quarto olhei através do espelho que a janela estava aberta, devia ser esse o motivo pelo qual achei que tinha ouvido alguém, me aproximei para fechá-la quando vi um morcego e o céu tingido de uma névoa estranha...

O mesmo fato de Londres, agora na Romênia...

Uma chuva forte desabou assim que pisei no mesmo restaurante da noite passada, dessa vez o desconhecido não estava, mas isso não foi suficiente para diminuir a sensação de que alguma coisa iria acontecer naquela noite.

Depois de jantar com a mesma voracidade de antes voltei para o hotel a passos lentos observando as ruas estreitas e com a cabeça longe repensando a idade média do leste europeu.

Abri a porta do hall de entrada do hotel quando meu celular tocou, tive que fechar antes o guarda chuva para poder atendê-lo e ao colocar a mão no bolso para pega-lo escorregou com a falta de capa aderente e caiu no chão deslizando pelo piso indo parar nos pés de alguém.

- Deixe que eu a ajudo. – disse o homem.

Nos abaixamos e nossas mãos se tocaram, houve uma descarga elétrica ali perto e com a sincronia macabra um trovão ecoou lá fora zunindo nossos ouvidos e tremendo os vidros, quando nossos olhos se encontraram um arrepio passou por mim, os clarões de relâmpagos iluminavam aquele olhar denso e indecifrável dele através das janelas com as cortinas balançando, o desconhecido de sotaque inglês, misterioso como um pavão, e que parecia comandar aquela tempestade com seu poder magnético.

- Faz um tempo feio lá fora. – ele disse.

- Faz sim. – concordei.

- Eu nem me apresentei ainda, quanta indelicadeza. Vlad. – ele estendeu a mão.

Apertei-a pensando no príncipe da Valáquia, Vlad Tepes, o empalador teria sido tão charmoso assim? E cadê o bigode? E as estacas?

- Romina, prazer.

- Sua mãe lhe deu um bom nome.

- O seus gostam de impressões fortes, Vlad não é muito comum.

- Na verdade me chamo Vladmir. Vlad é pura formalidade para fazer as pessoas reagirem a minha presença. Meus pais gostavam de nomes misteriosos carregados de histórias.

Reagir mais ainda a sua presença?

O sujeito era orgulhoso pelo que senti. Orgulhoso e bonito, com um sorriso de bochechas, aquele que apenas puxa os cantos da boca sem mostrar os dentes.

Sendo muito gentil nossa conversa se estendeu até a porta do meu quarto, curiosamente ele veio comigo pelas escadas e falava muito sobre a vida de andar de Londres até Bucareste. Como bom empresário que era gostava de ver como andavam as coisas na sua empresa e na filial, ali em Buca.

- Isso deve ser bastante cansativo. – disse ao chegar à porta do meu quarto e presumindo encerrar a conversa.

- Bastante. Romina, você como me contou que é uma historiadora bastante curiosa, gostaria que desse uma olhada em algo para mim.

- Claro. Quando?

- Agora mesmo, se puder, está no meu quarto. Me acompanharia?

Engoli a seco junto com um trovão.

- Sim...

Ele me guiou até os seus aposentos, tirou a chave do bolso e abriu a porta, entrei com o coração em saltos, ele tirou as luvas que usava e jogou a chave em cima de um criado mudo, as suas janelas estavam fechadas...

Quando eu tinha adquirido essa habilidade de ceder tão facilmente a um convite?

O que vi era um quarto que parecia nunca ter recebido um hospede se quer de tão limpo que estava. Ainda bem que ele não tinha visto o meu.

Passando pela cama foi até um criado mudo e tirou alguns papeis de dentro.

- Comprei em um leilão, são cartas de uma jovem, paginas do que suponho ser um diário...

As folhas já bastante amareladas pelo tempo me deixaram perplexa.

Algo não menos do que uns quinhentos anos...

Manuseei com muito cuidado aquilo tudo.

- É uma língua estranha... Gostaria de saber sobre o que é. A historia que conta. - me disse ele com um sorriso estranho na cara.

Um trovão violento chacoalhou as janelas de Vlad, me virei para olhar e percebi que já era hora de partir.

- Vou olhar com todo cuidado.

Peguei os manuscritos emprestados e rumei para o meu quarto imediatamente, com luvas e um pano me coloquei a mastigar aquilo que foi colocado a minha disposição.

O que descobri a cada linha que lia não foi menos aterrador que aquela noite de tempestade.

Garota Besta-Fera & Outros Contos Adaptados (Sob Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora