Voo

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No dia seguinte, um segurança de Greg Taylor tinha ido me buscar de limusine para me levar até o aeroporto, onde voaria de primeira classe até Berlim, lugar onde Luke faria um lançamento do seu então "popular livro". Assim que cheguei lá, meus amigos já me esperavam para se despedirem de mim. Fui até eles e comecei a sessão de abraços de despedida.

― Não se empolga muito lá. ― disse Cole, que tinha um tom impressionável de ironia. Ele provavelmente estava querendo dizer o contrário do que realmente disse.

― Eu vou, pode ter certeza.

Em seguida abracei Pedro e Clarice, que estavam felizes demais por eu reconhecer que precisava ir atrás de Luke. Por último, eu abracei Penélope.

― Reconquiste-o do jeito que puder. ― disse ela enquanto se apoiava em meu ombro.

Assim que me soltei de Penélope, peguei minha mala e andei pelo saguão, antes de dar um último adeus para meus amigos.

***

Entrei no avião e sentei-me na janela. As pessoas demoravam para embarcar, e meu coração se desesperava a cada segundo em que eu pegava meu celular e olhava o horário. Quando a aeromoça passou pelo corredor pedindo para desligarmos nossos aparelhos eletrônicos, me ajeitei na poltrona, desliguei meu celular e comecei a olhar pela janela, esperando o avião decolar. Quando aconteceu, me senti com um pouco de medo com a pressão, mas logo que estabilizamos, fiquei um pouquinho mais seguro. Olhei para as nuvens, tentando comparar elas a qualquer coisa que me fizesse lembrar de Luke. Fiz isso por alguns minutos, até cair no sono.

***

Acordei desesperado, achando que tinha perdido o horário de saída, porém, o avião ainda estava voando.

De repente, um garoto que estava sentado ao meu lado veio puxar conversa comigo.

― Acho que não estamos longe de Berlim. ― disse ele apontando para as nuvens, achando que eu iria ver alguma coisa.

― Eu só vejo nuvens.

― Espera um pouco. ― disse com o dedo ainda apontado para as nuvens.

Alguns segundos depois, e as mesmas começaram a se dissipar, e eu consegui ver a cidade embaixo de nós.

― É lindo. ― respondi me aproximando mais da janela.

― Isso é Berlim. ― disse o garoto.

Olhei para ele, e o mesmo sorria.

― Meu nome é Oliver. ― comentou enquanto me cumprimentava.

― Max.

― O que vai fazer em Berlim?

― Vou encontrar alguém.

― Tem namorada?

Desviei o olhar para as nuvens que continuavam a aparecer, entretanto, em menor quantidade.

― É complicado.

Oliver parou de falar assim que o piloto disse que iríamos pousar. Então senti uma pequena pressão do avião, mas novamente voltei a me sentir normal quando o avião tocou o chão.

Alguns minutos depois, quando tínhamos finalmente parado, tirei o cinto, e peguei minha mala em cima da minha cabeça. Nem cheguei a esperar Oliver, até porque não éramos amigos. Assim que desembarquei, respirei bem fundo, e me senti vivo por alguns segundos. Peguei minha mala e andei pelo saguão do aeroporto até chegar na porta, onde um homem de preto segurava uma placa com meu nome. Fui até ele e perguntei se Greg tinha o contratado para me levar até ele. O segurança só respondeu afirmativamente balançando a cabeça e pegou minha mala, enquanto eu ligava meu celular para ver que horas eram. Entrei na limusine e tentei pegar sinal, mas nada podia ser feito ali a não ser ver as horas.

Fiquei entretido olhando pela janela os diversos estabelecimentos que Berlim nos oferecia. Quando o carro parou, eu olhei meio curioso para o hotel de luxo à minha frente.

O segurança saiu do carro e foi até a minha porta, abrindo-a de modo cavalheiro para mim.

― Obrigado. ― disse cada vez mais confuso.

O mesmo pegou minha mala e foi na frente me guiando por aquele lugar enorme. A recepção era linda, e tudo (até mesmo a água) parecia ser caro. E as pessoas então? Todas com ternos chiques e vestidos sociais, enquanto eu me contentava com aquele trapo que trouxera junto a mim. Fomos até a recepção, onde o segurança disse algo ao recepcionista, e o mesmo lhe deu um cartão, não deixando de reparar em mim. Segui o segurança até um elevador de vidro. Um elevador de vidro! Era algo memorável. Ele então apertou o número 100, o último andar daquele prédio. Não esperei nem mais um segundo, e olhei para trás: a vista maravilhosa da cidade, ficava mais visível a cada andar que subíamos. Enfim chegamos no centésimo andar após alguns minutos reparando a vista. O corredor era extenso, mas era fácil saber que ficaríamos em um dos últimos quartos. O segurança abriu a porta com o cartão que o recepcionista tinha dado a ele. Entrei após ele e vi que aquele lugar era muito lindo: as cortinas chiques, sofás enormes, televisores de no mínimo 80 polegadas, lâmpadas de formatos agradáveis, uma cozinha mais do que completa. Estava com medo de como seria meu quarto. Greg então chegou, vindo de um dos corredores do apartamento. O mesmo estava com toalha de banho e dava para ver todos os músculos que ficavam escondidos por trás daquele terno.

― Eu disse que era para me avisar quando o convidado chegasse. ― disse Greg ajeitando a toalha para que a mesma não caísse.

― Sinto muito chefe. ― respondeu ele, indo para a porta, nos deixando sozinhos.

― Não esperava que chegasse tão cedo, sinto muito não estar apresentável para você. ― disse ele, sentando-se no sofá sem se importar que eu visse aquilo. ― Como foi a viagem?

― Foi boa, não sabia que era tão bom voar na primeira classe. ― respondi tentando disfarçar meu nervosismo.

― Posso trocar de roupa agora se te incomoda.

― Não, está tudo bem, eu não me importo.

Ele deu um sorrisinho maligno e continuou a conversa.

― Como você sabe, Luke irá fazer uma palestra hoje à noite, e preciso que o pegue em um momento desprevenido.

― Como no banheiro.

― Isso. Exatamente como no banheiro.

― Acha que vai dar certo. ― disse enquanto pegava meu celular para ver se conseguia sinal, mas nada.

― Eu tenho um celular com um chip internacional se precisar. ― comentou Greg enquanto se levantava do sofá.

― Precisar eu preciso, mas eu queria ver se meus amigos mandaram mensagem de voz.

― Posso migrar seu número, assim você fica com um chip internacional e pode falar com seus amigos.

― Seria incrível, obrigado Greg.

― Disponha. ― disse ele indo para o quarto trocar de roupa.

Após deixar meu celular na bancada atrás de mim, peguei minha mala, para ver qual roupa de gala eu escolheria para o lançamento, mas ao abrir ela, vi peças de roupa que não eram minhas. Era o que faltava: eu tinha trocado de mala com alguém do avião.

Ao Infinito (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora