Croissant

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Tentei me manter em silêncio durante todo o caminho de volta, e Greg sabia que eu estava de alguma forma chateado com o que ele fizera. Apesar de eu esperar que tivéssemos uma volta para o apartamento totalmente tranquilos, nada podia ser da forma que eu queria, não quandl Greg estava comigo.

— Olhe, me desculpe por ter feito aquilo, eu sou uma pessoa muito ligada à esse sentimento de que tudo pode ser resolvido com novos caminhos.

— Meu Deus! — Falei tão alto que o motorista ouviu lá da frente da limusine. — Você não consegue ficar em silêncio?

— Eu só não quero que você se sinta pressionado.

— Gregory, de verdade, a última coisa que eu estou sentindo agora é pressão, — comentei sem nem tirar os meus olhos da janela, que viam a linda paisagem da cidade de Berlim — e sinceramente, você não pode brincar com os sentimentos das pessoas quando elas estão em momentos delicados.

— Eu nunca brincaria com você Max.

— Por que você me trouxe aqui? Para me fazer ver o Luke com outras pessoas e depois tentar me seduzir? Eu não posso ter sido tão idiota a esse ponto.

— Não Max! — Gritou ele em alto e bom som para fazer com que eu virasse meu rosto e visse como ele me olhava friamente. Aquele lindo sorriso maligno dele agora tinha se tornado uma medonha expressão de fúria. — Tudo que eu quero é que você tire o Luke da minha empresa!

— Você poderia ter feito isso sozinho.

— Eu preciso lhe informar que somente você pode tirar o Luke das garras do meu irmão?

— Só eu?

— Como acha que Luke viu você? Eu o indiquei para ir até a mesa de bebidas para poder dar uma espiadinha com os próprios olhos.

— Então quer dizer que VOCÊ beijou ele?

— Eu nunca beijaria o Luke, porque quem eu quero está na minha frente.

De repente a limusine parou e eu abri a porta sozinho.

— Pode ter certeza de que a mim você não terá — disse fechando a porta e entrando no hotel.

Greg não disse uma palavra depois daquilo, e eu me perguntei somente onde eu iria dormir.

— Eu só tenho a minha cama, mas eu prometo que não farei nada com você. Dormirei de um lado e você do outro. — Mencionou Greg como se lesse a minha mente. — Mas se quiser eu durmo no sofá, sem problema nenhum.

— Não, para com isso! A casa é sua, não deixarei que durma no sofá.

Tirei meu terno caríssimo que ganhei de Greg, e fui aos poucos ficando somente de cueca. Eu durmo dessa forma, desculpe. Aquele lindo riquinho me olhou de cima abaixo da mesma forma que eu o olhei quando o vi somente de cueca.

— Sem tocar, escutou? — Reforcei a afirmação dele para não haver enganos futuramente.

— Sem toques — repetiu.

Entrei no quarto e me joguei naquela cama de casal macia demais. Parecia ter sido feita de linho e seda de tão macios que eram os seus lençóis.

— Boa noite Max — disse Greg deitando plenamente do seu lado, educado como sempre foi.

Fechei os olhos após me cobrir com aquele lençol macio, e quando pensei que eu estava quase dormindo, Greg abre sua boca para me falar exatamente essa frase:

— Você fica gato demais de cueca.

Dei um pequeno sorriso antes de cair de vez no sono.

***

No dia seguinte, já acordei ligando para Cole, que parecia ainda mais confuso do que eu sobre Greg ter me beijado e ter me visto de cueca antes de dormir na mesma cama comigo.

— Olha, tu foi aí para resgatar o Luke e não para dar em cima do chefe!

Cole parecia determinado a me colocar no eixo.

— Eu briguei com ele ontem, mas ele foi tão fofo comigo, que eu acabei nem ligando. Só fiquei, — dei uma breve pausa — feliz.

— Luke, Max! Luke! Sua missão está mais clara e óbvia que tudo. Se eu tiver que ir até Berlim para te dar um tapa na cara, pode ter certeza de que eu vou.

— Cole, eu sei o que eu disse, mas o Luke é um babaca comigo e sempre foi. Amor de adolescência não dura, por isso precisamos nos reerguer e ir em frente. Esse Greg pode não ser o amor da minha vida, mas eu posso tentar pelo menos né?

— Max, eu irei até Berlim te dar um tapa na cara, falou.

Cole desligou na minha cara, e eu não entendi o motivo, mas deixei o celular de canto e comecei a tomar meu café. Quando percebi, vi aquele corpo sarado e musculoso se espreguiçar antes de entrar na cozinha somente de shorts, mas este era de cor vermelha, o de ontem era cinza. Gente rica tem uma variedade exorbitante de roupas!

— Bom dia — disse Greg pegando um croissant na mesa e sentando-se ao meu lado. — Dormiu bem?

— Maravilhosamente. A sua cama é incrível e muito macia. É tão gostosa para dormir.

— Fico feliz que tenha apreciado.

Após comer alguns pedaços do croissant e tomar uma xícara de café, Greg olhou nos meus olhos, e eu senti um calor que não pude explicar.

— Como hoje eu terei de estar na empresa para trabalhar hoje, eu vou deixar meu cartão de crédito com você para que desfrute do seu dia e saia um pouco. Eu preciso resolver algumas coisas e só irei voltar de noite. Você pode gastar o quanto quiser, sem medo nenhum, mas espero não ter que te buscar em algum bar no meio da noite.

Fiquem meio sem graça e dei uma risadinha.

— Essa última parte foi piada, me desculpa.

— Não precisa pedir desculpas, eu me descontrolei aquele dia. Acho que nem vou usar o seu cartão, vou ficar por aqui mesmo.

— Não ouse, eu insisto que saia pelo menos para conhecer a cidade. Pode gastar o quanto quiser, eu insisto. Sua experiência aqui precisa ser a mais alegre possível.

Eu não tinha concordado em usar cartões de crédito ou visitar a cidade, mas aquele olhar me penetrou de uma forma engraçada e um pouco vergonhosa, porque eu não esperava que depois de ter praticamente gritado com ele na noite passada, tudo iria se resolver e eu poderia começar a talvez pensar na possibilidade de criar qualquer tipo de sentimento pelo Greg. Era cedo para admitir, mas tinha algo naquele olhar que me encantara, e eu me convenci daquilo na noite passada.

Greg se arrumou e pegou sua maleta. Saiu para o trabalho como um foguete e me deixou ali sozinho naquele apartamento enorme. Depois de remexer em alguns discos e mudar algumas centenas de canais na TV, peguei meu celular e vi uma mensagem que eu tinha recebido de um número que há algum tempo eu pensei nunca mais ter, Luke.

"Você ainda está em Berlim? Eu quero sair para conversar com você."



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Pequena nota:

A partir da semana que vem serão lançados capítulos todas as semanas, obrigado muito pela leitura de vocês e até o próximo capítulo.

Ao Infinito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora