Capítulo 17 - Deprimida

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Eu não havia ido para a escola no dia seguinte, para falar a verdade, eu havia acordado aos prantos a madrugada devido ao pesadelo que havia tido. Sonhava que estava na escola e todos riam de mim enquanto apontavam todos os meus defeitos. Minhas amigas também riam, assim como Sasuke, o que mais me doeu era vê-lo dizer que nunca me amou e soletrava lentamente o quanto eu era fracassada. Eu tampava meus ouvidos enquanto me encolhia no chão, não querendo ouvir todos agora dizendo em coro e em voz alta a palavra que não queria mais escutar.

Minha mãe apareceu ao meu quarto e me arrancou daquele pesadelo, não tive ideia de quanto tempo eu fiquei com ela me embalando enquanto eu não conseguia controlar minhas lágrimas que desciam cada vez mais por meu rosto, e eu só queria que aquele sentimento ruim passasse, mas ele não passava.

Demorei para voltar a dormir, tive medo de ter aquele mesmo sonho, mas tudo o que sonhei foi um enorme vazio cheio de nada. Acordei com minha mãe me chamando baixinho, abri os olhos lentamente só para ela dizer que estava indo para o trabalho e que eu não precisava ir para a escola naquela sexta-feira e assim voltei a dormir antes mesmo de ela sair do meu quarto.

Acordei novamente mais tarde naquele dia com meu celular tocando, tentei ignorá-lo por um tempo, e seja lá quem fosse que me ligava desistia para depois de dois minutos voltar a ligar novamente. E vencida pelo cansaço eu levantei da minha cama e o tirei da minha mochila que estava do mesmo jeito que eu havia deixado ontem. Era Ino que ligava, apenas rejeitei sua ligação e não pude deixar de notar que havia várias outras ligações dela e de Hinata, assim como Sasuke. Também havia muitas mensagens de texto e na caixa postal, mas não tinha vontade e nem ânimo para ver nada, ouvi nada e muito menos falar com alguém. Eu só queria ficar só, e foi por isso que optei por desligar o celular e o deixar na mochila mesmo e voltei para minha cama.

Eu não voltei a dormir, apenas fiquei encolhida, enrolada em meu cobertor fitando o nada enquanto sentia as lágrimas mais uma vez descer sem ao menos perceber. Minha mente levava-me ao episódio de ontem, de como aquelas pessoas se divertiam por me ver humilhada, me tratando como se eu fosse um lixo, um nada. E revisando tudo isso novamente eu só podia tirar uma conclusão: Elas estavam certas, eu não era nada e a rejeição daquelas pessoas só mostravam o quanto eu estava sendo uma tola por acreditar que eu podia ser um pouco melhor do que eu era. Eu não passava de um ninguém, a minha existência não valia para nada...

- Sakura?! – A voz de mamãe soou pela casa e não demorou para ela aparecer no meu quarto. – Sakura você ainda está nessa cama?

Pisquei algumas vezes, voltando a realidade e enxergar ela parada a minha frente, me olhando com uma expressão preocupada. E era minha culpa por ela ficar daquele jeito, mamãe não merecia um lixo de filha que eu era.

- Mãe – minha voz soou baixa e descobri-me um pouco e sentei-me na cama. – Pensei que a senhora iria trabalhar?

Mamãe franziu o cenho.

- Eu já trabalhei, fui ao seu colégio falar com a diretora e no seu trabalho.

Foi inevitável a surpresa em meu rosto. Por quanto tempo eu fiquei ali naquela cama?

- Que horas são?

- São quase dezoito horas... você comeu alguma coisa?

Desviei meu rosto para o lado.

- Estou sem fome.

- Você não pode ficar sem comer – a voz de mamãe ficou um pouco mais alta que o normal -, vai acabar ficando doente. Vou preparar algo para você comer e trate de se levantar dessa cama. – Ela se afastou, mas parou no portal e me fitou novamente. – Falei com a sua diretora, e os alunos que fizeram isso com você vão levar punições, eles têm que aprender que tudo tem limite nessa vida e que você tem uma mãe.

A Garota do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora