Capítulo 26

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Uma risada monstruosa sai de dentro de mim quando Nicholas e eu nos sentamospróximo ao cadáver. Uma mulher por volta de trinta anos. A imagem ainda é nítida naminha cabeça. O modo como Nicholas puxava seu colar enquanto eu a segurava pelacintura. E ela arfava. Pedia por socorro. Mas ninguém poderia parar. Meu corpo inteiroestá suando de prazer. Suando com a adrenalina. Os motivos não me importam mais, seique não conseguiria arrancar nada dele. Mais um item da lista é riscado. Sim, um item.Não estamos em um cabaré. Não conheço aquelas pessoas. Mas isso não importa porqueestou cumprindo um pacto. E esse pacto faz com que me sinta bem. Aliviada. Os dedosde Nicholas percorrem o pescoço da vítima e em seguida partem para o meu. Ele seguraminha nuca com força e faz com que nossos lábios se encontrem. Suas mãos vão até aminha perna. Minha virilha. Mas levanto antes que algo aconteça. Preciso de mais. 

Qual é o próximo nome? 

É um açougue cheio de carnes, linguiças e porcos em exibição na parte da frente. Masestamos em busca do porco que comanda o lugar. Um senhor bem velho,aparentemente. Como ele morre? Asfixiado. Enfiamos pedaços de carne crua em suagoela até que ele perca a vida. Isso é justiça? Isso é um pacto e estou o seguindo,respondo para meus pensamentos. Não posso parar. Levamos algumas das carnesrestantes para comer no jantar. 

Quem é a próxima vítima? 

Ela me lembra Isabelle, mas está com uma faca na mão. Lembro-me de seu rosto nasnotícias. Uma menininha que conseguiu matar a família toda com um sorriso no rosto.Não é isso que estou fazendo agora? Abro um sorriso ao segurá-la em meu colo comuma boneca. Faço um movimento de balanço com as duas enquanto Nicholas arranca afaca de sua mão e a enfia na barriga. Meu colo fica inteiro cheio de sangue. Gosto docheiro. Gosto da textura. Gosto da sensação. Nicholas passa a mão em minhas pernasnovamente e leva aos lábios. Sentimos o gosto, juntos. 

Eu não sei o que está acontecendo comigo. Vamos continuar. 

É uma casa de programa pobre, não estamos procurando pela cafetona, mas por elas. Asgarotas. Há de todos os tipos. Ruiva. Loira. Morena. Asiática. Elas não podem viverdesse jeito, Nicholas diz. Eu concordo. O prazer toma conta de cada veia de meu corpo. Eu concordo, Nicholas. Murmuro. Dez nomes são riscados de uma só vez. Elas estãomortas e minhas mãos estão sujas de sangue.

Sangue. Faca. Tiros. O barulho antes do tiro. O líquido vermelho pegajoso escorrendopelo meu corpo. Tocando a sola dos pés. A boca de Nicholas grudada na minha. Aminha boca em seu pescoço. O roxo no meu pescoço. O colar sendo puxado. A fitapreta que cobre a boca de uma das vítimas. E o sangue. Os olhos tornando-se estáticos.A boca sem cor. O rosto pálido. Fantasmas que com certeza me assombraram. Quero serassombrada. Quero sentir o poder. Quero sentí-lo. Sangue. Minha cabeça gira. Eugargalho. Nos olhamos. Sorrisos. Dor. Poder. Prazer. Amor a morte. Amor a vida.Justiça? Pacto. Pacto e justiça. Injustiça. Governo. Polícia. Evan. Sophia. Katherine.Katherine? Estranhos. A Garota do Casaco vermelho. O garoto que veste um casaco preto. Eles precisam apenas um do outro. Um pacto. Lingüiça. Asfixiamento. Veneno.O gatilho. O barulho do gatilho. O tempo que antecede a morte. Antes de apertar ogatilho. O gatilho. Nossos lábios. Nós. Pacto. Casaco Vermelho. Amante. Pacto.Justiça? Pacto. Pacto de Sangue.

A Garota do Casaco VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora