Após passarmos algumas horas abraçados, Luke tinha adormecido em meus braços, e eu só pensava em como ajudar ele a sair dessa enrascada. Ninguém mais poderia ajudá-lo. Mas apesar da preocupação, eu estava feliz de ter Luke em meus braços. Como se nada tivesse mudado.
Aproximei meu nariz de sua nuca e dei uma cheirada no cabelo dele. Um estranho cheiro de nozes, folhas de outono caindo junto aos ventos e um leve cheiro de bolo de fubá saído do forno.
Meus olhos novamente lacrimejaram, mas foi de alegria. Não conseguia conter a felicidade de estar com Luke novamente comigo.
Assim que me aproximei novamente para cheirar o cabelo de Luke, ele acordou, e já foi se levantando do meu colo.
— Então, você tinha me dito que pensou em algumas coisas estranhas assim que chegou aqui. Que coisas estranhas foram essas? — Perguntou Luke sentando-se ao meu lado e colocando a mão sob meu braço direito.
Reparei naquilo por alguns segundos, e um turbilhão de emoções e memórias vieram à minha mente. Luke reparou na expressão que eu fiz quando ele demonstrou esse gesto, e imediatamente tirou sua mão do meu braço.
— Eu achei que esse prédio fosse o lugar onde o apartamento do Greg ficava, mas pensei imediatamente que seria uma loucura.
— Não seria loucura — comentou ele sério e com um olhar preocupante —, aliás, seria loucura não acreditar que os irmãos gêmeos não teriam apartamentos no mesmo prédio.
— Quer dizer que faz sentido o que eu achei?
— Faz sim, podemos verificar isso agora para ter certeza — comentou Luke levantando.
Para a minha tristeza e desespero de Luke, a porta começou a fazer barulho de chave entrando na maçaneta.
Sem tempo para falar nada, Luke só apontou para o quarto e eu corri sem nem esperar algum sinal ou algo do tipo.
Jimmy tinha entrado no apartamento, e como eu estava debaixo da cama e a porta do quarto permanecia aberta, tentei me aproximar do canto para ouvir melhor a conversa dos dois.
— Jimmy, você aqui? — Perguntou Luke um pouco nervoso na voz.
— Sim, eu preciso te ver pelo menos uma vez não é mesmo?
— Você disse que daria o meu tempo.
— Já te dei dois dias para andar livremente sem eu te perturbar. Mas agora eu estou aqui, e preciso de você.
Eu não vi o que Jimmy tinha feito com ele pelo meu campo de visão ser bem limitado, mas por ter levantado a sua mão, presumi que ele passara ela no rosto de Luke.
Deu vontade de sair de baixo da cama e socar Jimmy até ele não ter mais condições de andar ou até viver, mas para ajudar Luke, precisava dele inteiro, por enquanto.
— Vamos comer alguma coisa primeiro? — disse Luke.
Dava para ver pela voz dele que ele estava nervoso, com medo de que eu seja descoberto. Mas esse medo dele só ia ajudar o Jimmy a me encontrar.
— Claro — respondeu ele. — Vou pedir uma comida mexicana para nós dois, o que acha?
— Eu não gosto de comida mexicana.
— Achei que gostasse. Quer uma pizza mesmo?
— Melhor.
Fiquei escutando aqueles dois comerem enquanto meu estômago roncava. Mas sair dali não era uma opção. Continuei então na minha até que os dois terminaram e Jimmy jogara a seguinte frase para Luke:
— Vamos para o quarto.
Vi os pés de Jimmy e de Luke entrando no quarto e acendendo a luz.
Eu não conseguia acreditar que eu teria de ouví-los transando enquanto meu coração era despedaçado por saber que o homem da minha vida estava bem em cima de mim dando para outro homem.
Jimmy então jogou Luke na cama, e eu só consegui sentir ódio em meu coração. A cada gemido que Luke dava, eu me sentia ainda mais impotente, menos amado, e com certeza, com um ciúme mortal. Eu estava quase socando Jimmy no rosto, mas as lágrimas que caíam eram mais fortes que qualquer ódio que eu pudesse sentir naquele momento.
Apesar de não parecer, ouví-los transando me fez lembrar de quando eu e Luke brigamos. Justamente pela questão de sexo. Não estávamos fazendo nada, e tínhamos pouca intimidade. Eu até hoje acredito que tenha a ver com o livro, mas essa falta de amor, carinho e desejo, despertou em mim uma rejeição, um sentimento de impotência e insatisfação.
"Porque eu estou pensando nisso?"
Escutei os gemidos do Luke enquanto a cama balançava.
"Ah, por isso."
***
Eu já não sabia quanto tempo havia se passado desde que eles terminaram e Jimmy capotado na cama, mas ouvi alguém se levantando, e fiquei feliz ao ver o rosto de Luke aparecer.
— Vem. — sussurrou ele.
Saí dali o mais suave possível, para não ser percebido por Jimmy, que parecia que ia acordar a qualquer instante.
Luke então me levou até a porta do apartamento e, antes que eu pudesse sair ele segurou meu braço.
— Desculpe por isso — disse ele —, não queria que visse ou ouvisse. Mas você sabe que eu só fiz aquilo porque fui obrigado, não sabe?
Balancei a cabeça afirmativamente e ele olhou para mim com ternura.
— Aquilo não significou nada...
Luke então se aproximou do meu rosto e me beijou. Senti meu rosto queimar, e retribui o beijo da mesma maneira, demonstrando todo o amor que ainda sentia por aquele garoto.
— ... mas isso significou — completou ele me dando um beijo na bochecha e me desejando boa noite.
— Boa noite Luke.
Queria ter dito eu te amo, mas senti que estava me precipitando, aliás, Luke ainda não era 100% meu.
Só saí dali pegando o elevador, e subindo para a cobertura, determinado a descobrir se nós estávamos tão próximos quanto eu achava.
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Ao Infinito (Romance Gay)
Novela JuvenilSinopse: Luke já está formado e se deu bem em sua atual carreira de escritor. Ele e Max não estão mais juntos, e o mesmo já evita qualquer meio de contato com ele. Quando um homem estranho contata Max afirmando que Luke está fazendo uma besteira abs...