Capítulo 5

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Estou terminando de calçar meu coturno, quando a campainha toca. Sou surpreendida quando abro a porta e não encontro Evan ou Sophia, mas Katherine. Já completamente vestida para a festa, com uma blusa de manga caída, deixando o ombro aparecer.

A garota tenta me acalmar quando faço uma cara de confusão. Há trinta minutos, ela estava sentada na cama do quarto de pijama.

— Decidi ir na casa de uma amiga buscar uma roupa legal.

— Que amiga?

— Você não conhece. Não é do seu grupo.

— E de que lugar surgiu tanta animação?

— Você me enche tanto para ir nessas festas  que decidi fazer pra valer.

Concordo com a cabeça. Sophia me manda uma mensagem, dizendo que o carro está ocupado. Vamos nos encontrar na festa. Chamo minha irmã. Saio e tranco a porta. Entramos no carro. Evan aparece correndo, ofegante.

— Acho que você precisa de um banho. – Dou risada.

— Achei que não fosse conseguir chegar – apoia no carro e respira –, a vaca da minha irmã me disse pra pedir carona.

— Quem é o cara da vez?

Sophia Scott tem a péssima mania de sair distribuindo para a cidade inteira. Ok, a vida é dela, que faça o uso que desejar. O problema é que tudo isso é uma farsa. Ela faz isso para suprir todos os buracos que estão alojados em si. Todas as vezes, sou eu quem seca suas lágrimas.

— Travis.

Dou um risinho de desdém. Travis é novo na cidade. Extremamente malhado, o cabelo bagunçado propositalmente e tudo mais. Parece até aquele cara que saiu de alguns filmes clichês. Sophia diz que ele tenta, mas não consegue. Mas, segundo ela, não importa, só vai usar a parte de baixo. Sou obrigada a ficar calada, não adiantaria confrontá-la.

— Entra logo no carro.

Scott se assusta quando vê minha irmã toda arrumada – como um protesto, ela sempre aparece nas festas de moletom e calça rasgada.

— Aparentemente, hoje é o dia da revolução – comenta.

— Estou assim exatamente pra você – força uma voz sedutora.

— Eu sei o quanto você quer me beijar. – Ele se aproxima.

— E se eu quiser? – Ela chega mais perto.

Quando os lábios estão quase se encontrando, eu buzino e os dois começam a rir vergonhosamente.

— Voltamos para o jardim de infância. – Reviro os olhos.

— Pelo visto, alguém está com ciúmes. – Evan coloca a cabeça no banco da frente e me dá um beijo no rosto, pulando para o assento ao lado do motorista.

Mas, no fundo, estou feliz. Feliz porque ninguém falou Dela ou tocou no assunto de quando eles tinham, de fato, alguma coisa a mais.

Estacionamos o carro e descemos. O piso do estacionamento é feito de pequenas pedrinhas misturadas com asfalto e grama. Não demora muito para encontramos um grande toldo na entrada, cheio de pufes com várias lanternas no meio, bem ao lado da casa. Sorrio. É ali que os jogos acontecem.

Entramos para pegar algumas bebidas. Sozinha, deve ser extremamente bonita, mas com tantas pessoas ali, o teto de vidro perde sua beleza e os espelhos nem aparecem. Se o lado de fora não fosse enorme, nem daria para notar que é uma mansão. Não demora muito e meu copo está cheio de bebida, assim como o de Evan. Não encontro Sophia em lugar algum. Tenho quase certeza de que está em um quarto lá em cima. Imploro para que Scott jogue comigo, ele aceita.

A Garota do Casaco VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora