Terno

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Imediatamente liguei para os meus amigos. Eu não queria ter que contar esse problema para Greg primeiro, até porque eu achava que podia resolver, mesmo que as chances de encontrar minha mala novamente eram mínimas.

― Alô? ― perguntou Cole. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

― Oi Cole, sou eu, o Max.

― Max! ― gritou ele fazendo eu afastar o celular um pouco do meu ouvido. ― Você está bem cara? Já chegou em Berlim? Como é aí?

― Calma Cole. Uma pergunta de cada vez.

― Está bem. Como é aí em Berlim?

― É lindo. Esperava que eu chegasse aqui na época de inverno, mas o lançamento tinha que ser hoje.

― Relaxa cara, vai dar tudo certo.

― Na verdade foi por isso que eu liguei.

― O que houve?

― Eu ― tentei esquivar a conversa com um grunhido, mas não deu certo. ― Eu troquei a minha mala com a de alguém no avião.

― O quê!? ― perguntou Cole chocado. ― E o que você fez? Sabe com quem você trocou?

― Eu não fiz nada, acabei de verificar, e não faço ideia de com quem troquei minha mala, como eu iria saber?

― Geralmente as malas vem com etiquetas e...

― Cole, cala a boca. ― disse me irritando. ― Eu não sei o que eu vou fazer, mas preciso contar para o Greg.

― Contar o quê? ― perguntou Greg me assustando. Ele estava somente com um short curto e sem camisa. Fora a toalha, ele estava do mesmo jeito de quando tinha chegado.

― Vou ter que desligar Cole. ― disse apertando o botão vermelho antes que ele tivesse chance de se despedir. ― Oi Greg.

― Desculpa a intromissão, mas não pude deixar de ouvir, aliás, essa casa é minha.

― Eu sei, sinto muito, é que eu abri minha mala agora, e percebi que não é a minha.

― Era só isso? Posso pedir para um segurança meu ir comprar um terno para que não perca sua grande noite. ― disse ele se aproximando de mim.

― Não se preocupe, eu posso fazer isso, preciso ver o terno e vesti-lo antes de comprar.

O sorriso no rosto dele sumiu, mas ele permanecia firme.

― Podemos ir juntos então? ― perguntou ele formalmente.

Apesar de estar receoso, aceitei que ele fosse comigo. Saímos do apartamento depois que ele colocou seu terninho de todas as horas, e fomos de limusine para uma loja da qual não me recordo o nome, porém, sua extravagancia era nada mais nada menos que perfeita.

Quando entramos, fui direto para os ternos, e as diversas cores me chamavam atenção. De ternos clássicos preto a cores beges, eu me fascinava com a variedade daquele lugar. Comecei a olhar os preços, e choquei com a instabilidade daquilo. Era horrível pensar que algo tão simples e comum custasse tão caro. Greg se aproximava e torcia para que eu me decidisse logo, mas toda vez eu acabava não escolhendo só para me afastar dele. De repente encontrei um branco lindo, com poucas rendas pretas e um lindo bolso com um pano vermelho dentro. Greg novamente se aproximou de mim.

― Esse é lindo. ― disse ele. ― Eu levaria.

― Acho que vou ver outros.

― Está dizendo isso por que não gostou, ou por que quer se afastar de mim?

Olhei para ele, e vi um sorriso de "você tentou, mas eu percebi".

― Eu não queria que você achasse que eu estava me afastando, mas vi que não adiantou nada.

― Eu conheço as pessoas. Sei quando elas me querem ou não querem. Sei quando estão com medo.

― Não estou com medo. ― respondi com firmeza.

― Pode não estar, mas sei que vai querer esse terno.

Peguei o mesmo, depois de alguns segundos em que ele mantinha o olhar de superioridade. Olhei o preço e vi que era muito caro.

― Não posso. ― disse para ele. ― Isso é muito caro.

― Max, eu tenho dinheiro, e preciso que execute seu plano, não importa quanto vai custar.

Respirei fundo e fiquei parado enquanto Greg pegava o terno e ia no caixa pagá-lo. Em seguida, voltamos para o apartamento. Claro que no meio do caminho, paramos para comer em um dos restaurantes favoritos dele, o que me deixou surpreso, porque aquele lugar era muito bonito, mas logo voltamos para a limusine e fomos direto para o apartamento. Quando entramos, deixei que Greg fosse até o banheiro enquanto colocava meu terno no sofá para admirá-lo.

De repente, senti algo vibrando levemente em meu bolso, e vi que era o celular do Greg. Peguei-o e vi que notificação era. Era uma mensagem de Luke. Fiquei nervoso e comecei a tremer, mas coloquei o celular de volta, já que Greg poderia chegar a qualquer momento, e ele tinha o histórico de ser bem cauteloso.

Minha respiração tinha ficado mais acelerada, e eu não conseguia controlar o ódio que comecei a sentir de Greg. Para meu azar, ele tinha voltado, e visto meu olhar de fúria.

― O que houve, Max? ― perguntou ele.

Peguei o celular e dei para ele.

― Por que tem o número do Luke, e por que ele está te mandando mensagem?

Greg parecia confuso.

― Eu tenho o número do Luke porque ele é um dos escritores da minha empresa, preciso manter contato, mesmo que eu não queira. ― Greg visualizou a mensagem e, em seguida, mostrou-a para mim. ― Ele quer saber quando eu chegarei ao lançamento.

Fiquei com cara de bobo, não acredito que paguei um mico por isso. Greg não tinha feito nada de errado, e eu só o julgava precipitadamente.

― Desculpa. ― disse enquanto tentava respirar menos ofegante. ― É que...

― Você ama muito ele. ― respondeu Greg, anunciando que deveríamos nos arrumar para a festa.

***

Após me arrumar, me olhei no espelho do banheiro e vi que eu estava muito lindo. E para alguém que não se gaba, eu poderia dizer que o terno fez um enorme milagre. Greg me chamou e, assim que saí, ele me elogiou dizendo que estava digno de um terno de festa.

Fomos então para a limusine e seguimos caminho para o lançamento do livro de Luke, em um museu no centro da cidade. Assim que chegamos, comecei a ficar ansioso, muito ansioso. Meu coração batia muito rápido, e a cada vez que eu respirava, sentia um calor. Quando a porta se abriu, ouvi uma chuva de palmas direcionadas à Greg, que acenava alegremente com seu lindo sorriso branco. Encarei cada uma das pessoas que consegui ver, e eu tentei ao máximo encontrar Luke. Apesar de tentar muito acabei não encontrando, e segui Greg até o centro do evento, onde ele disse que me deixaria sozinho para ele fazer um discurso.

Assim que ele saiu, fui para a mesa de aperitivos e vi algumas variedades. Peguei algo que parecia caviar, e me virei para me misturar na multidão. De repente, eu o vi. Ele estava ali, tomando uma taça de Champagne. Luke estava lindo, e seu terno preto era maravilhoso. Seu cabelo estava penteado, e seu sorriso me deixou sem ar, mas aquela imagem de garoto inocente que estava simplesmente se misturando foi tirada de mim ao ver um homem igualzinho ao Greg beijando Luke na frente de todos.

Ao Infinito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora