A Garota do Casaco Vermelho

Capítulo 27

Esperei tanto tempo para que pudesse sentir essa sensação. Estamos andando emdireção ao lado para lavar o corpo e queimar os casacos mais uma vez. Dessa vez, nãoquero que as chamas queimem minha pele, mas que incendeiem todo o meu ser. Sinto-astocando os pés e eriçando toda a minha pele. Subindo devagar, passando pelo umbigoe fazendo círculos ali. Entramos no lago lado a lado. Ele tira minha blusa. As chamascontinuam a subir. Agora, elas nos envolvem em um círculo. Ficamos apenas de roupasíntimas. Passo as mãos por sua barriga para que o sangue saia, mas não posso negar aeletricidade que me envolve e me faz querer chegar mais perto. Fizemos isso muitasvezes, mas nunca banhamos o outro nem chegamos tão perto assim, apesar de nossoslábios se conhecerem tão bem. 

Ele me empurra para baixo da água, fazendo-me com que molhe o cabelo. Em seguida.Começa a me tocar. No rosto. Nos lábios. Nos ombros. Seus lábios encostam em meupescoço e eu suspiro. Somos dois imãs que não podem se encontrar, mas conseguimos ircontra as leis da física. Nós dois fomos contra todas as leis e fizemos a nossa própria.Eu arfo quando suas mãos encontram perigosamente o elástico da minha calcinha porbaixo da água. Empurro-o para fora do lago. 

- Do que eu deveria te chamar hoje? – sua voz está rouca quando nos deitamos nagrama. 

- Glass. Talvez seja uma mistura. Talvez seja alguém diferente. Mas sou como vidro, játe disse isso, Nick. Mas as coisas mudaram. Eu quero ser quebrada. 

- Eu quero te quebrar. 

- Então me quebre, Nicholas. Quebre cada pedaço de mim. Deixe-me sentir. Faça comque as sombras nos envolva novamente. 

 - Só eu e você. Nossas piores partes se dão tão bem juntas. 

- Não chore, pequena, prometo que não vai doer. 

- Glass? 

- Me quebre, Nick. Por favor, me quebre. E leve junto todas as minhas memórias. 

- Sophia, por que você está fazendo isso? 

Ela se aproxima de mim sem que eu peça. Suas mãos descem pela minha blusa e tocamminha pele. Ela pede para que eu faça o mesmo. E eu faço. 

- Vai me dizer que você nunca teve curiosidade? – seu olhar é perigosamente sexy.Deixo que nossos lábios se encontrem. 

- Sophia, não era para isso acontecer. 

Ela ri. 

- Apenas curta o momento, Scar. – toma mais um gole de sua bebida. 

Eu aproximo minhas mãos de sua cueca. Em cima de sua cueca. Tiramos as peças deroupa que nos impedem de ficarmos ainda mais unidos. Preciso ser quebrada. 

- Minha filha, hoje você vai conhecer um convidado especial. 

- Scar, sou eu, Sophia. O que aconteceu? Você estava se pegando com um cara em umdos quartos lá em cima e simplesmente apagou. Scarlet? Fala comigo, Scarlet. 

- Você não pode continuar fazendo essas coisas, Scarlet. Quer ser o que? A vadia dacidade? 

- Cala a boca, Evan. Você não entende. 

- Katherine, olhe para o outro lado, tá bom? 

Algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas eu sorrio com o torpor enquanto eleaproxima seu membro das minhas pernas. Meu corpo inteiro pulsa e pede por ele. Peçopara ser quebrada em meio as chamas, em meio as sombras. Em meio a escuridão.Unindo os imãs e nossas piores partes, as partes mais escuras de nossos seres. 

- Está tudo bem? – ele pergunta antes de entrar.Sei porque ele pergunta isso. Mas também sei que, quando sentir o auge do poder,quando sentir nossos corpos juntos, nada daquilo terá acontecido. Essas lágrimas sãoapenas o passado se esvaindo de mim. 

- Eu quero ser quebrada. Juro que quero ser estraçalhada. Acabe comigo, Nicholas.Acabe comigo e não me faça implorar – a minha cabeça grita, mas minha voz sai quasenula. 

Estamos repletos de eletricidade. Sinto um choque diferente em cada lugar que ele tocano meu corpo. Sua boca desce pelo pescoço e vai até meus seios. Ele saboreia cadapedaço de mim. Cada pedaço. Grito quando Nicholas finalmente entra e nossos corposcolidem. Nossas memórias colidem. Somos dois em um só. Arranho suas costas a cadachoque. Arranho com força e com força e com mais força. Enquanto estamos ali,deitados. E juntos. E juntos. As chamas fazendo cócegas nos meus pés. A sensação vemquando menos espero e é mais forte do que pensei que seria. Percebo que as costas deNicholas estão sangrando, mas ele não para. Ao em vez disso, segura minha nuca comainda mais força e sei que está sentindo também. Está sentindo essa sensação que nãotem nome. 

O auge vem e nós dois gritamos o nome do outro ao mesmo tempo. Há muita coisaenvolvida em um nome, em uma personalidade. Estou quebrada. Estou destruída. Masgosto desse lado sombrio. Deixo que sua boca encontre a minha e entrelaçamos nossaslínguas da mesma maneira familiar, mas dessa vez há uma necessidade ainda maior.Fico sentada em seu colo e mordo seus lábios e seu pescoço. 

- Glass – sussurra em meu ouvido – continue.

 E eu continuo. Ele agarra minha nuca e me puxa para ainda mais perto. Suas mãosviajam por todo meu corpo. Minhas unhas estão fincadas em suas costas. Minharespiração está pesada e tudo acontece rápido demais. A sensação vem novamente. Opoder está nos envolvendo. É tão forte. É tão intenso.De repente, caímos. Um ao lado do outro. Dentro de nossa própria lei. Caímos com aspernas entrelaçadas e os narizes próximos um do outro. Nossos olhares se cruzam 

- Eu nunca me senti assim antes. 

- O nome disso é sexo, Nicholas – mordo os lábios enquanto levanto para pegar minhasroupas. 

Mas ele me empurra de volta para o gramado. Suas mãos percorrem minha clavícula.Ele sente meus ossos e pode me ver completamente nua, não apenas no sentido literal. 

- Eu não esperei todo esse tempo para acabar em uma vez só – ele abre um sorrisomalicioso – quero te sentir de novo. 

Quero sentir o poder.Não sei se é amor. Não sei se realmente estamos envolvidos. Mas não importa. Tudodepende daquela sensação viciante no auge do torpor. Tudo depende de passadosesquecidos, pactos feitos e justiças duvidosas. Justiças não são duvidosas. A garota docasaco vermelho não era. Ele se levanta e cola seu corpo atrás do meu, em seguida, me vira de costas para o ladoenquanto laça as mãos em minha cintura e se coloca em minha frente. Sorrio atéestarmos novamente submersos.