Suspeito

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- Max! - gritou Clarice, me fazendo acordar do recente transe em que eu me encontrava.

- Desculpa, eu não estava ouvindo.

- Com certeza você não estava ouvindo, achei que estava paralisado. - comentou Cole, que continuava tentando colocar seu braço em Penélope, ainda sem sucesso.

- Sinto muito gente, é que eu fiquei um pouco paranoico com o programa.

- Um pouco? Você parecia que ia engolir a televisão, e não foi quando o apresentador apareceu.

Percebi que aquela conversa ia me fazer revelar coisas para eles que eu nunca esperava revelar, como minha sexualidade. Eu nunca achei necessário contar que eu era gay para meus amigos, até porque iriam surgir perguntas desnecessárias, e por um motivo óbvio, nenhum deles sabia que eu era o garoto da história do famoso Luke Skywalker. E se dependesse de mim, ninguém saberia.

- Eu vou pra casa. - disse ao perceber que voltei a entrar em transe. - Estou sentindo que amanhã vou acordar com ressaca.

- Eu te levo. - disse Cole já levantando da cadeira.

- Não tudo bem. - comentei enquanto fazia sinais com as mãos. - Estou ótimo, posso ir a pé.

Deixei-os sozinhos enquanto eu saia lentamente daquele lugar. A porta pareceu convidativa, e ao passar por ela, vi uma rua vazia e com uma pouca movimentação de carros. Olhei meu relógio e vi que eram quase 23h30min, precisava voltar antes que o porteiro desse a louca.

A poucos metros de casa, vi um homem de terno preto encostado numa limusine parada na esquina. A princípio, não achei que ele fosse de grande importância, mas ao dar o primeiro passo na direção do meu condomínio, comecei a achar estranho. Cheguei a dar alguns passos mais rápidos para que o porteiro já se tocasse e abrisse o portão, mas o homem misterioso parecia tão confiante de que me alcançaria que decidiu ir ainda mais devagar, igual a um tremendo cavalheiro. O porteiro me viu e abriu o portão, e quando fui entrar o senhor suspeito me parou colocando sua mão à minha frente.

- Boa noite Maxwell. - disse ele olhando fixamente para mim com aqueles olhos castanhos bem clarinhos. - Podemos conversar?

Deixei que ele subisse junto comigo, mas aquilo me deixou meio desconfortável, pois o homem além de ser muito gato, ainda vestia aquele terno maravilhoso que deixava seu ar de misterioso ainda mais assustador.

Chegando ao meu devido apartamento, deixei que ele entrasse antes de mim, para que eu fechasse a porta. O homem não parecia nem um pouco animado, e sua cara de empresário complicava ainda mais tentar adivinhar quais eram suas reais intenções.

- Podemos conversar sobre seu namorado Luke? - perguntou ele, permanecendo-se em pé.

- Me desculpe, mas eu nem te conheço.

- Sinto muito. - disse enquanto pegava algo no seu paletó. - Meu nome é Gregory Taylor e sou um grande empresário da Lightness Editora, mas pode me chamar de Greg.

- A empresa que publicou o livro do Luke. - comentei sentando-me no sofá.

- Exatamente. Como você já deve ter visto, não é só você que acha estranho o Luke ter alcançado o sucesso tão rápido.

- Você sabe como ele alcançou?

- Meu irmão. - disse ele tentando não transparecer raiva. - Ele é o atual gerenciador de todas as atividades da empresa e empresário oficial do Luke.

- Está querendo dizer que Luke só é famoso por causa de seu irmão?

- Acho que fui bem claro quanto a esse aspecto.

- Sinto muito, eu queria deixar claro que não sou mais o namorado do Luke, e que as decisões dele não me interessam mais.

- É uma pena ouvir isso de alguém tão talentoso quanto você. - disse Greg sentando-se em algumas banquetas do balcão. - Aposto que você não gostou nem um pouco das palavras que ele disse sobre seu amor no programa de hoje, não é?

- Eu concordo com ele, fui eu quem o largou.

- Tem certeza que não é isso que ele quer que você acredite?

- Eu não tenho certeza de nada. - disse levantando-me. - Só não quero me envolver mais com Luke Skywalker.

- Está totalmente certo Max, mas aí vem uma teoria bizarra sobre você. Luke foi bem íntimo com você, mas você o chutou, pois achou que essa intimidade já não era mais a mesma, e com isso, seu namorado decolou sem você. Agora ele está beirando a fama, e você vive normalmente sem ninguém nem desconfiar que você seja o famoso Max da história dele.

- Isso é só uma teoria.

- Uma teoria bem concreta. - respondeu Greg num tom ameaçador. - Talvez você só esteja anônimo porque quer continuar assim, não quer que descubram quem você realmente é. Mas já parou pra pensar como seria horrível se essa notícia vazasse e você ficasse famoso?

- Não faria isso.

- Não se você me ajudar. - disse abrindo um sorriso amedrontador em seu rosto.

- Você é um ser humano terrível.

- Minhas intenções são totalmente justificáveis, então posso dizer que minha consciência está limpa.

Olhei para o rosto lindo daquele homem aparentemente perfeito, e vi nele uma chance de trazer Luke de volta para casa.

- O que eu tenho que fazer?

Greg pareceu surpreso com a pergunta, mas ao mesmo tempo, estava muito contente por ter conseguido o que queria.

- Quero que me ajude a tomar a empresa do meu irmão. E quero que use o Luke para chegar perto dele.

- Por que usar o Luke?

- Porque ele é a única pessoa próxima o suficiente dele. Ou pensou que meu irmão fosse só empresário dele?

Olhei para seu rosto e vi o olhar de quem sabia o que significava.

- Não é possível! - disse já me exaltando. - Luke não faria isso pra conseguir publicar seu livro, ainda mais agora que eu fico vigiando ele.

- Uma coisa como essa não pode ser noticiada, e como a internet costuma ter várias pessoas enxeridas, era mais fácil se esconder e não deixar evidente o que temos certeza de que não aconteceu por causa do talento nato de nosso jovem amigo Luke.

- Pare de falar como se ele fosse um pedaço de carne, pois ele não é!

- Não sou eu quem está usando-o.

Continuei a me exaltar mais ainda, e as lágrimas começavam a descer lentamente.

- O que eu preciso fazer?

- Vá comigo até Berlim. Lá Luke fará o lançamento de seu livro, convença-o a desistir disso. Essa será a última chance dele antes que meu irmão perceba que está tentando ajudá-lo. Assim que tirarmos Luke de perto dele, poderei enfrentar meu irmão cara a cara e retomar os negócios da empresa.

- O que eu ganho se te ajudar? - perguntei mesmo sabendo que Greg parecia odiar muito o meu ex-namorado.

- Não posso garantir fama, então posso lhe dar uma vida sossegada com seu namorado e todo dinheiro que requerer da nossa empresa por três meses.

- Pouco.

- Faça uma oferta.

- Eu penso em uma até lá. - disse indo até a porta para que Greg saísse de meu apartamento.

Ao Infinito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora