Capítulo 6

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Na manha seguinte, acordei com dor de cabeça. Tomei três aspirinas, bebi um litro de água e fiquei na banheira por uma hora. Não adiantou nada. A dor continuou durante todo o fim de semana, quando Paige e eu voltamos para a Bates, e imaginei que fosse estresse - por causado meu pai, da escola e de mentir para Simon. Infelizmente, o alívio físico que eu certamente sentiria depois de confessar tudo durante aquela visita seria um consolo muito pequeno.

— Então, me conte mais sobre essa famosa festa — pediu Paige. Ela e Riley estavam alguns passos à frente de Simon e de mim, enquanto caminhávamos pelo campus. — Vai ter jogos?

— E prêmios — Riley respondeu. — E parte do melhor rebanho de Adroscoggin County.

Olhei para Simon.

— Ele está falando de vacas?

— Tecnicamente, é um festival de colheita — ele explicou. — A Bates organiza um todos os anos.

Mais à frente, Riley disse algo que fez Paige rir. Ela se inclinou para a direita, batendo seu ombro no dele.

— Ele não sabe nada sobre o verão passado? — perguntei, baixando a voz.

Simon sacudiu a cabeça.

— Ele viu parte da cobertura no noticiário da tevê, assim como o restante do país, mas não faz ideia de que Paige estava envolvida. Ele acha que ela é sua melhor amiga, que se mudou para Boston para ficar perto de você.

— Ótimo. Se ela quiser que ele saiba de mais alguma coisa, vai contar quando se sentir pronta.

Ele ergueu nossas mãos entrelaçadas e pressionou a boca contra a minha.

— Estou feliz por você estar aqui — disse, os lábios deslizando na minha pele.

Hesitei e então beijei seu rosto.

— Eu também.

Era um dia quente de outono, e o campus estava cheio de gente estudando, tomando sol e indo ao festival ou voltando dele. Enquanto caminhávamos, eu escutava as conversas e as risadas, pensando que todos pareciam muito felizes, muito normais. Tentei me imaginar fazendo as mesmas coisas em um campus universitário no próximo ano – mas não consegui.

— Então, o que vocês acham? — perguntou Riley, quando nos juntamos a ele e a Paige na entrada do festival. — Concurso de espantalho e depois corrida de trator? Ou corrida de trator e depois concurso de espantalho? Ou vamos direto para as maçãs do amor e a cerveja de abóbora?

— Eu daria um passeio de carroça — eu disse, vendo uma longa carroça puxada por cavalos do outro lado do campo. — Se vocês estiverem de acordo.

Todos concordaram. Não nos apressamos para chegar lá, parando no caminho para votar na melhor abóbora entalhada, assistir a uma demonstração de preparação de sidra e provar diferentes variedades de xarope de bordo produzido no local. Depois, finalmente entramos na longa fila para o passeio de carroça; levou mais de trinta minutos para chegarmos ao início da fila, mas a carroça já estava cheia e o próximo passeio só sairia em mais alguns minutos.

— Acho que a gente cabe — disse Riley, observando os espaços entre os passageiros. — A gente pode se espremer um pouco.

— Você não se importa de se sentar no meu colo? — brincou Paige.

— Pelo bem do tempo e da diversão, não. Eu faço esse enorme sacrifício.

Ela riu e Simon olhou para mim, — Vamos — eu disse.

Subimos uma pequena escada e embarcamos pela parte traseira da carroça. Riley seguiu Paige, enquanto ela se desviava de pernas, pés e montes de feno, e, cumprindo sua palavra, sentou-se sobre os joelhos dela quando ela encontrou um lugar perto do cocheiro e dos cavalos. Simon sentou-se no canto traseiro esquerdo da carroça e me puxou gentilmente para seu colo.

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