Capítulo 6

127 12 4
                                    


Desço as escadas. Prendo a respiração quando percebo que minha irmã está na sala, de frente para a televisão.

A Garota do casaco vermelho ataca novamente. Dessa vez, a vítima foi um estudante do colégio Westerley. Exames sanguíneos mostram alto teor de álcool e substâncias presentes na cocaína. Encontramos uma garota no bosque, minutos depois. Por respeito a ela e a sua família, o nome não será citado.

Embora a cidade inteira vá saber daqui algumas horas. Em New Hope, as notícias se espalham rápido.

Ela estava completamente assustada, com o vestido rasgado. Quando o policial a interrogou, tudo o que conseguia fazer era apontar para Dave Williams, o estudante morto. Alegou ter sido estuprada. Disse não ter visto o rosto de quem assassinou o garoto. Apenas avistou o casaco vermelho. O incidente ocorreu próximo a mansão Le Roux.

É claro que eles não citariam a festa. E aqui está o mais novo caso Marin. Mas, dessa vez, ele veste um casaco vermelho.

Sei que minha irmã não pretende tocar no assunto da noite passada, assim como eu pretendo esquecer. Não consigo lidar com isso. Não agora. Tudo o que sinto é nojo de Dave. Agradeço a Garota do casaco vermelho. Se o caso fosse deixado nas mãos da polícia, a menina seria apenas mais uma entre tantas violentadas e esquecidas.

— Precisamos encontrar a Garota do casaco vermelho – Katherine diz, ela sabe que estou na escada assistindo a tudo. – Nós conhecemos o lugar.

O clima pesa no ar quando lembramos dos acontecimentos da noite passada. Quebro o gelo.

— Não vai demorar muito para sabermos quem é a garota que foi estuprada. Precisamos encontrá-la.

— Cuidado. Sua amiga Sophia vai achar que você é doente por estar participando disso – ela se refere ao nosso grupo com desdém, como eu já cheguei a me referir. Diz isso para me provocar.

Ignoro o comentário e ligo para Evan. Em alguns minutos, ele está em casa.

— A casa da Emma com certeza vai estar cercada de policiais. Além da imprensa curiosa, é claro. Precisamos dar um jeito de entrar.

— Emma? – indago ao mesmo tempo em que a gêmea.

— A garota que foi estuprada – relata, como a coisa mais óbvia do mundo.

Realmente, as coisas andaram rápidas demais.

— Não me indigna que isso tenha acontecido. Ela não andava, rebolava. Com aquele vestido extremamente curto, dava pra ver até a cor da calcinha. Não foi à toa que isso aconteceu.

Arregalo os olhos.

— Você, meu melhor amigo, está dizendo que a culpa foi dela? – Minha indignação é gigante.

— Não. Só que ela não deveria andar por aí com jeito de quem quer dar pra todo mundo.

— Eu não acredito no que estou ouvindo. Ela quis se vestir daquele jeito, Evan. Agora, nós temos que usar vestidos até o joelho para não sermos estupradas por caras escrotos e nojentos como ele?

— Ele estava drogado.

— Ele quis usar a droga – Katherine rebate –, e dizem que, nesses momentos, as pessoas mostram o seu verdadeiro eu, não é?!

— Então, você apoia o estuprador? – Quero dar um soco em sua cara com toda a minha força. – Não esperava isso de você. De qualquer um, mas não de você. Que nojo!

— Se eu apoiasse, não estaria aqui agora – afirma com firmeza. – O plano é: primeiro, tentamos entrar na casa de Emma, de alguma forma. Depois, vamos para o bosque.

A Garota do Casaco VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora