Cafeteria

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Fiquei desesperado, pois não entendi direito se aquela mensagem era real ou apenas uma alucinação. Por via das dúvidas, olhei novamente e estava lá, Luke tinha mesmo me mandado uma mensagem.

Respondi rapidamente o SMS perguntando para ele onde poderíamos nos encontrar, apesar de boa parte de mim achar que aquilo era errado.

Poucos segundos depois ele me mandou o endereço, então fui correndo para o quarto e vesti meu terninho, que era a única roupa que eu tinha até o momento, e segui para o elevador de uma forma muito chique e extravagante para a ocasião.

Enquanto o elevador tocava aquela música chata que só faz a gente pensar na vida, desviei meus pensamentos para todas as coisas que eu poderia falar para Luke, e todas elas eram relacionadas ao nosso término, ao lançamento do livro, e ao que eu sentia por ele não ter tentado manter contato comigo.

Meus pensamentos me levaram tão longe que nem prestei atenção no elevador que tinha se aberto no térreo e quase se fechou novamente.

Cheguei até o motorista particular de Greg, e pedi que ele me levasse até o endereço que Luke me informou. Como eu não conhecia a cidade muito bem, era meio difícil eu explicar onde era, mas por sorte o motorista sabia exatamente onde ir.

Só entrei na limusine e fiquei contando os segundos para me encontrar com Luke.

***

Assim que chegamos, observei bem a fachada do lugar: uma cafeteria. Mas não era uma cafeteria qualquer, ela era um pouco decadente, e muito feia por fora. Fiquei me perguntando se era mesmo esse lugar, mas antes que eu pudesse perguntar, o motorista me respondeu:

— É aqui, quer que eu te espere do lado de fora?

— Pode ser — disse um pouco cabisbaixo. — Eu não vou demorar muito.

Saí da limusine e adentrei àquela cafeteria. Eu estava tão nervoso que senti uma gota de suor descendo pelo meu pescoço. Meu coração palpitava e, assim que meus olhos se encontraram com os daquele garoto, o mundo inteiro parou. Fiquei imobilizado por poucos segundos, mas logo respirei fundo e fui de encontro a ele.

Luke estava lindo. Usava uma jaqueta jeans com uma blusa branca por baixo, sua calça também era jeans, só que bem mais escura que a jaqueta, e o cabelo estava penteado para trás, do jeito que costumava usar.

— Oi — foi só o que consegui dizer, mesmo que meu coração quisesse o beijar ali mesmo.

— Como vai Max?

— Eu estou bem, e você? — perguntei.

Luke passou as mãos levemente pelos cabelos antes de um garçom chegar para anotar nossos pedidos.

— Ah, eu vou querer um Machiatto por favor — disse ele ao garçom.

— E você?

— O mesmo que ele — respondi.

O garçom anotou os pedidos e foi até a cozinha para o preparo, enquanto eu esperava que Luke me desse uma resposta da pergunta que fiz anteriormente.

— Eu estou bem cansado na verdade — disse Luke —, muito trabalho.

— Imagino, uma vida de estrela deve ser muito difícil — comentei ironicamente.

— Não é em questão disso, mas não devo me explicar para você, não entenderia mesmo.

— Você não sabe. Acha que me conhece só pelo que escreveu do seu livro, mas sou diferente daquele Max.

— Desculpa se eu te descrevi do jeito que eu te conheci.

— Luke, eu não vim aqui para discutir. Você me mandou a mensagem, provavelmente deve ter algo muito importante para falar comigo.

— Eu fiquei feliz por te ver na festa ontem. Muito feliz.

O garçom chegou interrompendo a conversa ao trazer os Machiattos.

— Bom aproveito — disse ele.

— Obrigada — respondemos em uníssono.

Luke me encarou e eu fiz o mesmo. Sorrimos então e tomamos um gole daquele café. Para o nosso azar, ele estava horrível, e tivemos a mesma reação ao olharmos com desprezo para aquele copo.

— Está explicado o porquê desse lugar ser tão barato.

— Talvez você não devesse ter um escolhido um lugar tão ruim.

— Eu precisava, o Jimmy tem me vigiado esses últimos dias.

— Jimmy? O irmão do Greg? — Indaguei meio confuso.

— Sim, ele mesmo, como conhece eles?

— Eu estou na casa do Greg por enquanto.

— O Greg te chamou para ir na casa dele e você aceitou? — Luke pareceu possesso.

— Sim, eu não tinha lugar para ficar, não poderia ficar zanzando pelas ruas dessa cidade.

— E eu pensei que você não iria me superar tão rápido.

— Do que você está falando Luke? Acha que eu estou com o Greg?

— Só assim explicaria o fato de conseguir me achar na festa.

— Eu achei você sozinho — pensei muito bem antes de dizer a frase seguinte —, eu estava com saudade de você.

Luke ainda estava furioso, e seu olhar demonstrava exatamente isso. Eu estava preocupado de não ser convincente o bastante, mas se eu contasse que Greg tinha me trazido até aqui, ele nunca mais confiaria em mim.

— Luke, eu ainda te amo. E fui incentivado pelos meus amigos a vir atrás de você para que eu pudesse....

— O quê? — Interrompeu. — Tentar se reconciliar?

— Parecia uma ideia ótima na minha cabeça.

— Você é impossível, eu jurei que nunca mais iria te ver depois do que aconteceu.

— Não foi minha intenção Luke, eu estava chateado e você preferiu esse seu livro idiota à mim.

— Eu queria uma carreira para conseguir um futuro para nós dois.

Fiquei em silêncio por um momento. Não me sentia bem ouvindo que a culpa de termos terminado era toda minha, mas no fundo, eu sabia que era, só não queria assumir.

— Me desculpa por isso, eu estava chateado por diversos outros motivos, e descontei em você.

— Não acha que é tarde demais para se desculpar?

— Não, tanto que eu estou aqui agora, querendo que você veja que eu estou com saudade e que vim até Berlim só para que eu pudesse te ver.

— Jimmy me falou que você tentaria me ver em algum momento, disse também que você estaria aqui com o Greg, e olha, ele acertou.

— Não rolou nada entre o Greg e eu. Tudo que eu fiz foi vir até aqui para encontrar você, nada além disso.

— Pois eu acho que você veio aqui para me convencer a mudar meu jeito e voltar para casa, mas eu não vou fazer isso.

— Para de ser assim, eu estou aqui por você! — Gritei.

— Mas eu não!

Assim que Luke gritou essa frase, meu coração foi quebrado em milhares de pedacinhos. Não estava preparado para ouvir aquilo.

Me levantei imediatamente e olhei para o olhar frio que ele me deu.

— E pensar que eu vim aqui porque queria me casar com você — disse tirando aquele olhar frio do rosto dele e colocando um olhar de arrependimento.

Saí daquela cafeteria horrível e vi que o motorista ainda me esperava. Entrei então na limusine e seguimos de volta para o apartamento. Eu não conseguia mais fazer nada.

Ao Infinito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora