Desculpa você, leitor paciente dessa humilde história que eu nunca sei se está agradando vocês do jeito que eu quero. Prometo que a partir de agora não terá mais passagens de tempo, eu juro.
Passaram-se sete meses desde que Luke publicou seu livro "Para sempre", e ele já estava sendo chamado para eventos importantes por toda a cidade. Eu não acreditava que seu livro tinha implacado tão rápido. Eu só acompanhava ele pela televisão e pelo facebook, onde eu costumava stalkear para ver se nenhum garoto intrometido tinha entrado na vida dele. Por sorte ninguém se importava realmente com os sentimentos do Luke, não como eu (eu sei isso é muito egoísta), o que tornou ainda mais difícil minhas tentativas de seguir em frente.
Certo dia, eu disse a mim mesmo que iria me divertir com uns amigos da faculdade de Medicina que eu tinha começado a cursar. Muitos até se espantaram com minha decisão, porque era impossível alguém como eu, que adora dançar, de repente mudar de carreira assim. Apesar das críticas e dos maus olhares, eu sabia que tinha algo em mim que me impedia de tornar meu sonho realidade, mas eu decidi que não iria culpar o homem que me criou por ter arruinado a minha vida.
Liguei para Cole, e marquei um encontro no Bar da Senhora Delphine Watson. O nome era grande, mas compensava quando se tratava de Chopp e de outras bebidas que eu costumava pedir durante a noite.
Quando deram sete horas, liguei para Cole vir me buscar e, em poucos minutos ele estacionou na frente do condomínio. Desci pelo elevador, e avisei o porteiro que chegaria tarde. Eu não gostava muito de conversar com ele, mas é que desde a noite em que eu cheguei quase 4 da madrugada, gritando para meu próprio apartamento, ele não larga do meu pé.
Talvez você me ache muito parecido com o Luke, mas é que eu costumo beber para esquecer-se de como ele foi babaca comigo, e sobre como ficamos infelizes depois que ele começou a faculdade.
– Oi Cole. - disse ao entrar no carro.
– E aí Max. Está pronto para essa noite?
– Nunca estou, é por isso que é sem graça.
– Pô cara, não desanima. Essa noite vai ser do caralho!
– Não fala palavrão está bem? Já te disse isso.
– Tudo bem cara.
Cole deu partida no carro e fomos para o bar, que não ficava nem há dois quilômetros de casa.
Bom, eu sei o que muita gente pensa do Cole, mas no fundo ele é um cara legal. Posso admitir que ele talvez seja um pouco irritante quando o assunto é pegadinhas. Certa vez, ele decidiu armar um trote com os calouros do primeiro ano, colocando um cadáver humano sobre a mesa, para que os alunos achassem que o professor estivesse "morto". Ele até que teve sorte, pois ninguém descobriu que foi ele o responsável pela brincadeira de mau gosto. Somente eu, o fiel escudeiro dele, sabia de suas artimanhas por todo o campus.
Assim que chegamos ao bar, fomos para a mesa onde se encontravam alguns outros amigos do nosso clube de Medicina. Clarice com certeza era a mais legal. Tinha seu charme natural, e seu cabelo preto e amarrado com presilha, com certeza a deixava com mais cara de doutora. Pedro era o Nerd da turma, costumava corrigir a todos por causa de seu ávido e amplo vocabulário, mas quando eram assuntos mais pessoais, ele com certeza era o mais engraçado da turma. E por último, tínhamos a Penélope, uma rica e poderosa magnata filha do mais bem-sucedido homem da cidade, e que não tinha necessidade de cursar algo tão comum como medicina, pois ela era rica. Porém, nossa amiga era um amor de pessoa, e se importava demais com os outros, bem ao contrário de muitos que eu conheço.
– E aí galera. – disse Cole já pegando seu lugar ao lado de Penélope, a queridinha dele. – Tudo bem minha gata?
– Não Cole, eu infelizmente estou muito mal, e para você que não se importa com meus problemas, vou ter que te recusar por enquanto. – disse ela tirando a mão de Cole de seus ombros. – Oi Max.
– Oi gente. – respondi vendo que todos ali formavam casais, menos eu, o quinto integrante do grupo que praticamente chupava o dedo quando se tratava de amor.
– Você viu? – perguntou Clarice apontando para a televisão atrás de mim. – O Luke Skywalker vai dar uma palestra hoje sobre o livro dele.
Sentei-me à mesa, tentando evitar olhar para a televisão, mas a cada cinco minutos, alguém do grupo comentava algo sobre o programa que mal tinha começado. Pedi uma cerveja e tentei me enturmar nos assuntos diversos sobre a faculdade e sobre os trabalhos que teríamos que fazer esse ano.
– Bem gente, eu decidi que vou fazer um estágio de um ano na Inglaterra. – comentou Pedro confortando Clarice com um beijo, que parecia estar triste com a notícia.
– Que bom cara. – disse Cole enquanto tentava esgueirar-se em Penélope, que evitava cada movimento dele.
– O que você acha disso Max? – indagou Penélope, ao ver que eu estava distraído.
– O quê? – perguntei sem entender a pergunta.
– O que você acha do Pedro ir viajar?
– Eu... Eu... Sei lá. É uma decisão um pouco complicada, ainda mais porque às vezes, você precisa se desligar de seu passado, para lembrar-se dos motivos pelos quais deve voltar.
Todos naquela mesa me aplaudiram com cara de espanto.
– E eu achando que a Clarice era a romântica do grupo, mas estou vendo que é você.
– Eu só não tive um término legal. – respondi virando meu olhar para a televisão, onde começava o programa da palestra de Luke.
– Boa noite a todos vocês. – disse o apresentador. – Hoje teremos a presença de um convidado um tanto especial que, após publicar sua primeira autobiografia, se formou em letras e alcançou um lugar de respeito na literatura. Por favor, aplausos para Luke Skywalker!
Uma chuva de palmas tomou conta da plateia, e Luke apareceu sentando-se ao lado do apresentador. Assim que as palmas se cessaram, Luke sorriu para o apresentador e para a própria plateia.
– Então Luke. – começou o apresentador. – Como se sente depois da publicação da sua primeira autobiografia?
– Eu me sinto ótimo. – respondeu ele, deixando mais evidentemente a sua mudança de voz. – Estava literalmente perdido quando comecei a escrever o 'Para Sempre', mas depois que a Lightless Editora aprovou meu projeto, eu me senti nas nuvens.
– Na história, você conta sobre suas experiências ao se ver apaixonado por um garoto, conte-nos um pouco mais sobre como foram essas experiências.
– No começo foi difícil. Eu sei que o romance é um pouco cansativo e com muitas coisas clichês, mas até mesmo meu professor disse que um bom romance, se constrói a partir de coisas clichês cheios de melação e muita agonia dos leitores.
– Soube que a sua autobiografia se baseia totalmente em sua vida. O garoto no qual se apaixonou, ele é real?
Luke abaixou um pouco a cabeça e ficou hesitante por alguns momentos, mas logo se ergueu novamente, torcendo para que tudo desse certo.
– Sim. – respondeu tentando não chorar. – Ele é real, mas infelizmente a gente não está mais junto.
Toda a plateia pareceu triste com a notícia, e o apresentador fazia questão de piorar cada vez mais as coisas.
– Por quê? O que os impede de ficar juntos?
Me aproximei da televisão esperando pela resposta de Luke, e não esperava que quase todo mundo do bar estivesse me observando.
– A distância. – respondeu Luke olhando fixamente para a câmera. – A distância nos impede de ficar juntos.
Voltei a sentar-me à mesa, chocado com as palavras que Luke teve coragem de redigir ao que na verdade era culpa dele.
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Ao Infinito (Romance Gay)
Teen FictionSinopse: Luke já está formado e se deu bem em sua atual carreira de escritor. Ele e Max não estão mais juntos, e o mesmo já evita qualquer meio de contato com ele. Quando um homem estranho contata Max afirmando que Luke está fazendo uma besteira abs...