Luke segurou com força a minha mão e me arrastou para fora do café antes mesmo do garçom nos servir os biscoitos (ainda bem, porque pareciam horríveis). Eu não entendi bem o que era aquilo, mas fiz o que ele mandou: fui até o motorista da limusine e pedi para ele voltar. O mesmo não entendeu nada do que eu dissera, mas concordou em voltar.
Continuei então à presença de Luke e fomos andando pela calçada.
A todo momento ele olhava para trás e virava para frente de novo, mas sempre segurando a minha mão. Parecia que tinha alguém nos seguindo.
- O que está acontecendo Luke? - Perguntei desesperado.
- Te explico quando chegarmos lá.
Enquanto estávamos andando depressa, quase correndo, observei as lojas ao redor da gente, mas não consegui apreciar muito as roupas da vitrine, pois Luke continuava a andar o mais rápido que ele podia.
***
Chegando ao prédio onde Luke disse que morava, larguei sua mão por um instante e fitei meu olhar. Parecia muito com o prédio onde Greg e eu estávamos.
"Não pode ser!" Pensei comigo mesmo.
Luke percebeu que eu havia parado, e voltou para trás pra novamente pegar na minha mão e me levar para dentro daquele prédio. Eu tinha medo que aquele lugar fosse o lugar que eu tinha em mente.
Assim que entramos, fomos direto ao elevador, e uma vez dentro, Luke já conseguia respirar melhor.
- Graças a Deus. - Disse ele ofegante.
- O que foi tudo isso? - Perguntei esperando que ele já contasse tudo que tinha prometido me contar.
- Estávamos sendo seguidos.
- Por quem?
- Eu estou me fazendo essa mesma pergunta. Não faço ideia de quem seja, mas sei que ele ficou nos olhando por um bom tempo lá no café.
- Você não acha que seria algum fã seu? Ou um paparazzi?
- Não, ele não estava com uma câmera, e com certeza não queria um autógrafo. Estou certo de que quem nos perseguiu queria algo a mais.
O elevador parou no 15° andar.
"Bom, parece que o Jimmy não pode oferecer a cobertura para o Luke." Pensei. Na mesma hora que meu comentário fez sentido, a minha cabeça me levou ao que eu pensara sobre o prédio em que estávamos.
"Não podia ser o mesmo? Podia? Era possível que eu e Luke estivéssemos morando no mesmo lugar sem saber?" Esse pensamento me assustou completamente, não só por ele não ter comentado nada comigo, mas por Greg não ter me contado sobre esse fato.
O pensamento me levou para longe, mas Luke me trouxe de volta a realidade ao estalar seus dedos na frente do meu rosto.
- Ficou em transe, não é?
- Sim, pensei em algumas coisas estranhas.
- Quer alguma coisa para beber? Água?
- Quero sim, obrigado.
Luke foi até a cozinha, e voltou em seguida com um copo cheio de água.
- Então Luke - disse entre um gole de água e outro -, o que está acontecendo com você de tão sério que não pode me contar?
- Nada. - Luke hesitou.
- Ah, pare, não pode me chamar até sua casa para dizer que não está acontecendo nada.
- Eu disse que você não poderia me ajudar.
- Luke, foda-se se você pensa que eu não posso te ajudar, eu vou mesmo assim.
Os olhos dele começaram a lacrimejar, e eu percebi que aquilo era sério demais para ele simplesmente me contar.
- Confia em mim - disse segurando a mão dele.
Luke então respirou fundo, e as lágrimas ficaram mais evidentes.
- Então... O Greg provavelmente te contou dos boatos de que eu tinha me prostituído para conseguir alavancar a minha carreira como escritor.
- Sim, ele comentou antes de eu vir para cá.
- Certo. - Luke olhou para o teto, secou suas lágrimas e voltou a me encarar. - Não são boatos.
- Então você realmente transou com o Jimmy só para conseguir lançar um livro?
Luke concordou com a cabeça, e logo em seguida as lágrimas voltaram a cair, em uma quantidade maior.
- É mais complicado do que isso.
Eu não conseguia entender. "Como que transar com alguém por fama é algo complicado?"
- Eu não queria - continuou Luke.
"Eu estava estava errado."
- Eu assinei um contrato pensando ser o contrato com a editora, mas o contrato foi me entregue alguns dias depois de eu já ter assinado - disse ele ainda mais choroso que antes. - Quando perguntei ao Jimmy o que eu tinha assinado, ele me mostrou um contrato de dois anos em que eu era obrigado a ter um relacionamento com ele e transar sem ao menos poder contestar.
"Luke". Pensei com meus olhos lacrimejando.
- Eu basicamente vendi meu corpo para ele. E nem estou recebendo nada em troca disso.
Abracei-o imediatamente, e ambos choramos. Não fazia ideia de como ajudar o Luke, mas precisava fazer alguma coisa. Não poderia imaginar que a situação dele fosse tão séria.
- Não se preocupe, eu vou te ajudar - afirmei enquanto continuava aquele abraço cheio de lágrimas em que nós dois queríamos permanecer.
Por um momento voltei a sentir o conforto do abraço daquele homem, do sentimento que ele me proporcionava, mesmo que fosse só pelo momento triste em que estávamos, nada poderia me tirar aquele sentimento. Um sentimento que eu agora tinha certeza que só sinto pelo Luke.
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Ao Infinito (Romance Gay)
Teen FictionSinopse: Luke já está formado e se deu bem em sua atual carreira de escritor. Ele e Max não estão mais juntos, e o mesmo já evita qualquer meio de contato com ele. Quando um homem estranho contata Max afirmando que Luke está fazendo uma besteira abs...