Capítulo 6 - Declarações

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A semana havia ido embora e quando menos esperei já estava na metade da outra. Esses dias ocorreram diferentes dos outros, eu não passava mais os intervalos dentro de uma biblioteca fazendo os deveres que eram para serem feitos em casa. Ino e Hinata tiveram o prazer de me desvirtuar de minha rotina sem graça e solitária. Elas haviam me incluído em seu grupo, agora formando um trio.

Era meio que estranho no começo e tive receios em certo momento, eu era nova nesse ramo de fazer amizades, eu era péssima. Achei complicado lidar com o jeito e opiniões diferentes de outras pessoas.

Para Ino, estudar era como está pagando os pecados no inferno. Shopping era a sua segunda casa e a segunda maravilha do universo, só perdendo para o salão de beleza. Seu senso consumista era de alguma forma incômodo, pois enquanto ela gastava dinheiro com coisas fúteis que geralmente não precisava, existiam pessoas com dificuldades financeiras, que qualquer centavo fazia falta para o orçamento mensal.

Já Hinata, compartilhávamos a mesma ideia de que um bom estudo era o grande futuro para uma pessoa brilhar no sucesso do profissionalismo. Mas ao mesmo tempo o seu sensor de pessoa festeira falava mais alto, fazendo-a deixar de lado toda a ideia de estudos e focar numa boa farra com bebidas e músicas altas até amanhecer o dia.

Eu não andava muito em shopping para comprar coisas - mesmo que eu quisesse -, não tinha dinheiro sobrando para tal coisa. Eu havia me conformado com a vida de economizar cada centavo para uma urgência maior. Festas? Eu odiava festas. Não me sentia bem num lugar com música alta que pudesse me causar um problema de surdez no futuro, ou beber até atacar o fígado e causar uma onda de vômito a noite inteira, e uma dor de cabeça infeliz por causa de uma ressaca.

Essas coisas pequenas - não tão pequenas - que fazíamos nós três sermos diferentes. Viver em mundos diferentes, com pensamentos diferentes, e situações diferentes do dia a dia.

Ino era linda com seus cabelos loiros e olhos azuis, alegre e líder de torcida. Hinata também era bonita com o seu jeito de boa moça, mas o charme de uma pessoa engraçada. Essas qualidades poderiam fazê-las pessoas metidas, mas não. Isso não as impediu delas terem gostado de minha presença insignificante e aturar minhas pequenas respostas monossílabas, pois mesmo que eu tentasse fazer o contrário, eu não conseguia agir como uma adolescente normal e despachada.

Eu era nova nesse ramo de ter amigas.

Já vi em filmes adolescentes e já li em livros de romance a cumplicidade que uma amiga tem com a outra. Elas compartilham absolutamente tudo, e eu não conseguia fazer o mesmo. Não sabia o que tinha de errado comigo, mas eu não conseguia falar sobre mim - como se tivesse algo de interessante em minha vida -, e muito menos sobre garotos e... sexo.

Esse último tópico fazia-me travar por inteira. Eu só ficava calada, apenas escutando as conversas pervertidas sobre o órgão genital masculino, pedindo internamente para que o chão me engolisse, pois eu não aguentava mais sentir a minha pele pegando fogo pela vergonha que sentia de compartilhar algo tão... constrangedor.

Mas mesmo assim, elas eram boas pessoas.

Não falei mais com Sasuke, quer dizer, eu fingi ignorar o fato dele ter entrado em minha vida de paraquedas. Eu agora tinha consciência do que ele realmente queria de mim.

Ele não me enganava mais.

Era impossível controlar os meus hormônios descontrolados e aquela sensação estranha de frio no estômago quando o via por algumas vezes passar o intervalo comigo e as meninas junto dos seus amigos. Ele até promoveu uma saída para o Joker's com todo mundo na semana passada, mas eu não fui. Ele tentou falar comigo quando tinha oportunidades, mas eu fugia, eu evitava ficar sozinha com ele.

A Garota do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora