Conversa

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Uma lágrima caiu do meu olho e eu não aguentei, saí dali o mais rápido possível sem nem olhar para trás. Ver Luke ali beijando aquele homem era repugnante, e eu não queria ver aquela cena nem de graça.

Uma oportunidade. Somente uma oportunidade e acabei me ferrando ainda mais. Luke não é mais o mesmo e já estava mais do que claro que ele não me amava. E a pior parte é que Greg está no meio disso. Ou será que é o irmão dele? Não importa! Foi errado de qualquer forma.

Sentei nas escadas da frente e comecei a olhar as imensas luzes dos prédios altos que preenchiam Berlim. Meus pensamentos estavam a mil, e eu sentia uma dor enorme em meu coração. Não acreditei no que tinha visto, mas insistia em ficar remoendo aquela cena várias e várias vezes.

Peguei meu celular no meu bolso e disquei o número disquei o número de Cole. Tocou uma, duas, três vezes antes de ele atender.

– Max? – senti o cansaço na voz dele, Cole provavelmente estava dormindo. – Sabe que horas são?

– Eu sei, me desculpe. – Minhas lágrimas começaram a cair e ele rapidamente percebeu minha voz de falhando.

– O que houve? – perguntou preocupado.

– Eu o vi com ele.

Agora eu estava chorando muito.

– Eu vi o Max beijando o Greg.

– Como assim?! – percebi que Cole estava chocado.

– Foi uma péssima ideia eu ter vindo. O que eu achei que aconteceria? Achei mesmo que o Luke ia simplesmente me ver e voltar para mim? Eu sou um idiota mesmo!!

– Calma Max. Você foi para Berlim ajudar o Luke a voltar para casa, ninguém disse que seria fácil.

– Eu só queria falar com ele.

– Por que saiu da festa então? – perguntou Cole. – Seria a chance perfeita para falar com ele.

– Não aguentei ver aquela cena dos dois se beijando.

– Se ama mesmo o Luke, eu sugiro que volte para a festa e confronte-o. Não tem como saber como ele se sente antes de perguntar.

– Você é o melhor amigo do mundo.

– Eu sei cara. Eu sei.

Desliguei o telefone e voltei a olhar para a rua. Sabia que se voltasse para a festa teria que enfrentar o Luke e a essa altura era melhor do que ficar do lado de fora sofrendo sozinho. Levantei-me e fiquei parado ali de pé. Respirei fundo e então voltei para dentro, fazendo questão de ir direto para a mesa de bebidas. Meu coração estava a mil, e os nervos subiram rapidamente. Olhei para os lados e não o encontrei de primeira então resolvi voltar às bebidas.

Quando me virei para o lado, lá estava ele, me encarando como se tivesse visto um fantasma. Luke Skywalker estava lindo, e eu fiquei mais nervoso por ele ter me notado.

– Max? – perguntou ele surpreso.

Respirei fundo. Tentei dizer alguma coisa, mas fiquei trêmulo, então larguei o copo de bebida e fui para o banheiro. Chegando lá, corri para uma das cabines e fechei a mesma atrás de mim. Ouvi alguém entrar, mas permaneci ali dentro. Ao ouvir a voz dele me chamando, comecei a tremer novamente. Não queria me encontrar com ele, essa era a verdade. Não saberia o que falar nem se fosse tudo combinado. Ele então parou na frente da cabine, deixando bem a mostra os seus sapatos sociais caríssimos.

– Max. – disse ele calmamente. Era tão bom ouvir sua voz de novo, mas o calor dentro de mim me fez recuar. – Abre a porta por favor?

Após alguns segundos, minha mão fez o que eu não queria que ela fizesse. Seria difícil explicar para ele o motivo pelo qual fugi. Ele me encarou. Dessa vez, eu olhei diretamente em seus olhos, do mesmo jeito que fazíamos quando estávamos juntos.

– O que está fazendo aqui?

Permaneci em silêncio por alguns segundos, tentando encontrar algum sinal de que o velho Luke ainda estava ali.

– Eu vim passar as férias aqui. – menti.

– Está mesmo mentindo para mim?

Infelizmente era verdade: o Luke não era mais o mesmo, porém, dei um pequeno sorriso para mostrar que ainda estava feliz por vê-lo.

– Queria não estar envergonhado. – comentei.

– Bom, esta é a festa de lançamento do meu livro, eu que deveria estar nervoso.

Não acredito. Como ele ainda consegue colocar essa droga de livro acima de tudo? Nós nem tocamos nesse assunto!

Fechei o sorriso por alguns segundos antes de me despedir dele e sair do banheiro em direção ao salão de festas. Encontrei Greg assim que peguei outro copo com alguma bebida alcoólica.

– O que aconteceu? – perguntou ele.

– Ele é um idiota, foi isso que aconteceu. – respondi grosseiramente enquanto bebia em um gole só todo o conteúdo daquele copo. – Dá para a gente ir embora?

– Você pelo menos conversou com ele?

– Para quê? Para ele ser um babaca que não liga para ninguém a não ser ele mesmo? Eu já passei dessa fase. Por favor me leva embora.

Apesar de Greg insistir para que eu ficasse com ele naquela festa, o que eu mais queria era ir embora daquele lugar o mais rápido possível, antes que Luke viesse me contar sobre como a sua vida é incrível. Saímos de lá e fomos direto para a limusine. Observei os lugares pelos quais passávamos e percebi que não chegávamos ao prédio onde Greg morava.

– Para onde estamos indo? – perguntei.

– Um lugar para relaxar.

Quando a limusine finalmente parou, o motorista abriu a porta para nós dois. Ao ver o lugar mais de perto, fiquei chocado com tamanha beleza. Era um lago. Um lago enorme para se dizer o mínimo. A pequena praia ao redor era linda, e como estava à noite, a movimentação diminuíra. Uma floresta se estendia por um rio que dava continuidade ao lago.

– Que lugar é esse?

– Tegeler See. – respondeu ele com animação na voz. – Um dos lagos mais famosos de Berlim e, particularmente, o meu favorito.

– É lindo. – disse enquanto observava a luz da lua iluminar a água.

Greg tirou seus sapatos e seu terno, sentando-se imediatamente na areia. Ele olhou para mim, sugerindo que eu fizesse o mesmo para não parecer um idiota. Tirei os sapatos e meu terno também, e sentei ao lado dele. Nós dois ficamos em silêncio por alguns segundos antes de Greg acabar com a paz.

– Sinto muito pelo Luke. – disse olhando fixamente para mim. – Não achei que ele fosse ser um babaca com você.

– Não esperava menos dele.

Pensei um pouco antes de perguntar.

– Foi você que beijou o Luke? – perguntei de vez.

– Não. – respondeu após me encarar.

– Demorou para responder.

– Foi o meu irmão Jimmy.

– Como posso ter certeza de que não foi você?

Greg então se aproximou do meu rosto e tentou me beijar, mas afastei rapidamente, deixando-o um pouco envergonhado.

– Me desculpe. – disse ele tentando disfarçar a vergonha.

– Vamos embora. – respondi firme pegando meus sapatos e indo em direção à limusine enquanto ele continuava sentado.

Ao Infinito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora