A Garota do Casaco Vermelho

Capítulo 3

O refeitório do colégio poderia se caracterizar como um zoológico. O modo como todos tentam falar mais alto, chamar mais a atenção. Parece que estamos na selva. Alguns voltaram ao estágio de evolução. Outros nasceram cedo demais. Seria possível colocar cada mesa sob grades e observar as aberrações da natureza. Enjaulem a minha também, não estou fora do complexo de aberração.

Sophia está ao meu lado, andando por entre as mesas. Temos aula de história no próximo período, mas o professor substituto não sabe dar uma aula decente. Decidimos ir embora mais cedo, afinal, de que adianta gastar tempo com algo que nada me acrescentaria?

Percebo que minha amiga não está mais ao meu lado. Olho para trás e ali está ela, com a blusa manchada de suco e uma garota na frente. Aquela garota. Minha vontade é dar risada da situação, arrastar Scott para fora daqui antes que ela comece a dar um escândalo. Alguém precisa avisar que futilidade não leva a nada e que a vida não pode ser levada tão a sério.

A garota ruiva continua em pé, ouvindo Sophia gritar, mas posso ver que seu tamanho diminuiu pela metade. Ela consegue ser extremamente escrota quando quer.

— Vamos, Sophia. – Arrasto-a pelo refeitório.

— Olha bem onde está pisando da próxima vez, garota – ela se refere a ruiva uma última vez por hoje.

Já é a quinta vez que elas se enfrentam. A garota é nova no colégio e tem pouco mais de 1 metro e 60, o que não colabora para sua reputação em uma cidade em que as pessoas são ligeiramente mais altas. No início, fizemos vários trotes, assim como fazemos com todos os calouros. Isso gerou várias risadas, três conjuntos de roupas sujos de tinta azul. E três sorrisos. Mas Sophia sabe onde está o limite e seu objetivo é ultrapassá-lo.

Sophia gosta de se alimentar do medo. Entre ser amada e temida, ela diz, é preciso ser temida. Porque o amor deixa as pessoas livres para irem embora, e o medo faz com que elas fiquem.

— Você parecia uma patricinha mimada – bufo.

— Talvez eu seja uma – ela examina o estrago na blusa.

— Só quando você está em público e quer se tornar a rainha do mundo.

O silêncio paira no ar, mas logo é cortado pela minha risada. Sophia olha em meus olhos e não se aguenta, começa a rir também. Nossas risadas se misturam e ela joga a blusa para longe, em pleno estacionamento do colégio.

— Finalmente você percebeu como isso foi cômico – digo, entre risadas.

— Ok, talvez eu tenha exagerado um pouco.

— Um pouco?!

— Não enche. – Ela me empurra, rindo.

Saímos correndo para o carro antes que alguém a veja seminua e tenhamos mais um problema. E, então, quando estamos acomodadas e com o carro em movimento, tiro a blusa também para acompanhá-la. Nossos olhares se encontram por um tempo maior do que o normal. A música alta acaba quebrando a tensão.

Acabamos chegando em uma praia da cidade. Todos costumam vir aqui durante os finais de semana para os mais diversos luaus, porém, no período de aulas, ela não é tão frequentada. Na areia, só conseguimos ver duas pessoas.

Entramos na praia e sentamos na areia fofa, quase branca. Enquanto estamos paradas ali, olhando o mar indo e voltando, o tempo para. Fico pensando em quantas memórias são trazidas junto com as ondas.

— Você deveria ser assim na maior parte do tempo. Eu não conheço aquela adolescente fútil – murmuro.

Mas ela escuta.

— A Sophia Scott problemática, cheia de nós na cabeça, nunca seria aceita.

— Mas não é você quem critica esse estereótipo?

— Ninguém precisa saber o que há além da superfície. Ninguém precisa lidar com as minhas merdas.

— Eu sei.

Silêncio.

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Olá, meus justiceiros preferidos, como estão?! Finalmente puderam conhecer a Sophia, né? O que estão achando dela? O capítulo foi curtinho mas o próximo sai logo logo <3 

Precisamos falar um pouco mais sobre ela...

Cinco fatos sobre Sophia Scott:

1. Ela veste uma máscara para ser aceita.

2. É a própria bitch.

3. Finge não ligar para opinião alheia.

4. No fundo é um amorzinho.

5. "She got a bad reputation"

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